Os Lula da Silva têm mesmo um jeito heterodoxo de viver. Chega a ser estranho que o chefão do PT tenha querido, algum dia, como é mesmo?, mudar o mundo… Ora, mudar para quê? A partir de certo momento, vamos admitir, esse mundo só sorriu para ele. E continua a sorrir para a sua família. […]
Publicado em VEJA em 27 abr 2015
Os Lula da
Silva têm mesmo um jeito heterodoxo de viver. Chega a ser estranho que o
chefão do PT tenha querido, algum dia, como é mesmo?, mudar o mundo…
Ora, mudar para quê? A partir de certo momento, vamos admitir, esse
mundo só sorriu para ele. E continua a sorrir para a sua família.
Reportagem de capa da VEJA desta semana expõe a proximidade entre o
agora ex-presidente da República e o empreiteiro baiano Léo Pinheiro,
ex-presidente da OAS, um dos presos da operação Lava Jato. Proximidade
que pode fazer com que o escândalo do petrolão ainda exploda no colo do
companheiro-chefe. É que Pinheiro começou a fazer algumas anotações…
Leiam a reportagem da revista desta semana. Quero aqui abordar um
aspecto em particular.
A VEJA
informa que Fábio Luís da Silva — vulgo “Lulinha” — mora num
apartamento, numa área nobre em São Paulo, avaliado em R$ 6 milhões. É
isso mesmo que vocês leram. O apartamento do filho do Primeiro
Companheiro é coisa de ricaço. Mas parem de ficar imaginando maldades. O
dito-cujo não está em nome do rapaz! Não! Oficialmente, o dono do
imóvel é o empresário Jonas Suassuna, que é apenas… sócio de Lulinha.
Esse rapaz,
note-se, é, desde sempre, um portento. Lula já o chamou de o seu
“Ronaldinho”, louvando-lhe as habilidades para fazer negócios. Formado
em biologia, o rapaz era monitor de Jardim Zoológico até o pai chegar à
Presidência. Cansado de ficar informando ao visitante onde se escondiam
as antas, ele decidiu ser empresário quando o genitor se tornou o
primeiro mandatário. E o fez com uma desenvoltura assombrosa. Só a
Telemar (hoje Oi) injetou R$ 15 milhões na empresa do rapaz, a Gamecorp.
Nada além de uma aposta comercial?
Assim seria
se assim fosse. Empresas de telefonia são concessões públicas, que
dependem de decisões de governo. Aliás, é bom lembrar: Lula mudou a lei
que proibia a Oi (ex-Telemar) de comprar a Brasil Telecom (que era de
Daniel Dantas). A síntese: o pai de Lulinha tomou a iniciativa de
alterar uma regra legal e beneficiou a empresa que havia investido no
negócio do filho. Isso é apenas uma interpretação minha? Não! Isso é
apenas um fato. Adiante.
Os Lula da
Silva formam uma dinastia. O filho repete, em certa medida, o caminho do
pai — e não é de hoje. Quando Lula era o líder da oposição, também
morava, a exemplo de Lulinha, numa casa que estava muito acima de suas
posses oficiais. O imóvel lhe era cedido por um advogado milionário
chamado Roberto Teixeira, seu compadre. Se vocês entrarem no Google,
ficarão espantados com a frequência com que Teixeira aparece ligado a,
digamos assim, negócios que passam pelo petismo. Se clicarem aqui, terão acesso a um grupo de textos evidenciando, por exemplo, as suas interferências na venda da Varig.
Agora o sítio
Jonas Suassuna, o sócio de Lulinha e dono
oficial do apartamento milionário em que mora o filho do Poderoso Chefão
petista, é quem aparece como proprietário de um sítio em Atibaia, no
interior de São Paulo, em companhia de Fernando Bittar, que é, ora
vejam, o outro sócio de Lulinha. Até aí, bem…
Ocorre que,
no PT, e fora dele, incluindo toda a Atibaia, a propriedade é conhecida
como o “sítio do… Lula!”. É lá que ele passa os fins de semana desde
que deixou a Presidência. A propriedade foi inteiramente reformada, em
tempo recorde, pela empreiteira OAS, a pedido de… Lula! Os pagamentos
aos operários eram feitos em dinheiro vivo. O arquiteto que cuidou de
tudo se chama Igenes Irigaray Neto, indicado para o empreendimento pelo
empresário José Carlos Bumlai, amigão de… Lula! O tal aparece com
frequência em histórias mal contadas envolvendo o petismo — inclusive o
petrolão.
A OAS, que
reformou o sítio que até petistas dizem ser do ex-presidente, também foi
chamada para concluir um dos edifícios da Bancoop, a cooperativa ligada
ao PT, que era presidida por João Vaccari e que faliu, deixando três
mil pessoas na mão. O único prédio concluído é justamente um de alto
padrão, onde Lula tem um tríplex, com elevador interno. Quando explodiu o
caso Rosemary Noronha, aquela amiga íntima do ex-presidente, a OAS foi
mais uma vez chamada para dar uma mãozinha para João Batista, o marido
oficial da tal senhora.
Assim se
construiu a república petista. Os companheiros têm explicações para
essas lambanças? É claro que não! Preferem ficar vomitando impropérios
nas redes sociais, acusando supostas conspirações. Definitivamente, o PT
superou a fase do Fiat Elba, que foi peça-chave na denúncia contra
Collor. Fiat Elba? Ora, Lula, o PT e a tropa toda são profissionais nas
artes em que Collor ainda é um amador.
Fonte: Blog do Reinaldo Azevedo - VEJA
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