É, meus queridos, vida boa quem tem é
procurador da República. Se o sujeito pertencer à Lava Jato e atuar fora
da sua região de origem, a exemplo do buliçoso Carlos Fernando Santos
Lima, aquele que já me chamou de cachorro, a vida pode ser mesmo uma festa.
Ainda na terça-feira, é bom lembrar, ele
e Deltan Dallagnol vomitaram impropérios contra os políticos num vídeo
postado na Internet. Sim, leitor! Você já está com inveja do rapaz desde
o título. Ser um procurador da República, no
Brasil, é um excelente negócio. A depender do caráter do vivente, pode
sair por aí acusando Deus e o mundo com ou sem provas; recorrer às redes
sociais para malhar a política e os políticos; posar de herói da
moralidade pública; palestrar em seminários e fóruns; acusar os membros
dos Poderes Executivo e Legislativo de só pensar nos próprios
interesses; gravar vídeos conclamando a população a se revoltar contra o
Congresso; acusar jornalistas que lhe são críticos de estar a serviço
de partidos políticos…
E dá para fazer tudo isso e ainda
acumular um belíssimo patrimônio sem correr risco de nenhuma natureza —
nem mesmo o de ser punido por abuso de autoridade ainda que se pratique…
abuso de autoridade. Esse procurador vai receber R$ 30 mil
reais por mês de salário. Mas dá para melhorar essa performance. E
muito! Os monopolistas da moralidade nacional têm direito a coisas que
você, um simples mortal, ignora.
O mais escandaloso privilégio é o
auxílio-moradia mesmo para quem é proprietário de imóvel na cidade em
que trabalha. Há ainda auxílio-alimentação, ajuda de custo,
auxílio-transporte, auxílio-creche… Auxílio-creche? É… Se você decidir se reproduzir, o problema é seu. Quando um procurador se reproduz, o problema é nosso.
Até o mês passado, companheiros, esses
penduricalhos nos salários dos digníssimos somavam R$ 60,2 milhões — ou
R$ 8,6 milhões por mês. Como são 1.152 procuradores, houve um acréscimo
salarial per capita de R$ 7.465,27. A coisa está ficando boa? Para os
membros da Lava-Jato que atuam fora de sua praça, como Carlos Fernando, o
que diz ser eu um cachorro, vai ficar muito melhor.
Isso é média. Vista a folha de
pagamentos de julho, houve procurador que chegou a receber, só de
penduricalhos, segundo reportagem da Gazeta do Povo,
do Paraná, R$ 47,7 mil. Informa o jornal que “pelo menos 80% dos
procuradores receberam benefício entre R$ 5 mil e R$ 5,9 mil no mês
passado. Outros 15% receberam como auxílio valores entre R$ 6 mil e R$
35,6 mil.”
E o melhor da festa
E falta a isso tudo o melhor da festa para quem, como Carlos Fernando — aquele que diz que todo mundo sabe quem sou; e sabe mesmo! — atua fora da sua região.
E falta a isso tudo o melhor da festa para quem, como Carlos Fernando — aquele que diz que todo mundo sabe quem sou; e sabe mesmo! — atua fora da sua região.
Ele é lotado em São Paulo e foi
deslocado para a Força Tarefa da Lava Jato, em Curitiba, onde atua como
lugar-tenente de Deltan Dallagnol — também nas redes sociais, nos
impropérios e nas ofensas a todos que considera seus adversários.
As diárias
Quem tem essa sorte, ora vejam, ganha o direito a receber “diárias” de mais de R$ 800. Nunca se esqueçam de que um procurador já tem o auxílio-moradia, de R$ 4,3 mil mensais. No ano passado, Carlos Fernando recebeu a bagatela de R$ 137.150,48 só nesse quesito. Sim, cara pálida, além do salário e dos penduricalhos, o MPF lhe pagou 170 diárias.
Quem tem essa sorte, ora vejam, ganha o direito a receber “diárias” de mais de R$ 800. Nunca se esqueçam de que um procurador já tem o auxílio-moradia, de R$ 4,3 mil mensais. No ano passado, Carlos Fernando recebeu a bagatela de R$ 137.150,48 só nesse quesito. Sim, cara pálida, além do salário e dos penduricalhos, o MPF lhe pagou 170 diárias.
Marcelo Miller — aquele que auxiliava
Rodrigo Janot em Brasília, pediu demissão e, três dias depois, passou a
advogar para a JBS — levou R$ 151.076,84 por iguais 170. O valor varia
de acordo com a cidade para a qual o procurador é deslocado. Numa conta feita, assim, meio no joelho,
pegando a média dos benefícios, Carlos Fernando, o Catão da República,
recebeu uns R$ 37 mil mensais em salários. O teto é de R$ 33.700. É que
os benefícios não contam, embora a Constituição diga que sim… Quem liga
para a Constituição?
Considerados os 13 salários, são R$ 481
mil. A esse valor, deve-se somar a bolada de R$ 137.150,48. Somam-se aí
R$ 618.150 — média mensal de R$ 51.512,50, R$ 17.812,50 acima do teto,
que é de R$ 33.700 (52,85% a mais). E olhem que os valentes haviam decidido
se autoconceder um reajuste de 17%. Só recuaram porque o salário,
penduricalhos à parte, ultrapassaria o dos ministros do Supremo, e estes
disseram que aumento não haveria.
Para que isso?
Por que isso? Só para demonizar Carlos Fernando? Só porque ele me chamou de cachorro? Só porque, segundo disse, todos sabem quem eu sou? E sabem mesmo, note-se. É que acho importante que todos saibam quem ele é. E há gente a sustentar que a sua atuação no escândalo do Banestado precisa ser revisitada. Faça-o quem dispuser de tempo.
Por que isso? Só para demonizar Carlos Fernando? Só porque ele me chamou de cachorro? Só porque, segundo disse, todos sabem quem eu sou? E sabem mesmo, note-se. É que acho importante que todos saibam quem ele é. E há gente a sustentar que a sua atuação no escândalo do Banestado precisa ser revisitada. Faça-o quem dispuser de tempo.
Trago esses números — especialmente o
ganho em diárias em razão da Lava Jato — no esforço de que esses
procuradores sejam vistos por aquilo que são: funcionários que ganham os
maiores salários da República, que recebem privilégios só equiparáveis
àqueles de que dispõem os juízes e que não têm razão nenhuma para posar
como os heróis sem interesses ou os mártires da República.
Vejam a lista dos campeões das diárias.
Os nomes marcados em amarelo integram a Força Tarefa da Lava Jato. Com
um pouco de sorte para essa turma, essa operação dura mais uns dez anos. Os cofres públicos brasileiros aceitam qualquer desaforo. Quem sabe Carlos Fernando passe a ser um
pouco mais contido na hora de enfiar o dedo na cara de políticos e,
lembre-se, até da futura procuradora-geral da República, Raquel Dodge.
É mesmo um destemido. Fosse também pobrezinho, seria o herói perfeito desta quadra melancólica que vivemos. E aí? Você ainda quer enforcar o último
deputado com um pedaço da tripa do último senador ou já começa a
espichar os olhos para as tripas dos procuradores. São 1.153. Há matéria
para liquidar os 594 parlamentares federais. E ainda sobra tripa…
Nenhum comentário:
Postar um comentário