Blog Prontidão Total NO TWITTER

Blog Prontidão Total NO  TWITTER
SIGA-NOS NO TWITTER

domingo, 23 de setembro de 2018

Anti-PT X PT

Com a polarização e a desidratação do centro, que reluta em se aliar enquanto há tempo, o eleitorado parte para escolher quem considera menos pior para presidir o Brasil [só no Brasil, a república da Banânia, um partido tipo o 'PERDA TOTAL' = PT - consegue ficar entre os primeiros colocados, apesar das grandes chances de eleger no Congresso Nacional a menor bancada.]

Se confirmado o que indicam os últimos levantamentos, o dia 7 de outubro, data da votação e escrutínio das urnas, ficará marcado na história brasileira como a eleição do “anti”. O paradoxo se explica: para além dos aspectos positivos que deveriam marcar a escolha pelo eleitor do perfil do candidato a presidente da sua preferência, o que definirá o pleito são os aspectos que o cidadão enxerga nos concorrentes que ele de modo algum deseja que tenham sucesso. Assim, o menos rejeitado – entre Jair Bolsonaro (PSL) e Fernando Haddad (PT), os primeiros colocados e favoritos para alcançar o 2º turno – triunfará. A duas semanas do pleito, a eleição virou um plebiscito entre os que abraçam a volta do lulopetismo e aqueles que o reprovam a toda prova. No meio dos extremos, uma população que avalia os riscos de ameaças como corrupção, compadrios, afronta à Justiça e às instituições ou autoritarismo, preconceitos, violência e atentados à democracia. Engolfada pela onda de polarização e maniqueísmo que tomou conta do país, ela olha para os dois candidatos que mais rejeita e avalia qual deles seria o menos pior para governar o país pelos próximos quatro anos.


Hoje, quem encarna o anti-PT é Bolsonaro, desaguadouro da esmagadora maioria do chamado voto útil nos últimos dias. O presidenciável Geraldo Alckmin, do PSDB, ensaiou exercer esse papel, mas faltou combinar com a população – e com os demais candidatos do chamado centro democrático, que até agora preferiram partir para vôos solos, em vez de caminharem para uma salutar unidade. No livro Ética a Nicômaco, sua mais importante obra dedicada à filosofia prática, Aristóteles se detém sobre aspectos para ele essenciais na conduta das pessoas na busca da felicidade. É quanto Aristóteles discorre sobre seu clássico caminho do meio. Ser covarde, para ele, é tão ruim quanto ser exageradamente arrojado: a coragem está no meio desses extremos. “A virtude irá consistir no “meio termo”, ou na “justa medida”, entre dois extremos”, disse. Não foi o que buscou o eleitor. Por aspectos e razões tão diversas – algumas justificáveis e compreensíveis, outras nem tanto – que seria complexo até para o filósofo explicar.

Os efeitos colaterais são visíveis. O lulismo, e todos os seus problemas anexos, desde o culto à personalidade até o casamento de papel passado com a corrupção, e o extremismo de direita, que o país experimentou no regime militar com triste memória, somado ao preconceito contra minorias, machismo e homofobia não atravessam incólumes ao sentimento de reprovação reinante no pleito. A despeito de liderarem a corrida presidencial, são os que despertam, quase que na mesma proporção, a ira de um eleitorado cada vez mais exigente e aparentemente ainda órfão de um candidato capaz de personificar seus anseios – este aspirante, a julgar pelos números das recentes pesquisas, não apareceu na eleição. Nesse contexto, na mesma medida em que os dois candidatos que passaram a rivalizar a disputa crescem entre as suas tribos, aumenta também sua rejeição. Num jogo de tudo ou nada de consequências perigosas. “O perigo disso tudo é que, confirmado o cenário, há uma grande possibilidade de o lado perdedor não reconhecer e reagir à vitória do lado vencedor”, teme o deputado Marcus Pestana (PSDB-MG), que liderou um movimento que tentou, sem sucesso, unir o centro em uma única candidatura. “Infelizmente, era claro o risco que havia de cristalização dessa situação”, segue Pestana, que prefere chamar o centro de campo democrático. “A pulverização do campo democrático cria essa polarização dos extremos radicais”, comenta ele.

Um último esforço
Durante a semana, movimentos como o tentado por Pestana ressuscitaram como forma de buscar uma solução que, a menos de duas semanas das eleições, evitasse essa polarização. É quase uma quimera a mudança do quadro, a essa altura da campanha, mas tentativas são feitas. Na segunda-feira 17, integrantes do grupo que procurou a união do centro foram ao encontro do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso em seu escritório na fundação que leva seu nome, em São Paulo. Tentavam que FHC aceitasse ser o articulador de uma última tacada: um movimento homogêneo, na qual os candidatos que representam o centro – Geraldo Alckmin (PSDB), Alvaro Dias (Pode), João Amoêdo (Novo), Henrique Meirelles (MDB) – se unissem retirando suas candidaturas em nome de somente um deles. No caso, Alckmin, o melhor colocado. Embora partidário da tese, FHC mostrou-se reticente em, a essa altura, tornar-se o construtor do entendimento. Para ele, não haveria mais tempo hábil. Também não se enxergou disposição dos candidatos em abrir mão da disputa. Especialmente, porque não haveria garantia de que o movimento pudesse de fato turbinar a candidatura tucana.

(...) 

Ordens da cela
Do lado de Haddad, prepara-se uma estratégia de modo a mostrá-lo como alguém moderado e aberto ao diálogo, como se isso fosse plausível num ressentido PT, partido que a todo custo tenta regressar ao poder para concretizar de uma vez seus planos de se vingar dos que o apearam do Planalto, trazendo com ele as práticas políticas já conhecidas – se é que é possível chamar a corrupção institucionalizada e o saque despudorado ao Estado de prática política. Interlocutores do petismo juram de pés juntos que tentam tirar do centro da cena a turma mais incendiária, a começar pela própria presidente do PT, senadora Gleisi Hoffmann (PR) – uma tática estilo “engana trouxa”, por óbvio. Ainda está bem viva na memória de todos a presença de Haddad ao lado de Gleisi e de outros nos atos a favor de Lula, hoje condenado e preso. Como também não há como dissociar Lula e Haddad, para o bem e para o mal. A troca de candidatos deu-se em frente à Polícia Federal em Curitiba, marcando claramente a existência da tutela. E não há cidadão brasileiro hoje que não saiba que é Lula quem comanda da prisão em Curitiba toda a estratégia eleitoral de Haddad. E será Lula quem comandará Haddad da sala-cela da PF, caso o petista seja eleito. Se a menção a Lula atrai votos para Haddad, ela é também limitadora junto aos eleitores fora da polarização.


MATÉRIA COMPLETA, em IstoÉ

 

Nenhum comentário: