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sexta-feira, 16 de junho de 2017

A sabotagem da oposição

O Brasil vive tempos estranhos. A ideia do “quanto pior, melhor” é uma bandeira que caiu nas graças dos partidos de oposição, solapou a vontade popular para colocar em primeiro lugar os interesses de cada legenda e deixou em balbúrdia o Congresso, que praticamente paralisou a pauta de votações para viver em torno de discussões da crise. Temas de interesse nacional ficaram em segundo plano diante dos embates políticos. Pior que isso: esses assuntos estão sendo sabotados por aqueles agitadores de plantão que tentam, a todo custo, manter o País em permanente estado de instabilidade. Eles estão devorando os pilares fundamentais das reformas, impactando medidas de retomada da economia e inviabilizando qualquer ajuste por melhor que seja. Não há razoabilidade nos movimentos dessa turma. Que ninguém se engane, a estratégia em curso visa diretamente às eleições de 2018. Parlamentares, especialmente enfileirados nas trincheiras petistas, trabalham pela criação de um cenário de terra arrasada no qual emergiria mais adiante a figura do salvador da pátria. Adivinhe quem? Naturalmente não seria outro que não o seu tutor e líder encalacrado com a Justiça, Lula milongueiro, o réu de cinco processos que se arvora a condição de especialista no combate à corrupção. 

Sim, ele disse isso: o PT, no seu entender, é quem saberia exterminar essa praga inefável que consome as entranhas do Estado. Se há desfaçatez maior nas palavras de um encantador de massas ainda está para ser revelada. Lula sonha com a retomada do poder unicamente para escapar das grades. Nas diabólicas conjunções para fazer valer esse objetivo não há programa de governo. Não existe proposta alternativa de mudanças. 

Só, exclusivamente, a meta de se aboletar no Planalto para garantir um modelo de gestão que blinde ele e seus apaniguados contra a inconveniente investigação de crimes vastamente evidenciados. Em suma: a tropa da oposição quer deixar o Brasil sangrando, numa desordem administrativa sem fim pelos próximos meses. Isso ajudará a turba de simpatizantes, de movimentos sociais subvencionados e de marqueteiros inescrupulosos a vender a mensagem de uma solução fácil mais adiante, via populismo barato. 

Os oportunistas estão surfando a onda da insatisfação popular. Comemoram o clima de caos político reinante porque fez sumir do noticiário, como que por encanto, as menções às maracutaias de Lula, Dilma & Cia. Prevalece hoje a tese aventureira de derrubada do Governo como única medida saneadora. Triste ilusão. O bote desses aventureiros está apenas no seu início. Nos últimos dias, deputados da Rede, do PSOL e do PT reiteraram ao STF um pedido para que o julgamento do TSE fosse refeito, recomeçasse do zero com todos os ritos e avaliações colocados novamente em pauta, como maneira de repisar o tema à exaustão por dias a fio, realimentando a crise. Não interessa o veredicto. Quanto mais tempo se levar nessa cantilena de “Fora Temer, Fica Temer” melhor para as intenções dos arautos do apocalipse. No ninho tucano perceberam rapidamente o esquema em curso e acharam por bem garantir um mínimo de governabilidade para consertar o País. 

Caciques organizaram às pressas encontros dos filiados para que uma decisão fosse tomada. De maneira a equilibrar o quadro de beligerância. Até por falta de opção – já que a base aliada não chegou a qualquer nome de consenso para substituir Temera proposta de apoiar e manter-se ao lado do presidente prevaleceu. É sabido que qualquer processo de retirada forçada do atual mandatário irá acarretar um longo e exaustivo processo até a conclusão. Mesmo o oferecimento de uma denúncia contra ele, que tem necessariamente de ser votada no Congresso, demandará um rito que inclui ao menos dez sessões plenárias para a defesa na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Casa, outras dez sessões para o relator proferir seu parecer, mais o prazo de diligências e votações na plenária. Em outras palavras: arrasta-se a crise até o ano que vem. 

Perspectiva semelhante pela via de um impeachment. Se há solução aceitável e democrática para o horror político que o Brasil experimenta por esses dias ela está no escrutínio de 2018. Até lá o racional é o apoio generalizado a uma pauta de transição. E ela está posta.

Fonte: Editorial - Isto É -  Carlos José Marques é diretor editorial da Editora Três

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