quanto ao Geraldo Alckmin - é dono absoluto da vaga para governador de São Paulo, apesar de não ser candidato - é também perdedor absoluto para o cargo de presidente da República.
Já Marina Silva, é igual Fluminense - ameaça na campanha, mas, na hora da eleição, morre afogada. ]
Resta, então, saber se os partidos de centro, como PSDB, PMDB e DEM, vão se unir ou se seguirão divididos. Unidos, podem chegar ao segundo turno e ganhar. O problema é que o prefeito João Doria e o governador Geraldo Alckmin travam uma luta fraticida pela vaga do PSDB. Lavareda acha que a melhor solução seria a realização de prévias entre os dois.
Como o senhor vê o grande descrédito da população em relação aos políticos? É tudo por conta da Lava Jato?
A Lava Jato, na verdade, é apenas o acelerador moral específico no
nosso processo de crise de representação. Além de afetar os partidos,
agora fatores como a globalização e a tecnologia produzem, a cada dia,
maior distanciamento entre os cidadãos e as instituições em todos os
níveis, enfraquecendo a arquitetura democrática no seu pilar básico que é
a confiança.
Pesquisa feita recentemente pelo Instituto Ipsos mostra que a
desaprovação às autoridades atinge indiscriminadamente os políticos que
estão no poder, como o presidente Michel Temer, mas também os principais
candidatos a presidente. Isso mostra que falta esperança também em
relação ao futuro?
Nós, brasileiros, queremos identificar uma lanterna na proa e um
timoneiro seguro e confiável para nos levar adiante, ao menos para além
da zona do redemoinho. Predominam na sociedade sentimentos de ansiedade,
incerteza e até desânimo. Descrédito e desesperança elevados,
alimentando um certo rancor amplamente disseminado. E algumas
benquerenças da bagagem afetiva dos entrevistados, adquiridas pelo
filtro da mídia. Nada nos diz sobre o futuro, nem poderia dizer com uma
única questão. A cartomancia das pesquisas está longe de poder ser tão
resumida.
Além dos políticos, também os membros do Poder Judiciário são
rejeitados pela população, como o ministro Gilmar Mendes. Isso se deve
ao fato dele ter mandado soltar empresários corruptos do Rio de Janeiro?
Que o Judiciário e seus atores também façam parte da linha de tiro do
rancor da sociedade é bastante positivo. Porque convoca a todos a
construir escadas que permitam aos membros dos três poderes saírem do
poço do descrédito. Decisões polêmicas, seja no âmbito da Lava Jato e
congêneres, seja do juiz que libera o estuprador, funcionam apenas como
estopim do processo. Como afirmei antes, a crise é de confiança. Sem
restaurarmos esse vínculo psicológico coletivo entre Estado e sociedade,
e uma harmonia razoável entre os três poderes – que no Brasil são
quatro por conta da autonomia absoluta do Ministério Público – , não
iremos muito longe. Uma revisão da Constituição de 1988 nos seus
capítulos sobre a organização e os poderes do Estado poderia ser um bom
caminho.
Lula hoje é o político com o maior número de intenções de votos, mas
com uma rejeição muito grande. O senhor acha que ele acabará nem sendo
candidato?
Ao refletirmos sobre eleições, devemos trabalhar com cenários
plausíveis. Sem fazer nenhuma avaliação sobre a pertinência das decisões
judiciais, acredito que a probabilidade de Lula vir a ser candidato é
próxima de zero. Terá com certeza a sentença condenatória do tríplex
confirmada na segunda instância antes do prazo de inscrição das chapas
e, talvez, já uma próxima condenação em primeira instância no processo
relativo ao sítio.
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