Notas fiscais, registros de presença e mensagens também embasam processos
Nas ações
penais que têm como objeto o pagamento de vantagens indevidas ao ex-presidente Lula
por meio de reformas em um sítio de Atibaia (SP) e na compra de dois
imóveis em São Paulo, o Ministério Público Federal (MPF) apresentou
elementos de prova independentes dos anexos da delação da Odebrecht, que
deverão ser encaminhados à Justiça em São Paulo.
No caso
do sítio de Atibaia, foram reunidas como provas de uso do imóvel por Lula o
fato de terem sido encontrados bens de sua família no local; o registro de 270
viagens de seus seguranças ao sítio, entre 2011 e 2016; a instalação de câmeras
de segurança por funcionários do ex-presidente; as notas fiscais de bens que
ficavam no sitio apreendidas no apartamento de Lula em São Bernardo; e a
existência de mensagens eletrônicas sobre as reformas endereçadas ao Instituto
Lula, entre outros elementos.
A compra
de um prédio para abrigar o instituto ocorreu por meio da DAG, fornecedora de
confiança da Odebrecht usada para omitir a verdadeira origem dos recursos
utilizados para adquirir o imóvel. A compra do prédio também foi citada pelo
ex-ministro Antonio Palocci, que admitiu ter administrado a conta de propina do
PT na empreiteira.
PALOCCI
RESUMIU ESQUEMA
Segundo
as investigações, os recursos usados para custear as vantagens ao ex-presidente
eram administrados pelo setor de Operações Estruturadas da empreiteira, que
administrava um bilionário caixa paralelo destinado a pagar vantagens indevidas
a agentes públicos que agiam de acordo com os interesses da empreiteira. No
caso da Odebrecht, o MPF apresentou indícios de favorecimentos à empreiteira
baiana em diversos contratos da Petrobras e que resultaram em prejuízo para a
estatal.
Mesmo com
a decisão da 2ª Turma do STF de envio da colaboração da Odebrecht para a
Justiça em São Paulo, depoimentos já prestados por réus do processo também
reforçam a tese da acusação. Perguntado sobre a compra de um prédio para o
Instituto Lula, o ex-diretor de relações institucionais da empreiteira
Alexandrino Alencar tratou o negócio como uma “contrapartida”: — Entendo
que em retribuição, em contrapartida ao que o próprio presidente Lula fez no
passado, em função da importância dele no então governo (Dilma) e, também, no
futuro político do próprio ex-presidente Lula — disse ele.
Palocci
não só reconheceu administrar a conta propina do PT, assumindo ser o “italiano”
identificado em uma planilha de gastos com o partido, como a relacionou a
vantagens obtidas na Petrobras: — É
assim: a empresa trabalha com a Petrobras, a Petrobras dá vantagens para a
empresa, com essas vantagens a empresa cria uma conta para destinar aos
políticos que a apoiaram. O presidente mantém lá diretores que apoiam a empresa
para dar a ela contratos, esses contratos geram dinheiro, ela faz seus gastos,
compra seus presentes, remunera os seus diretores, paga seus funcionários e
reserva um dinheiro. Algumas criam operações estruturadas, outras criam caixa
2, outras criam doleiros, e com esse dinheiro pagam propina aos políticos.
Emílio
Odebrecht disse ter pedido a Lula que não reestatizasse o setor petroquímico,
onde a empresa viria a se tornar monopolista durante o governo petista, com a
criação da Braskem. O empresário disse que Lula “sempre teve boa vontade para
ouvir" os pleitos da Odebrecht.
O Globo
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