Somadas, todas as manobras e mesmo medidas
legais contra a Lava-Jato não resultam no impacto e no risco potencial
para a operação decorrentes da morte do ministro do Supremo Teori
Zavascki, em acidente aéreo ontem em Paraty. Relator da Lava-Jato na Corte, destinatário
de todas as acusações envolvendo pessoas com foro especial, Teori, para
agravar o quadro, morre no momento em que entrava na fase final de
análise dos cerca de 800 depoimentos prestados por 77 executivos da
Odebrecht, inclusive Marcelo Odebrecht, preso em Curitiba, no maior e
mais importante acordo de delação premiada feito na operação.
Por ser a maior empreiteira envolvida no
esquema de corrupção, com ramificações no exterior, esses testemunhos
são vitais para esclarecer o esquema e sua vinculação com petistas e
peemedebistas, principalmente, e também com possíveis estilhaços sobre o
oposicionista PSDB, o PP e outros partidos. O caso interessa inclusive a
países latino-americanos em que a Odebrecht recebeu ajuda de Lula para
ganhar concorrências, também lubrificadas por propinas.
Acusações de corrupção contra Lula devem
ganhar forma com essas delações. O mesmo ocorre na questão do
financiamento ilegal das campanhas políticas de Dilma Rousseff. É por
tudo isso — e mais o que se perde sem a capacidade do ministro de tomar
decisões sempre sustentadas em cortantes argumentos técnicos, num
processo de profundas implicações político-eleitorais como este — que a
Lava-Jato se torna a grande perdedora com a morte de Teori Zavascki.
É prioritário, portanto, na substituição de
Teori na relatoria do caso, que a mesma linha de trabalho do ministro
seja preservada. Por isso, de imediato, precisa ser afastada pela
presidente da Corte, ministra Cármen Lúcia, e seus pares a possibilidade
de o novo relator ser escolhido por sorteio. Não se pode jogar na
roleta da sorte ou do azar assunto tão importante, com sérias
implicações para o país. [o que pega é que um relator escolhido sempre carregará alguma suspeição.
Exemplo:
- dar a relatoria ao sucessor do ministro traz alguns inconvenientes, entre eles de que Temer, citado na Lava-Jato em vários depoimentos, poderia efetuar a indicação de alguém que concordasse em 'esquecer' as citações;
Quanto a escolher um novo ministro, entre os atuais, para relator, deixaria o autor da escolha e o próprio escolhido sob suspeitas.
Deixar por conta do sorteio é a maneira mais isenta de escolha.]
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