Inflação abaixo do teto em 2016 e sinais de que a crise econômica resiste encorajaram a autoridade monetária a diminuir mais rapidamente a taxa básica de juros
Em meio a sucessivos números ruins, que reforçam, mês a mês, a gravidade da crise econômica brasileira, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou uma boa notícia nesta quarta-feira (11): a inflação de 2016 veio abaixo do teto da meta, em 6,29%.
Com o alívio vindo da variação de preços, o Banco Central (BC) reagiu e, no mesmo dia, acelerou o ritmo de cortes da taxa básica de juros. Após dois cortes seguidos de 0,25 ponto, no fim do ano passado, desta vez a redução foi de 0,75 ponto, o que levou a meta da Selic a 13% ao ano. A decisão é um alento para pessoas físicas, empresas e governo.
Juros menores barateiam o acesso ao crédito, facilitando o pagamento de dívidas e o investimento produtivo. Reduzindo o gasto das pessoas com o pagamento de juros, mais dinheiro fica disponível para o consumo. “Isso coloca um peso nas decisões de política monetária. A desalavancagem [redução do endividamento] é quase inviável se o BC não praticar juros mais baixos”, diz Carlos Kawall, economista-chefe do Banco Safra. A instituição projeta juros de 9,75% ao fim deste ano, um pouco abaixo do consenso do mercado financeiro, em 10%. Para o governo, a mudança alivia o serviço da dívida, que já supera os R$ 4 trilhões e segue trajetória ascendente. Nas contas do especialista em contas públicas Felipe Salto, o governo economiza R$ 25 bilhões por ano a cada ponto a menos na Selic, já que paga menos nos títulos emitidos.
Isoladamente, no entanto, a decisão do BC não representa a solução
definitiva para a grave crise econômica que o país enfrenta. “Não é a
bala de prata que ataca os problemas do Brasil, mas ajuda a dar uma
saída para os balanços de famílias, empresas e União”, avalia Monica de
Bolle, pesquisadora do Instituto Peterson de Economia.
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