Bancada da bala faz nova investida contra Estatuto do Desarmamento
Parlamentares querem aprovar projeto que retira exigências para compra de armas; presidente da Câmara silencia sobre tema
Armas apreendidas durante operação policial no Rio - Fabiano Rocha/ Agência O Globo 16/08/2016
Lamentável que apreendam armas nas mãos de cidadãos de BEM - elas são úteis, necessárias e salvam vidas das pessoas de BEM; bandidos preferem atacar pessoas que sabem estão desarmadas e o Estatuto do Desarmamento oferece essa informação
Numa manobra liderada pelo deputado Alberto Fraga (DEM-DF),
a bancada da bala tentará derrubar nos próximos dias os principais
pontos que ainda mantinham de pé o Estatuto do Desarmamento. Na
terça-feira, depois de uma coleta relâmpago de assinaturas, Fraga
apresentou requerimento à Mesa da Câmara com um pedido de votação em
regime de urgência do projeto 3.772, que relaxa as regras para compra,
registro e porte de armas de fogo. Caberá agora ao presidente da Câmara,
Rodrigo Maia (DEM-RJ), decidir quando a proposta da bancada será
colocada em pauta.
A bancada da bala afrouxou importantes pontos do Estatuto desde que a lei foi aprovada, em 2003. [aprovada em 2003 mas repudiada pela maioria do POVO BRASILEIRO em plebiscito realizado em 2005.] Mas agora, com o recrudescimento de um discurso contra a violência urbana, os deputados decidiram partir para um ataque frontal para eliminar as restrições ao comércio e porte de armas. Pelo projeto 3.722, do deputado Rogério Peninha (PMDB-SC), qualquer pessoa, a partir de 21 anos de idade, poderá portar armas livremente. Basta que, para isso, não tenha antecedentes criminais e não seja reprovado em teste de sanidade mental.
Hoje o porte de armas de fogo é limitado a determinadas categorias e a pessoas que, por questões particulares, comprovem a necessidade de andar armado como medida de autoproteção. O projeto, encampado pela bancada da bala, também dispensa a renovação do registro. Pela proposta, basta ao dono da arma fazer o registro no momento da compra. Hoje o registro deve ser revisado a cada três anos. Essa é uma forma do Estado garantir a atualização de armas perdidas e roubadas.
Essas informações são consideradas essenciais na solução de determinados assassinatos ou em investigações sobre narcotráfico, entre outros crimes violentos. Sem estes dados, as polícias terão mais dificuldades rastrear armas extraviadas e descobrir a identidade de mandantes ou executores de determinados crimes. O projeto da bancada também permite que uma pessoa tenha a posse de até seis armas com o direito de comprar 50 cartuchos por mês para cada uma delas.
Para a coordenadora da ONG Igarapé, Ilona Szabó de Carvalho, o esvaziamento do Estatuto aumentará imediatamente o volume de armas de fogo em circulação e o resultado disso será a explosão dos índices de violência no país. Ela lembra que, hoje, o Brasil já ocupa o primeiro lugar do ranking mundial em números de homicídios por arma de fogo em termos absolutos. Com a previsível expansão do mercado de armas, a tendência seria o aumento de confrontos resolvidos à bala, ou seja, mais mortes. — A aprovação desse projeto seria uma irresponsabilidade — afirma Ilona Szabó de Carvalho.
Na movimentação pelo afrouxamento do Estatuto, a bancada da bala afirma que pessoas comuns precisam e até devem ter armas de fogo em casa, no carro ou nos lugares por onde andam para se defender de eventuais ataques de criminosos. Eles dizem que bandidos armados levam vantagens sobre cidadãos honestos desarmados.— Depois da aprovação do Estatuto, a violência aumentou — afirma o líder do DEM, Efraim Morais (PB), um dos primeiros a endossar a iniciativa da bancada.
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