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quinta-feira, 26 de abril de 2018

"Roubaram nossos direitos": sírios buscam familiares entre cadáveres do Estado Islâmico



O odor pútrido é insuportável, mas Fawaz Hamadeh resiste e, em meio a sacos mortuários, busca os restos de seu irmão na maior vala comum descoberta em Raqqa, ex-reduto do grupo Estado Islâmico (EI) no norte da Síria. Os sacos estão alinhados em um campo de futebol, não longe do hospital onde se entrincheiraram os jihadistas nas últimas horas da ofensiva realizada pela coalizão curdo-árabe para tirá-los de sua "capital" na Síria.
A vala comum foi descoberta há uma semana, sob esse campo, e Fawaz Hamadeh ouviu dizer que seu irmão poderia estar enterrado lá. Um dos resgatadores no local levanta uma extremidade do saco. O jovem tapa o nariz e inclina sua silhueta frágil sobre o corpo em decomposição. Mas não detecta nenhum traço familiar. 

“Não consigo encontrar o corpo de meu irmão nem o da minha mulher”


Corpos encontrados em vala comum em Raqqa, cidade síria que foi dominada pelo Estado Islâmico

Corpos encontrados em vala comum em Raqqa, cidade síria que foi dominada pelo Estado Islâmico... - Veja mais em https://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/afp/2018/04/26/sirios-buscam-corpos-de-familiares-em-valas-comuns-deixadas-pelo-estado-islamico.htm?cmpid=copiaecola


Seu irmão morreu após ser ferido em um bombardeio, nos últimos dias da batalha que tornou possível que as Forças Democráticas Sírias (FDS), coalizão apoiada por Washington, reconquistassem Raqqa em outubro. "Meus pais tiveram que partir. Ele também tinha de sair mas não encontrou nenhum veículo. Era muito tarde", conta o jovem de 21 anos. "Respeitar os mortos é, ao menos, poder enterrá-los em um lugar  digno.  Ele observa as fileiras de sacos, os restos de veículos oxidados e os edifícios atingidos. Suspira: "É indescritível a magnitude do desastre que vivemos.

(...)

Por enquanto, só 10 cadáveres foram identificados. "Uma vez retirado o corpo, um médico forense o examina. Se há familiares presentes e o identificam, entregam o corpo a eles. Caso contrário, tiram fotos dos dentes, ossos e detalhes anatómico e são enterrados com um número para poder identificá-los depois", afirma Erian. 

 No total, 655 corpos foram descobertos nas ruínas de Raqqa desde a conquista da cidade. "Ainda se está buscando. São encontrados graças a testemunhos dos habitantes, ao odor, às moscas", acrescenta à AFP. 

Busca sem fim Há dias, Ali Hassan percorre também o campo de futebol em busca dos restos de seu irmão.

“Quando tiram um corpo, verificamos se se trata dele. Sabemos a roupa que estava usando, os papéis que levava no bolso."

Ali Hassan, 52


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