Lista suja do trabalho escravo tem que voltar a ser divulgada
A lista com empresas flagradas com práticas análogas à escravidão deixou de ser divulgada pelo governo brasileiro. A última apresentação aconteceu em 2014, como mostrou o “Bom Dia Brasil”. Conhecer os empregadores que praticam esse crime ajudou a limpar a cadeia produtiva brasileira e trouxe resultados comerciais. A lista tem que voltar a ser divulgada.Além de ser uma vergonha, o trabalho escravo também gera prejuízo comercial. Outros países deixam de comprar o produto brasileiro porque aqui se pratica esse crime. A divulgação da lista inibiu os criminosos. Houve um movimento grande, inclusive de supermercados, para não comprar de empresas que usam trabalho escravo. Fornecedores foram pressionados a fazer o mesmo. Os mercados para as empresas criminosas foram se fechando. O representante da Organização Internacional do Trabalho conta que o empregador temia mais a listagem do que as outras punições. Mas o que se tenta seguir agora é a lógica inversa. Os interessados querem esconder a lista para não provocar prejuízo comercial. O certo é divulgar a lista para combater o crime que, além de tudo, fecha as portas para o produto brasileiro.
O Ministério do Trabalho disse à reportagem que um problema de tecnologia impede a divulgação da lista. O crime, nesses casos, não é apenas deixar de assinar a carteira. É colocar em condições degradantes o trabalhador, sem acesso à água potável nem proteção. Mais do que isso, às vezes são flagrados casos de servidão por dívida. A empresa cobra pelo uso de equipamentos que ela mesma é obrigada a entregar ao trabalhador, que passa a ficar em débito com a companhia. Há casos graves em que jagunços armados impedem a saída das pessoas exploradas nesse esquema.
Ao flagrar um caso assim, o Ministério do Trabalho ouve a defesa do empregador e se for confirmada a infração, ele é listado. Caso não cometa novo crime em dois anos, o nome sai da lista. A divulgação da listagem ajuda a inibir a prática.
Fonte: Blog da Míriam Leitão - O Globo
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