De
repente, amigos de Lula decidiram injetar no processo sobre o sítio de Atibaia
um detalhe: o grão-mestre do petismo cultivou, em algum momento, o hipotético
plano de comprar o sítio de Atibaia. A versão foi despejada sobre os autos em
depoimentos convocados por Sergio Moro. Verbalizado há dois dias por Paulo
Okamotto, presidente do Instituto Lula, o suposto plano de aquisição foi ecoado nesta
quarta-feira por Gilberto Carvalho, amigo e ex-ministro do réu.
O detalhe
não melhora a situação penal de Lula. Ao contrário, torna mais precário um
quadro que já é crítico. Alega-se que o sítio não pertencia ao guia do petismo,
mas a dois sócios do seu filho, o Lulinha. Sustenta-se que os donos cederam a
propriedade para que Lula usufruísse dela gratuitamente. O
problema é que o amigo de Emílio Odebrecht e de Léo Pinheiro era Lula. Aos
sócios de Lulinha, os mandarins da Odebrecht e da OAS não dariam nem bom dia,
que dirá uma reforma orçada em cerca de R$ 1 milhão, adornada com uma cozinha
planejada, idêntica àquela que havia sido instalada no tríplex do Guarujá.
O petismo
talvez não tenha percebido. Mas a versão companheira oferecida a Sergio Moro
por Okamotto e Gilbertinho divide os brasileiros em dois grupos: os cínicos e
os azarados, que ainda não encontraram amigos tão generosos. Uns são capazes de
ceder de graça um sítio paradisíaco do tamanho de 24 campos de futebol. Outros
reformam o paraíso sem exigir contrapartidas.
O truque
da intenção de compra seguida de desistência já havia sido tentado no processo
do tríplex. Com uma diferença: no caso do imóvel do Guarujá, dizia-se que Lula
não passara nenhuma noite no imóvel. Sem dormir, pegou 12 anos e 1 mês de cana.
No inquérito sobre o sítio, as evidências de que Lula usufruía da propriedade
saltam dos autos como pulgas do dorso de um vira-latas. Com pernoites, a pena
deve ser maior.
Blog do Josias de Souza
Nenhum comentário:
Postar um comentário