O autor de um massacre em 2015 que deixou nove
mortos em uma igreja negra da Carolina do Sul foi condenado à pena de
morte pelo crime.
O jovem Dylann Roof, autoproclamado supremacista
branco, é o primeiro condenado no sistema federal a sofrer pena capital
por crimes de ódio. Ele enfrentava 33 acusações e se representou no
tribunal, não demonstrando arrependimento e nem pedindo abrandamento de
sentença.
Dylann Roof queima a bandeira dos EUA em uma das fotos do site - Reuters
Roof abriu fogo na histórica igreja metodista episcopal africana Madre
Emanuel, em Charleston, na Carolina do Sul, na noite de 17 de junho de
2015. Nove pessoas morreram, incluindo o pastor da igreja, na ação que
foi considerada um crime de ódio contra negros. O suspeito foi preso no
dia seguinte, na Carolina do Norte.
Durante a fase final do julgamento, Roof teve aval para representar a si
mesmo como advogado. No encerramento do julgamento, nesta terça-feira,
disse que não se arrepende de nada que fez, após ser considerado culpado
em dezembro pelas 33 acusações que pesavam sobre ele, entre elas crime
de ódio.
— Ninguém me obrigou — afirmou ele.
Em sua defesa, Roof disse que o ódio sentido contra ele pelas famílias
das vítimas, pessoas em geral, e pelo procurador é similar ao sentimento
que ele teve para com os fiéis. E acrescentou, em um discurso pouco coerente, que sua atitude foi um impulso natural. — Acredito que possamos dizer que ninguém em sã consciência quer ir a
uma igreja matar pessoas. O que digo é que ninguém que odeie alguém tem
uma boa razão para fazer isso — afirmou. — Tenho o direito de pedir a
vocês prisão perpétua, porém não sei de que forma isso serviria. Só um
de vocês precisa estar em desacordo com o resto do júri.
TENTATIVA DE JUSTIFICAR RACISMO
O réu disse, em confissão gravada após sua detenção, que o ataque foi
uma represália pelos supostos crimes cometidos pelos negros contra os
brancos. "Alguém tinha que fazê-lo porque, sabe, os negros estão matando os
brancos toda hora na rua e estão violentando as mulheres brancas", disse
Roof, calmo e sem demonstrar emoções, ao oficial do FBI que o
interrogou.
Três pessoas sobreviveram ao massacre na igreja que era símbolo da luta dos negros contra a escravidão. "Ele os executou porque acreditava que não eram mais que animais", disse
o assistente da promotoria, Nathan Williams, em suas alegações finais,
esta quinta-feira, em um tribunal federal de Charleston. "Suas ações na
igreja são o reflexo da imensidão do seu ódio".
Dylann Storm Roof foi após matar nove pessoas em uma igreja da comunidade negra de Charleston, na Carolina do Sul - REUTERS
O agente do FBI Joseph Hamski testemunhou que Roof tinha visitado meia
dúzia de vezes a igreja nos meses que antecederam o ataque, antes de
fazer o download de um livro da organização racista Ku Klux Klan. Roof documentou estas viagens com fotos, nas quais posou em locais
históricos vinculados à época da escravidão. O jovem publicou muitas
imagens em sua página na internet, que continha um manifesto racista
contra negros e minorias. "A segregação não era ruim", escreveu. "Era uma medida defensiva. Não só
nos protegia de interagir com eles e sermos feridos, mas também nos
protegia de cair ao seu nível".
[a legislação penal dos EUA permite inúmeros recursos e pedidos de clemência dos condenados à pena de morte.
Com tal prática é comum condenados permanecerem por dezenas de anos no 'corredor da morte'.]
Fonte: O Globo
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