Pergunta que não quer calar: o que impede do governo criar alíquota do IR de 35%?
Inclusive para os servidores públicos que ganham acima de R$ 20.000,00 mensais?
Dizem as más línguas que o governo evita isto devido alcançar parlamentares, procuradores e juízes.]
Na tentativa de reduzir gastos com o funcionalismo, a equipe econômica estuda aumentar a alíquota previdenciária de servidores federais para até 14%. A medida, segundo apurou o 'Estadão/Broadcast', renderia R$ 1,9 bilhão a mais por ano aos cofres do governo. A contribuição dos servidores ao regime próprio de Previdência (RPPS) hoje é de 11% sobre a remuneração. A ideia em estudo pelo governo é estabelecer diferentes faixas de contribuição, conforme o salário, com a alíquota máxima de 14%. Assim, quem ganha mais também pagaria um valor maior. Esse modelo já existe no INSS: os trabalhadores da iniciativa privada pagam entre 8% e 11% de seus salários ao mês. [com um detalhe: a contribuição só vai até o teto de contribuição para os trabalhadores da iniciativa privada, e este teto alcança pouco mais deR$ 5.500,00; o que passa do teto não incide nenhum percentual de contribuição.]
14% É a alíquota que o governo estudar usar. Atualmente, é 11%. [com um detalhe: o servidor atualmente contribui sobre o total do que ganha.]
R$ 1,9 bilhão É o valor que o governo pretende economizar com a mudança.
A medida é bem vista por especialistas, que ressaltam o desequilíbrio
nas contas não só do INSS, mas também na Previdência nos servidores. O
rombo no RPPS chegou a R$ 82,5 bilhões em 12 meses até junho deste ano, e
a previsão do governo é de que atinja R$ 85,2 bilhões até o fim de
2017. Mais da metade do resultado negativo vem dos benefícios pagos a
servidores civis. O déficit do INSS é maior e deve ficar em R$ 185,8 bilhões neste ano.
Mas o número de segurados é muito maior, e o valor médio do benefício,
menor.A mudança também pode contribuir para as finanças estaduais, uma vez que a alíquota cobrada pela União de seus servidores é a referência mínima a ser adotada nos Estados. Alguns já elevaram as contribuições para o patamar de 14%, a exemplo do Rio Grande do Sul e do Rio de Janeiro, que vivem grave crise financeira. Mas a proposta da União obrigaria todos a irem na mesma direção, uma vez que as leis atuais vinculam as regras federais e estaduais.
Articulação
O aumento da alíquota previdenciária de servidores federais depende do aval do Congresso, mas a tarefa é considerada menos complicada porque a questão é regulada por lei ordinária. Isso significa que o governo pode enviar um projeto de lei ou uma medida provisória (MP), que tem vigência imediata, para alterar a regra e precisará contar com a maioria simples de votos, desde que metade dos deputados e senadores esteja presente nas votações.
Caso optasse por uma alíquota de 14% para todos os servidores, o governo poderia até arrecadar mais - cerca de R$ 3,4 bilhões ao ano, nos cálculos do consultor do Senado Pedro Nery. Mas o governo deve optar pela "escadinha" na contribuição para criar um modelo semelhante ao do INSS e ao do Imposto de Renda Pessoa Física (IRPF), na esperança de reduzir as resistências.
Mesmo assim, categorias já se armam para barrar a proposta, em reação às articulações do governo por mais uma medida que mira os servidores. "É mais uma tentativa de jogar a responsabilidade pelo desequilíbrio econômico, e da Previdência, nas costas do servidor", disse o presidente do Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal (Sindifisco), Claudio Damasceno. O Fórum Nacional das Carreiras Típicas de Estado (Fonacate) se reúne hoje para discutir "ações conjuntas" diante das investidas do governo contra os servidores.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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