Francisco de Assis e Silva confirma encontro com Eduardo Pelella, o faz-tudo do procurador-geral, antes de açougueiro de casaca e má gramática gravar o presidente
Escrevi ontem aqui um post cujo titulo era este: “Miller avisou: não cai sozinho; se for para a cadeia, dá-se como certo que Janot vira um alvo”. Pois é…
O que se comenta em Brasília é que, ao
negar a decretação da prisão temporária de Marcelo Miller —ؙ o que é, em
si, uma humilhação para um procurador que era braço-direito do chefão
do MPF —, Edson Fachin, ministro do Supremo, estava apenas prestando um
favor a Rodrigo Janot. Aliás, seria um favor também a si mesmo. Mas isso
ficará para outro post.
Por quê? Porque Miller estaria disposto a
dar com a língua nos dentes e a contar tudo o que sabe. Vale dizer:
iria confirmar que Janot sempre soube de tudo e que toda a operação que
resultou na gravação da conversa do presidente foi armada com o
conhecimento da cúpula da PGR, muito especialmente… Janot!
Verdade ou mentira? A ver. O fato é que
as razões para a prisão de Miller estavam mais do que dadas — e prisão
preventiva, não a temporária —, mas Fachin a evitou, não é?
Ocorre que nem foi preciso que Miller
contasse o que sabe. Um dos delatores da JBS, Francisco de Assis e
Silva, afirmou que esteve com ninguém menos do que Eduardo Pelella, este
, sim, uma verdadeira sombra de Janot. Se Miller era o seu homem de
confiança nos assuntos ligados ao MPF, Pelella, o chefe de gabinete,
está na conta do assessor pessoal, do Sombra, do carregador de malas.
Janot é seu guia espiritual. É seu ídolo. É o seu Don Giovanni do
direito achado no arbítrio. Assim como aquele tinha o seu faz tudo, o
Leporello, Janot tem o seu “Lepelella”.
Sim, Assis e Silva diz ter estado com o
Sombra de Janot cinco dias antes daquele 7 de março, quando Joesley
gravou a conversa com o presidente da República. Mais de uma vez, Janot
negou que o MPF tivesse participado da armação. Na verdade, Assis e
Silva disse ter tido mais de três encontros com o Leporello de Don
Janot… O homem da JBS diz ter ouvido do promotor Sérgio Bruno, também da
Força Tarefa, que “uma coisa era ter a gravação de um deputado, e
outra, do presidente”.
Entenderam?
Pois é… Na conhecida conversa safada
entre Joesley e Saud, este pergunta àquele se era Miller quem contara a
coisa toda a Janot, já que o dono da JBS insistia que o procurador-geral
sempre soubera de tudo. E Joesley deu a seguinte resposta:
“Nós falamos pro Anselmo. O
Anselmo que falou pro Pelella, que falou pra não sei quem lá, que falou
pro Janot. O Janot está sabendo. Aí o Janot, espertão, o que o Janot
falou? Bota pra foder. Bota pra foder. Põe pressão neles para eles
entregam tudo”.
Já disse neste post quem é Pelella. “Anselmo” é o procurador Anselmo Lopes, da Operação Greenfield.
Documento
Atenção! A armação foi de tal natureza que houve até um documento! Informa a Folha: “Assis e Silva afirmou que no encontro do dia 2 de março, participaram, além dos dois, Sérgio Bruno, a advogada Fernanda Tórtima, que também atuava para a JBS, e mais uma pessoa da qual ele não se recorda. Foi levado para a reunião, ainda segundo o delator, um documento com 13 itens detalhados sobre o que os executivos interessados em colaborar poderiam revelar. No depoimento, ele também fala que a JBS levou para a PGR três premissas: rapidez, sigilo e continuação dos irmãos Joesley e Wesley Batista à frente da direção da empresa. De acordo com os fatos narrados por Assis e Silva, esse teria sido o segundo contato com o grupo de Janot, mas o primeiro pessoalmente.”
Atenção! A armação foi de tal natureza que houve até um documento! Informa a Folha: “Assis e Silva afirmou que no encontro do dia 2 de março, participaram, além dos dois, Sérgio Bruno, a advogada Fernanda Tórtima, que também atuava para a JBS, e mais uma pessoa da qual ele não se recorda. Foi levado para a reunião, ainda segundo o delator, um documento com 13 itens detalhados sobre o que os executivos interessados em colaborar poderiam revelar. No depoimento, ele também fala que a JBS levou para a PGR três premissas: rapidez, sigilo e continuação dos irmãos Joesley e Wesley Batista à frente da direção da empresa. De acordo com os fatos narrados por Assis e Silva, esse teria sido o segundo contato com o grupo de Janot, mas o primeiro pessoalmente.”
Eis aí!
Será que os delatores da JBS devem ser
levados a sério, a ponto de se montar uma operação para derrubar o
presidente da República, mas tem de ser ignorados quando evidenciam que
Janot e sua turma participaram do que pode ser caracterizado como um
golpe?
No dia 18, Janot entrega o cargo. Vai
querer ficar lotado como subprocurador em algum lugar, talvez no STJ
(Superior Tribunal de Justiça), órgão que tratou no bico da chuteira,
não é? Afinal, o tribunal foi fonte permanente de suspeições, acusações e
aleivosias durante o reinado de Don Janot. E por que não se aposenta
logo? Porque ele vai buscar manter o foro especial, que seus rapazolas
chamam de “foro privilegiado”.
E a ambição política?
Ainda voltarei a isso, mas convenham:
Janot contribuiu para liquidar com a carreira de muita gente, mas ele
não está melhor na fita, não. Está deixando a Procuradoria Geral da
República pela porta dos fundos.
A tentativa de golpear o governo Temer está mais evidenciada do que nunca.
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