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quinta-feira, 1 de outubro de 2015

Juíza provoca tumulto ao realizar visita de inspeção do Batalhão Especial Prisional da Polícia Militar do Rio



Juíza e escolta são agredidos por presos do BEP
Magistrada teve a blusa rasgada em confusão; agentes do BOPE estão no local
Seguranças que acompanhavam uma inspeção especial da Vara de Execuções Penais (VEP) no Batalhão Especial Prisional (BEP), em Benfica, na Zona Norte do Rio, foram agredidos por policiais que estão detidos na unidade. Eles tentavam impedir a entrada da juiza Daniela Barbosa. Segundo as primeiras informações, agentes do Batalhão de Operações Especiais (BOPE) foram chamados ao local pela própria juíza, que decidiu continuar a inspeção. 

A advogada Fabíola, que não quis revelar o sobrenome e disse representar os policiais presos no BEP, reconheceu que um grupo cercou a juíza por não concordar com os métodos usados por ela durante as revistas. 

Segundo o deputado estadual Flávio Bolsonaro (PP), que foi ao BEP após a confusão, o tumulto começou por "motivos banais". De acordo com ele, que conversou com policiais presos e funcionários da unidade, um detido com distúrbios psicológicos teria iniciado o conflito, após a juíza ter se excedido em uma interpelação. Ainda de acordo com Bolsonaro, a magistrada usou termos como "vagabundos" e "milicianos" para se referir aos policiais.  - Ela foi expulsa por policiais, houve agressão física, e isso não se justifica. Mas é preciso saber porque sempre tem alguma alteração quando ela vem ao BEP. Não é a forma correta de tratar as pessoas (a forma como ela trata os presos) - comentou.

A juíza ainda está dentro da unidade, reconhecendo o grupo que a agrediu. Câmeras registraram a ação. Segundo a advogada dos presos, os seguranças da juíza destruíram parte da galeria E da unidade.  Em nota oficial, o Tribunal de Justiça do Rio informa que a magistrada foi verificar, na tarde desta quarta-feira, as condições do Batalhão Especial Prisional (BEP), quando detentos impediram que ela fizesse a revista em uma das galerias. O documento confirma que Daniela também foi agredida pelos policiais que estão presos e que teve a blusa rasgada. Ela foi obrigada a deixar o local e retornou com a segurança do TJRJ e homens do Batalhão de Operações Especiais (Bope). 

Ainda de acordo com o TJ, foi Daniela que determinou a retirada de geladeiras, camas de casal, televisores e aparelhos domésticos que foram vistos em uma vistoria de rotina na unidade. Também foram apreendidos R$ 3 mil em espécie, um celular, engradados de refrigerante e carnes que estavam sendo preparadas para um churrasco entre os presos

Por causa das irregularidades, ela chegou a suspender, temporariamente, as visitas íntimas e de familiares. Na ocasião, sete policiais militares foram encaminhados à corregedoria para explicarem a situação. Ela também determinou prazo de 30 dias para a realização de reformas nas instalações. Em nota, a assessoria de imprensa da Polícia Militar informou que houve um desentendimento entre a juíza e um preso e que a situação já está controlada.

O juiz Eduardo Oberg, titular da VEP, disse que os policiais envolvidos no caso, assim que forem identificados, serão levados em flagrante para a Delegacia Judiciária Militar e de, lá, seguirão para Bangu 1. O BEP conta com 215 presos, entre oficiais e praças. Lá estão detidos, por exemplo, os policiais acusados de envolvimento no desaparecimento do ajudante de pedreiro Amarildo. [os policiais são apenas acusados  - não foram julgados, portanto não são condenados -  e estão presos há mais de dois anos; fossem bandidos comuns, condenados, muito provavelmente, já estariam em liberdade condicional.] 

LINHA DURA
A juíza Daniela Barbosa Assumpção de Souza já foi coordenadora da Fiscalização da Propaganda Eleitoral do Tribunal Regional Eleitoral do Rio (TRE-RJ) e provocou tensão no cenário eleitoral fluminense. Ela costuma ser chamada de Kate Mahoney pelos colegas de toga. O apelido é uma referência à policial durona com os bandidos, personagem da série americana “Lady Blue”, da década de 1980. A juíza jogava duro com os candidatos e acumula um histórico de apreensões e proibições. 

Juíza há 13 anos, Daniela reconhece o perfil que tem. Brinca com seu jeito acelerado até no falar:  - Se eu fosse locutora de corrida de cavalos, terminaria a narração antes da chegada do primeiro cavalo.

Sempre atuou em varas criminais, com duas passagens pela fiscalização eleitoral, em 2008 e 2010 (Teresópolis e Magé). Considera-se responsável pela aposentadoria compulsória do ex-prefeito de Teresópolis Mário Tricano, suspeito de ligações com a contravenção.

Fonte: G 1 

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