Auto-grampo de Joesley abala segunda denúncia de Janot
Gravação é garantia que faltava de que Temer deve concluir tranquilamente seu mandato
O primeiro efeito colateral do auto-grampo de Joesley Batista é o
esvaziamento completo da segunda denúncia que o procurador-geral da
República, Rodrigo Janot, planeja apresentar contra o presidente Michel
Temer.
O foco agora passa a ser nas irregularidades que, indicam as
gravações, ocorreram durante as negociações que resultaram na imunidade
total a Joesley e seus comparsas. O envolvimento do ex-procurador
Marcelo Miller, quando ainda atuava do lado do balcão da PGR, deve levar
a uma caçada a Janot, liderada por Temer e seus aliados: até que ponto o
procurador-geral sabia, ou não, que um de seus auxiliares orientava o
empresário a conseguir o máximo de benefícios?
A doze dias do final do mandato, Janot deve passar mais tempo
respondendo a essas e outras perguntas do que preparando a segunda
denúncia contra Temer. Mesmo que consiga finalizar um documento
consistente, a chance de obter o aval do Câmara para que o caso prossiga
ao Supremo Tribunal Federal é praticamente zero. Se os deputados não autorizaram o prosseguimento da primeira
denúncia, quando não havia dúvidas sobre o áudio, o que farão agora que
há indícios de que houve uma armação na negociação?
Com uma dose de cinismo, é possível apontar como lado positivo que a
fatura apresentada pelos deputados para enterrar o assunto vai ser menor
do que antes. No final das contas, o governo terá de liberar menos
verbas e cargos para obter um placar favorável. O auto-grampo de Joesley não apaga em nada os fatos revelados pela
sua delação: Temer recebeu um criminoso confesso no porão do Palácio do
Jaburu, ouviu uma série de crimes e aquiesceu. Também não anula o fato
de que a empresa admitiu ter pago propina a mais de 1.800 políticos,
tampouco os R$ 150 milhões relatados em contas de Lula e Dilma. [sempre bom lembrar que a maior parte do que foi narrado pelo delator não está suportado por provas e não merecem sequer ser chamados de fatos.]
No campo jurídico, haverá um longo embate sobre a validade ou não das
delações, se o conteúdo foi ou não "contaminado" pelos problemas na
negociação. Mas, do ponto de vista político, o principal alvo da delação da JBS,
Michel Temer, já pode comemorar. O auto-grampo de Joesley é a garantia
que faltava que ele deve terminar tranquilamente seu mandato, até
dezembro de 2018.
Fonte: Pedro Dias Leite é editor de País - O Globo
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