O ministro
Edson Fachin, relator do caso JBS no Supremo, está no que pode ser uma
encalacrada. Ele homologou, sem restrições, as delações mais fajutas da
história. E não tem como. Terá de anulá-las, o que ainda não fez. Está
sentado sobre a questão desde setembro. E não é só essa: também a
homologação da delação de Sérgio Machado tem de ser revista. Sabe-se que
o homem é corrupto. Ele confessou. Ficou decidido que tem de devolver
R$ 70 milhões aos cofres públicos — não sei se já o faz. Até agora, as
histórias que contou não se confirmaram.
Pois bem:
Fachin se tornou relator do caso JBS por uma escolha de Rodrigo Janot,
então procurador-geral da República. Acusação escolher juiz é uma fraude
à Constituição, ao princípio do juiz natural. Cármen Lúcia foi
conivente. Agora já se sabe que o Ministério Público Federal participou
da armação que resultou na delação de Joesley Batista e nas armadilhas
preparadas contra o presidente Michel Temer e contra o senador Aécio
Neves (PSDB-MG).
Com a
militância entusiasmada dos ministros Luiz Fux e Roberto Barroso — cujo
pai foi casado com a mãe de Fernanda Tórtima, advogada da JBS que
acompanhou cada passo da mutreta —, Fachin tentou arrancar do Supremo
uma espécie de salvo-conduto para Joesley e sua turma: qualquer que
fosse a circunstância, reivindicava o trio de togados, e a delação
jamais poderia ser revista. Ainda que se descobrissem crimes no meio do
caminho. Vale dizer: esses Varões de Plutarco queriam que a delação
estivesse acima até da Constituição.
O Supremo não topou a brincadeira. Ainda bem!
Ora, não
há como. A delação da tropa de Joesley terá de ser anulada. E Fachin
está empurrando a coisa com a barriga. Por quê? Pois é… A filha do
ministro é casada com o advogado Marcos Alberto Rocha Gonçalves,
sócio-fundador do escritório Fachin Advogados e Associados, do qual se
afastou o agora relator do caso JBS. Acontece que Rocha Gonçalves, o
genro, é também filho de Marcos Gonçalves, que foi, por 16 anos, alto
executivo do grupo J&F. Hoje, o pai do genro do ministro trabalha
como chefe de compras de gado da Mataboi Alimentos, que pertence a José
Batista Júnior, o primogênito dos irmãos. Ele vendeu a sua participação
na J&F a Joesley e Wesley em 2013. Com a dupla tendo de se afastar
da empresa em razão dos problemas policiais, ambos indicaram José, o
patrão do pai do filho de Fachin, para presidir o conselho da holding.
Fachin, candidato da JBS
Não se sabe se em razão desse parentesco ou de outra coisa qualquer, o fato é que os irmãos Batista resolveram patrocinar — com apoio, sei lá como chamar… logístico, talvez — a candidatura de Fachin ao Supremo. Quando Dilma Rousseff o indicou para o posto, uma sigla chamada “MST” saiu em sua defesa. O doutor já tinha atuado para João Pedro Stedile e seus bravos. Há textos seus em que a propriedade privada no campo é, para dizer pouco, relativizada.
Não se sabe se em razão desse parentesco ou de outra coisa qualquer, o fato é que os irmãos Batista resolveram patrocinar — com apoio, sei lá como chamar… logístico, talvez — a candidatura de Fachin ao Supremo. Quando Dilma Rousseff o indicou para o posto, uma sigla chamada “MST” saiu em sua defesa. O doutor já tinha atuado para João Pedro Stedile e seus bravos. Há textos seus em que a propriedade privada no campo é, para dizer pouco, relativizada.
Mas outra
sigla também se interessou por Fachin: a JBS — ou, se quiserem, a
J&F, a holding. Como sabe o ministro, Ricardo Saud, um dos chefões
da turma e que também foi beneficiado pelo acordo da impunidade, saiu
levando Fachin pelo braço, quando ainda apenas indicado para o Supremo,
em visitas a gabinetes de senadores. O agora ministro sabe que isso é
verdade e sabe quais gabinetes visitou. Fachin era, inequivocamente, vejam as maravilhas de que o PT é capaz, o candidato do MST e da JBS.
