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domingo, 21 de maio de 2017

Fora Temer, ok, mas para colocar quem?

Há um ano, ele apresentou-se ao país propondo governo de união nacional e tornou-se campeão de impopularidade

Há um ano, quando a rua gritava “Fora Dilma”, se sabia que para o seu lugar iria o vice-presidente Michel Temer. Ele apresentou-se ao país propondo um governo de união nacional e tornou-se um campeão de impopularidade. Prometeu um ministério de notáveis, cercou-se de suspeitos e perdeu dois ministros (Romero Jucá e Geddel Vieira Lima) por flagrantes malfeitorias.

Pode-se não gostar de Temer, mas o doutor chegou à cadeira pelas regras do livrinho. Agora grita-se “Fora Temer”, mas não se pode saber quem irá para o lugar. Pela Constituição, o novo doutor seria eleito indiretamente pelos senadores e deputados. Basta que se ouçam as conversas de Temer, Aécio Neves (presidente do PSDB) e Romero Jucá (presidente do PMDB), grampeadas por Joesley Batista e Sérgio Machado, para se ver que, sem a influência da opinião pública, daquele mato não sai coisa boa.

Por isso é útil que se exponham logo nomes de doutores e doutoras que poderiam substituí-lo. Todos dirão que não querem, mas, olhando-se para trás, só houve um caso de cidadão que chegou à Presidência sem ter pedido apoio a quem quer que seja. Foi o general Emílio Garrastazu Médici, em 1969. Ele chegou a afrontar o sacro colégio de generais, abandonando a sala do consistório, mas essa é outra história. [registre-se que seu Governo foi um dos melhores  do Brasil, desde a proclamação da Independência.]  Todos queriam, cabalando com maior ou menor intensidade. Estão frescas na memória nacional as maquinações de Temer para desalojar Dilma Rousseff.
Se Temer desistir, se o Tribunal Superior Eleitoral resolver dispensá-lo ou se um doloroso processo de impedimento vier a defenestrá-lo, a pergunta essencial ficará no mesmo lugar: quem? E para quê?

A principal obrigação do governo de Michel Temer e de seu eventual sucessor será o respeito ao calendário eleitoral que manda escolher um novo presidente em 2018. Itamar Franco foi o único presidente que assumiu depois de um impedimento e honrou o calendário. Café Filho tentou melar a eleição de 1955 e foi mandado embora. No dia 11 de abril de 1964, quando o marechal Castello Branco foi eleito pelo Congresso, Juscelino Kubitschek e Carlos Lacerda, os principais candidatos à Presidência, acreditavam que disputariam a eleição de 1965. O próprio Castello também acreditava. Nada feito. Os brasileiros só escolheram um presidente pelo voto direto 25 anos depois.

A maluquice do salto em direção ao nada já arruinou a vida nacional duas vezes. Em 1961 e em 1969 os ministros militares, nas versões 1.0 e 2.0 dos Três Patetas, decidiram impedir as posses do vice-presidente João Goulart e Pedro Aleixo. Nos dois casos havia o motor da anarquia dos quartéis. Hoje, essa carta está fora do baralho, mas a anarquia civil está de bom tamanho. A pergunta essencial é a mesma: quem? [entre a aqui chamada anarquia dos quartéis e a anarquia civil de agora (alimentada pela corja lulopetista, que sente falta das benesses de quando governavam - no mais recente milhão de desempregados, estão incluídos uns 100.000 petistas ignorantes que mamavam nos governos Lula e Dilma e que hoje querem seus cargos de volta - empregos, do trabalho os petistas querem distância.]
 
Vale a pena colocar na vitrine cinco nomes que já estão na roda. Aqui vão eles, por ordem alfabética.
Cármen Lúcia — A presidente do Supremo Tribunal Federal ecoa, com diferenças substanciais, o modelo de José Linhares. Ele presidia o STF em 1945, quando os generais derrubaram Getúlio Vargas e colocaram-no no palácio do Catete. Ficou três meses no poder, tempo suficiente para realizar eleições que já estavam marcadas e empossar o presidente eleito, marechal Eurico Gaspar Dutra. De sua passagem pelo cargo ficou apenas a lembrança da nomeação de extensa parentela. Chamada de “Madre Superiora” pelos admiradores da Lava-Jato, Cármen Lúcia é vista como bruxa pelas vítimas da faxina. [ sem nenhuma intenção machista, mas, não podemos  olvidar que é salutar para o Brasil dar um tempo para voltar a experimentar uma mulher na presidência da República; 
o desastre-tragédia Dilma, recomenda um representante do sexo masculino ocupando a cadeira presidencial por pelo menos uns três mandatos - e qualquer recomeço de experiência deve começar por uma digna representante do sexo frágil na função de Vice.]
Gilmar Mendes — Outro ministro do STF e atual presidente de Tribunal Superior Eleitoral, faz contraponto com Cármen Lúcia. É o magistrado com maior rede de amigos no Congresso e maior desenvoltura no meio político. Sua decisão monocrática revogando a prisão preventiva do empresário Eike Batista levou-o a um choque frontal com o Procurador-geral da República. [Gilmar Mendes oferece uma vantagem em relação a Temer: a indecisão, o excesso de prudência, não está presente em seus atos.
Mas, outros aspectos desaconselham.]
Nelson Jobim Ministro da Defesa de Lula e da Justiça de Fernando Henrique Cardoso, Jobim passou nove anos no Supremo Tribunal Federal e dez no Congresso. É o híbrido perfeito. Em 2016, tornou-se sócio e conselheiro do banco BTG Pactual, cujo controlador foi preso pela Lava-Jato. Seu nome está na roda desde o final do ano passado. [o risco é que quando estava no Supremo Jobim se tornou o campeão disparado na emissão de permissão para mentir [nome popular para o documento que concedia ao requerente permissão para ficar em silêncio durante o depoimento em uma CPI ou órgão equivalente) que ele generosamente concedia a qualquer bandido intimado a comparecer a uma CPI. Até Paulo Okamotto foi beneficiado, tivesse o braço-direito de Lula comparecido a CPI do MENSALÃO - PT, sem direito a permanecer em silêncio, muito provavelmente Lula teria sido defenestrado naquela ocasião.]
Rodrigo Maia — Caso Temer seja afastado pelo TSE ou resolva ir embora, o presidente da Câmara assumiria por algumas semanas, até a realização da eleição indireta. Os grampos de Joesley deram impulso ao seu nome na hipótese de eleição, como um dos expoentes da vontade parlamentar. Está arrolado num inquérito da Lava-Jato que tramita no STF. [é perigoso para o Brasil até mesmo sua permanência na interinidade de 30 dias, imagine por um ano e alguns meses.]
Tasso Jereissati — Com o afastamento de Aécio Neves, o senador assumiu pela segunda vez a presidência do PSDB. Por três vezes foi governador do Ceará e é um expoente do tucanato. Está na difícil situação de presidir um partido que se equilibra sobre o muro, com uma facção defendendo um voo para longe de Michel Temer. [conveniente deixar Jereissati cuidando de manter o PSDB em seu local favorito: sobre um muro.]
 
Periquito
Há sinais de que um advogado do banqueiro André Esteves (BTG Pactual) está conversando com representantes do Ministério Público. Coisa preliminar.
Oscar Wilde avisou
Henrique Meirelles é um frio administrador da própria audácia. Quando diversos barões da economia recusaram convites para colaborar com o governo de Lula, ele arriscou e aceitou a presidência do Banco Central. Deu-se bem e hoje é o sonho de consumo do mercado para a sucessão de Temer. [vamos deixar Meirelles cuidando da Fazenda ou que volte a ser vaqueiro do Joesley - se este ainda tiver bois a serem tocados e liberdade para cuidar das fazendas = afinal de contas, o Brasil mantém 'tratado de extradição' dos os EUA.]
Em 2012, aos 67 anos, tendo amealhado um patrimônio pessoal e profissional, aceitou um convite de Joesley Batista e assumiu a presidência do conselho da holding que controla a JBS. Desligou-se do grupo em 2016. Numa conversa com Temer, Batista refere-se a ele como se falasse de um vaqueiro de suas fazendas.
Meirelles esqueceu-se do famoso conselho de Oscar Wilde: “As primeiras impressões estão sempre certas”.

Bolsa 5ª Avenida
Joesley Batista aperfeiçoou a Bolsa Angra. Acertou-se com o Ministério Público e está em Nova York.
Iolanda
O uso do nome de Iolanda nas mensagens de Dilma Rousseff para a marqueteira Mônica Moura foi associado à lembrança da mulher do marechal Costa e Silva, que presidiu Pindorama de 1967 a 1969.
Iolanda Costa e Silva gostava de um luxo, era meio brega e pegou má fama.
As coisas nem sempre são como parecem. Durante o governo de José Sarney, morando no Rio, ela lhe telefonou, pedindo para ser recebida no Planalto. Sarney, solícito, perguntou-lhe a que horas ela desembarcaria, para que alguém fosse buscá-la no aeroporto.  Iolanda respondeu que não sabia, pois viajaria de ônibus.

Três mosqueteiros
Pela frequência com que conversam, formou-se um trio no Supremo Tribunal Federal: a presidente Cármen Lúcia, o ministro Edson Fachin e o procurador-geral Rodrigo Janot.

Atlântica 2.016
Na quinta-feira a Polícia Federal foi buscar Andrea Neves no apartamento 801 do número 2.016 da Avenida Atlântica. Ela não estava, mas a cena contou um pedaço da História do Brasil. Hoje o prédio chama-se “Tancredo Neves” em homenagem ao avô de Andrea, primeiro morador do imóvel. [o que justifica a prisão preventiva de Andrea Neves? e mais absurdo ainda: a sua não revogação?]
Antes, o edifício chamava-se “Golden State”, ou “São Dimas”, para as víboras. Dimas foi o Bom Ladrão, crucificado no monte Calvário.
Os apartamentos, com 650 metros quadrados, foram financiados pela Caixa Econômica, numa época em que as dívidas não eram corrigidas pela inflação.
Em tempo: Tancredo sabia viver, mas era um homem frugal.

Bálsamo
Para quem está desconfortável com a ferocidade das antipatias políticas por Temers e Trumps, chegou às livrarias um conforto para a alma. É “O amigo alemão” e conta uma história de galanteria no maior e mais legítimo cenário para os ódios: a Segunda Guerra Mundial. Em 1943 o piloto americano Charlie Brown bombardeou a região alemã de Bremen e foi atingido e perseguido por Franz Stigler, que pilotava um caça. 

O B-17 de Brown ficou em petição de miséria e, para sua surpresa, em vez de derrubá-lo, o caça alemão escoltou-o durante dez minutos até as proximidades da costa inglesa, balançou as asas e foi-se embora.  O americano não contou o que aconteceu, pois não havia alemão bom, e o alemão ficou em copas porque não se poupa bombardeiro inimigo.
Anos depois, descobriram-se, encontraram-se e ficaram amigos. Ambos morreram em 2008.

Fonte: Elio Gaspari - Folha de S. Paulo
 

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