A tendência da Corte é manter Janot na apuração, apesar da surpresa causada no STF com os acontecimentos envolvendo áudios de delatores e o encontro com um advogado do empresário Joesley Batista
Apesar do desgaste do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, o Supremo Tribunal Federal não deverá afastá-lo das investigações contra o presidente Michel Temer no caso JBS. A tendência da Corte é manter Janot - que está na sua última semana na chefia do Ministério Público Federal - na apuração, apesar da surpresa causada no STF com os acontecimentos envolvendo áudios de delatores e o encontro do procurador-geral com um advogado do empresário Joesley Batista. [qualquer que seja a decisão do Supremo, a partir do próximo dia 18, Janot não investigará mais Michel Temer ou qualquer outro - exceto na condição de detetive particular.
Todas as investigações sobre o controle da PGR estarão sob o comando da nova Procuradora-geral da República, Raquel Dodge, que agirá de forma rigorosa mas dentro dos limites da lei.]
O
jornal O Estado de S. Paulo apurou que a maioria dos integrantes do
Supremo indica que deve acompanhar a posição do ministro Edson Fachin,
relator da Lava Jato na Corte, de não declarar Janot suspeito no caso -
no entanto, três dos 11 membros do tribunal entenderiam que o
procurador-geral deve ser afastado nesse processo. Também existe a
tendência de o Supremo não anular as provas obtidas no acordo de
colaboração do Grupo J&F, que controla a JBS, ao menos neste
primeiro momento. [optando por não anular as provas obtidas por meios ilícitos, o Supremo estará anulando dispositivos do Código de Processo Penal e da Lei das ORCRIM.]
No mês passado, Fachin
rejeitou o pedido de suspeição do procurador-geral da República
formulado pela defesa do presidente. À época, o ministro afirmou que
Janot goza de "independência funcional" para elaborar acusações e
considerou que um eventual fatiamento de denúncias contra Temer "não
indica parcialidade". Diante
de um recurso apresentado pela defesa do presidente, Fachin decidiu
submeter o tema ao plenário da Corte. A presidência do STF colocou o
item como o primeiro da pauta de julgamentos desta quarta-feira, 13.
Além
disso, Fachin apresentou uma questão de ordem que trata de dois pedidos
da defesa de Temer: a suspensão prévia de uma eventual segunda denúncia
e questionamentos sobre a validade das provas. Uma
eventual suspensão da nova denúncia contra Temer é considerada um tema
mais delicado e complexo, visto por integrantes do tribunal como uma
potencial intervenção do STF na prerrogativa de a Procuradoria-Geral da
República apresentar uma acusação formal contra o presidente.
Uma
das vozes mais críticas à atuação do procurador-geral, o ministro
Gilmar Mendes considera que Janot submeteu o STF "ao maior vexame de sua
história" no episódio da homologação da delação do Grupo J&F. "Tudo
indica que o STF homologou uma fraude engendrada por (Ricardo) Saud,
Joesley, (Marcello) Miller e Janot e sua equipe", disse o ministro
Gilmar Mendes ao Estado
"A Procuradoria
pretendeu fazer do STF um órgão de homologação dos seus malfeitos. A
primeira coisa que a gente tem de restabelecer é uma relação de
confiança, temos de voltar a reconhecer que a Procuradoria é composta
não por delinquentes, mas por pessoas sérias", afirmou Gilmar.
A
defesa de Temer afirma que Janot tinha ciência de uma negociação
informal entre os colaboradores e o então procurador da República
Marcello Miller sobre o acordo de delação premiada, antes do início das
tratativas oficiais para firmar a delação e de o Supremo autorizar que o
presidente da República fosse investigado, o que seria ilegal. "O
procurador-geral da República previamente sabia da intenção dos
alcaguetes e os aconselhou, por si e por seus assessores, sobre como
agir, inclusive sobre a clandestina gravação do sr. presidente da
República por Joesley Batista no Palácio do Jaburu", diz o advogado
Antônio Cláudio Mariz de Oliveira. Para a defesa de Temer, os conteúdos
noticiados levam à "completa invalidade da prova produzida no bojo das
delações".
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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