Quando
Rodrigo Janot resolveu derrubar Michel Temer e Aécio com uma cajadada só
— e isso se deu com as gravações feitas por Joesley das respectivas
conversas com ambos —, procurou justamente Edson Fachin. Por quê?
Ninguém sabe. Ele é relator do “petrolão”. Nada tem a ver com as
lambanças dos Batistas. O acusador escolhia o juiz, o que frauda a
Constituição. Cármen Lúcia ficou sabendo de tudo e permitiu. A desculpa é
que o troço deveria ficar com Fachin porque, afinal, envolvia
lateralmente Eduardo Cunha, condenado no petrolão. Uma piada.
Fachin autorizou as operações ditas “controladas”. Convenham: trata-se de casos clássicos de flagrantes armados.
Gravações involuntárias
As gravações involuntárias feitas por Joesley evidenciam que o Ministério Público Federal participou ativamente da armação, coisa que a lei proíbe. Mais: o então procurador Marcelo Miller, homem de Janot na Procuradoria Geral da República, atuou na armação e, ao mesmo tempo, defendia os interesses da JBS: trabalhava para o escritório que iria fazer o acordo de leniência da J&F.
As gravações involuntárias feitas por Joesley evidenciam que o Ministério Público Federal participou ativamente da armação, coisa que a lei proíbe. Mais: o então procurador Marcelo Miller, homem de Janot na Procuradoria Geral da República, atuou na armação e, ao mesmo tempo, defendia os interesses da JBS: trabalhava para o escritório que iria fazer o acordo de leniência da J&F.
As
gravações desmoralizaram a tramóia, e a própria PGR pediu a anulação da
delação dos Irmãos Batista e companhia. Fachin, até agora, se faz de
surdo.
Os
bastidores estão bastante carregados. Se José Dirceu pegou 30 anos de
cadeia em razão da imputação de dois crimes, de quanto deve ser a
sentença de Joesley, que confessou 245? Segundo ele, corrompeu quase 300
políticos. Sem o benefício da delação, terá de arcar com o peso de
tudo. Pelo tempo máximo, suas penas poderiam somar quase 3 mil anos.
Pelo mínimo, algo em torno de mil.
Boca no trombone
Joesley já andou demonstrando a disposição de pôr a boca no trombone. Se for para o matadouro (sem trocadilho), ameaça contar os bastidores que resultaram na sua delação, onde brilham as figuras de Rodrigo Janot e… Edson Fachin. E pode sobrar até para Cármen Lúcia, que coonestou a escolha irregular de um relator, e Roberto Barroso, o quase-irmão de Fernanda Tórtima, parceira de Marcelo Miller no conjunto da obra e que acompanhou cada passo da operação.
Joesley já andou demonstrando a disposição de pôr a boca no trombone. Se for para o matadouro (sem trocadilho), ameaça contar os bastidores que resultaram na sua delação, onde brilham as figuras de Rodrigo Janot e… Edson Fachin. E pode sobrar até para Cármen Lúcia, que coonestou a escolha irregular de um relator, e Roberto Barroso, o quase-irmão de Fernanda Tórtima, parceira de Marcelo Miller no conjunto da obra e que acompanhou cada passo da operação.
Fachin está com medo de fazer o que tem de ser feito. Como diria o Conselheiro Acácio, sabe que “as consequências vêm depois”. As
informações que vazaram sobre o senador Aécio Neves, com todas as tintas
de surrealismo, vêm nesse contexto. Tornadas públicas na sequência da
decisão da Primeira Turma, que fez o senador réu, o que se tenta é
demonstrar que as delações de Joesley e seu grupo têm substância. Nem
que seja a substância do nada, como se verá abaixo.
Blog do Reinaldo Azevedo
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