Determinar o uso das Forças Armadas para fazer varreduras em
presídios com certeza tem força retórica midiática e pode até, em
momentos de convulsão como os que vivemos, trazer algum resultado
prático. No entanto, imaginar essa medida como parte de um plano
nacional de segurança beira a infantilidade. A melhor forma de as Forças
Armadas contribuírem para o enfrentamento do crime organizado que
domina as penitenciárias brasileiras está exatamente em uma das razões
maiores de sua existência: a vigilância de nossas fronteiras. É sabido
por gregos e troianos que o tráfico internacional de drogas e de armas é
a principal fonte de energia dessas facções criminosas. Também é de
conhecimento público o fato de que uma organização criminosa só é
derrotada ou perde consideravelmente sua força na medida em que é
atacada em sua base financeira.
Ou seja, não é preciso nenhuma mudança
jurídica ou decreto especial para que Exército, Marinha e Aeronáutica
possam ajudar efetivamente na luta contra as facções reinantes em nossos
presídios. Se cumprirem o dever constitucional de zelarem pelas
fronteiras, nossas Forças Armadas certamente terão um papel muito mais
efetivo na guerra contra o crime organizado. Drogas, armas e contrabando
de toda a espécie encontram em nossas fronteiras um terreno fértil para
uma movimentação muitas vezes descarada.
Uma política de segurança vai muito além da forma como usar as Forças
Armadas ou as polícias. Os fatos que insistem em desfilar pela nossa
frente desde a virada do ano indicam que a simples construção de
muralhas ou o aumento no efetivo do pelotão responsável por vigiar essas
muralhas não conseguem manter a paz nem aos que se encontram do lado de
dentro e nem aqueles que estão do lado de fora dos presídios.
O poder
exercido pelas facções criminosas está dentro e fora das penitenciárias.
A história ensina que o crime só se organiza onde há carência de
Estado. Há alguns anos, o exemplo mais notório que tínhamos de crime
organizado no Brasil eram os bicheiros. Com a ausência do Estado nas
comunidades mais carentes, os contraventores ofereciam saúde, educação,
transporte, esporte. Distribuíam propinas, financiavam o Carnaval e
campanhas políticas de diferentes partidos. Conquistaram respeito das
comunidades e muitos eram tratados como celebridades.
O jogo do bicho perdeu espaço para as loterias oficiais e parte da
estrutura montada pelos bicheiros caiu nas mãos do tráfico. Hoje, os
associados e simpatizantes do PCC ou outros grupos recebem mais dos
criminosos do que do Estado. E uma efetiva política de segurança só dará
certo se for capaz de fazer o Estado reocupar o seu espaço, com saúde,
educação, lazer, esportes etc. O problema, como se percebe, é muito mais
do que um caso de polícia. Um plano nacional de segurança envolve
necessariamente diversos setores do Estado e não apenas do Executivo.
Não pode se resumir a dotações orçamentárias, a distribuição de forças
especiais e a construção de novos presídios. Assim, será como enxugar
gelo. E essa não é uma questão de ideologia ou de direitos humanos. É
uma questão de civilidade e de um pouquinho de inteligência.
Fonte: Editorial - Mario Simas Filho - diretor de redação da revista ISTOÉ
Este espaço é primeiramente dedicado à DEUS, à PÁTRIA, à FAMÍLIA e à LIBERDADE. Vamos contar VERDADES e impedir que a esquerda, pela repetição exaustiva de uma mentira, transforme mentiras em VERDADES. Escrevemos para dois leitores: “Ninguém” e “Todo Mundo” * BRASIL Acima de todos! DEUS Acima de tudo!
sábado, 21 de janeiro de 2017
Dos bicheiros ao PCC, onde está o Estado?
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