Servidores se organizam contra ideia do governo de adiar reajuste para 2020
Representantes dos servidores públicos federais dizem que estão
dispostos a reagir caso o governo adie para 2020 o reajuste salarial da
categoria. O aumento está previsto para o ano que vem, mas o governo
considera postergar a medida, com o argumento de que ela é necessária
para evitar a paralisação da máquina. "Eu acho
que estão tentando gerar frases de impacto para continuar com a mesma
cantilena de que o servidor público gera despesas", afirma Sérgio
Ronaldo da Silva, diretor da Confederação dos Trabalhadores no Serviço
Público Federal (Condsef), que classifica a medida como "negativa" e
afirma que, se o governo tentar adiar o reajuste novamente, haverá
reação por parte dos representantes do setor.
Segundo
o governo, o deficit previsto para 2019 é de R$ 254,3 bilhões. No
último sábado, os ministros da área econômica Esteves Colnago
(Planejamento) e Eduardo Guardia (Fazenda) confirmaram que a medida está
em estudo e que, com a postergação do aumento, a expectativa é de
economia de cerca de R$ 5 bilhões. De acordo com Guardia, a decisão será
tomada somente em agosto, quando o governo encaminhará ao Congresso o
Orçamento do próximo ano.
Para
o presidente do Sindireta-DF, Ibrahim Yusef, a medida é “precipitada”,
já que haverá uma eleição e um novo governo a partir de janeiro. "Não
sabemos como vai ser a política salarial. Se vai ser de arrocho ou não."
Ele defende que a categoria mostre aos agentes políticos a real
necessidade de uma política de reajuste salarial, "inclusive para
repercutir na economia", disse. Na opinião de Yusef, os aumentos salariais colocam a economia para girar e ajudam a reaquecê-la. "Se está
havendo recessão, o governo tem que achar uma forma de reaquecer a
economia. Eu acredito que eles estejam na contramão de tirar o país do
atoleiro", afirmou.
A última tentativa do
governo de adiar o reajuste dos servidores esbarrou no Supremo Tribunal
Federal (STF). Por meio de uma liminar, concedida pelo ministro Ricardo
Lewandowski, a medida provisória (MP), editada no fim do ano passado,
que postergava o aumento de 2018 para 2019, foi suspensa. A MP perdeu a
validade no início de abril sem ser votada pelo Congresso ou analisada
pelo pleno do STF. O ministro da Fazenda avalia que, mesmo com uma
rejeição da medida pelo Congresso atual, o cenário do próximo ano deve
mudar e existe a possibilidade de que o novo presidente aprove a
proposta.
Correio Braziliense
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