Juíza e escolta são agredidos por presos do BEP
Magistrada
teve a blusa rasgada em confusão; agentes do BOPE estão no local
Seguranças
que acompanhavam uma inspeção especial da Vara de Execuções Penais (VEP) no
Batalhão Especial Prisional (BEP), em Benfica, na Zona Norte do Rio, foram agredidos por policiais que estão detidos na unidade.
Eles tentavam impedir a entrada da juiza Daniela Barbosa. Segundo as primeiras
informações, agentes do Batalhão de
Operações Especiais (BOPE) foram chamados ao local pela própria juíza, que
decidiu continuar a inspeção.
A
advogada Fabíola, que não quis revelar o sobrenome e disse representar os
policiais presos no BEP,
reconheceu que um grupo cercou a juíza por não concordar com os métodos usados
por ela durante as revistas.
Segundo o
deputado estadual Flávio Bolsonaro (PP), que foi ao BEP após a confusão, o tumulto começou por "motivos banais". De acordo
com ele, que conversou com policiais
presos e funcionários da unidade, um detido com
distúrbios psicológicos teria iniciado o conflito, após a juíza ter se excedido em uma interpelação. Ainda de
acordo com Bolsonaro, a magistrada usou termos como "vagabundos" e "milicianos" para se referir aos policiais. -
Ela foi expulsa por policiais, houve agressão física, e isso não se justifica. Mas é preciso saber porque sempre tem alguma alteração quando
ela vem ao BEP. Não é a forma correta de tratar as pessoas (a forma
como ela trata os presos) - comentou.
A juíza ainda está dentro da
unidade,
reconhecendo o grupo que a agrediu. Câmeras registraram a ação. Segundo a
advogada dos presos, os seguranças da
juíza destruíram parte da galeria E da unidade.
Em nota oficial, o Tribunal de Justiça do Rio informa que a magistrada foi verificar, na tarde
desta quarta-feira, as condições do
Batalhão Especial Prisional (BEP), quando detentos impediram que ela
fizesse a revista em uma das galerias. O documento confirma que Daniela também foi agredida pelos policiais que estão presos
e que teve a blusa rasgada. Ela foi obrigada a deixar o local e retornou
com a segurança do TJRJ e homens do Batalhão de Operações Especiais (Bope).
Ainda de acordo com o TJ, foi
Daniela que determinou a retirada de geladeiras, camas de casal, televisores
e aparelhos domésticos que foram
vistos em uma vistoria de rotina na unidade. Também
foram apreendidos R$ 3 mil em espécie, um celular, engradados de refrigerante e
carnes que estavam sendo preparadas para um churrasco entre os presos.
Por causa das irregularidades, ela
chegou a suspender, temporariamente, as visitas íntimas e de familiares. Na
ocasião, sete policiais militares foram encaminhados à corregedoria para
explicarem a situação. Ela também determinou prazo de 30 dias para a realização
de reformas nas instalações. Em nota, a assessoria de imprensa da Polícia
Militar informou que houve um desentendimento entre a
juíza e um preso e que a situação já está controlada.
O juiz Eduardo Oberg, titular da
VEP, disse
que os policiais envolvidos no caso, assim que forem identificados, serão levados em flagrante para a Delegacia Judiciária
Militar e de, lá, seguirão para Bangu 1. O BEP conta com 215 presos, entre oficiais e praças. Lá estão detidos, por exemplo,
os policiais acusados de envolvimento no desaparecimento do ajudante de
pedreiro Amarildo. [os
policiais são apenas acusados - não
foram julgados, portanto não são condenados -
e estão presos há mais de dois anos; fossem bandidos comuns, condenados,
muito provavelmente, já estariam em liberdade condicional.]
LINHA
DURA
A juíza Daniela Barbosa Assumpção de Souza já foi coordenadora da Fiscalização da Propaganda
Eleitoral do Tribunal Regional Eleitoral do Rio (TRE-RJ) e provocou tensão no cenário eleitoral fluminense. Ela costuma ser
chamada de Kate Mahoney pelos colegas de toga. O apelido é uma
referência à policial durona com os bandidos, personagem da série americana “Lady Blue”, da década de 1980. A juíza jogava duro com os candidatos e
acumula um histórico de apreensões e proibições.
Juíza há 13 anos, Daniela
reconhece o perfil que tem. Brinca com seu jeito acelerado até no falar: -
Se eu fosse locutora de corrida de cavalos, terminaria a narração antes da
chegada do primeiro cavalo.
Sempre atuou em varas criminais,
com duas passagens pela fiscalização eleitoral, em 2008 e 2010 (Teresópolis e
Magé). Considera-se responsável pela aposentadoria
compulsória do ex-prefeito de Teresópolis Mário Tricano, suspeito de
ligações com a contravenção.
Fonte: G 1
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