O candidato à Presidência da República pelo PSL, Jair Bolsonaro, está
dando os retoques finais no que vem sendo chamado de “Manifesto à
Nação”, no qual pretende fazer um compromisso em defesa da democracia,
responder às críticas de racismo e misoginia, e reiterar ao mercado de
que trabalhará pelo ajuste fiscal. O formato ainda está sendo definido –
se será um texto ou um vídeo – e a ideia é divulgar a mensagem nas
redes sociais.
A intenção é que o conteúdo tenha forte tom emocional e possa ser
gravado ainda no quarto do hospital, onde o candidato se recupera da
facada que recebeu no dia 6 deste mês, em Juiz de Fora (MG), durante
agenda de campanha. A equipe de apoiadores gostaria de divulgar o
manifesto “o quanto antes”, mas Bolsonaro, que é quem dá a palavra final
sobre tudo em sua campanha, ainda quer discuti-lo um pouco mais. O documento está sendo elaborado a várias mãos e um dos temas
centrais, de acordo com um dos auxiliares que participaram da discussão,
é rebater acusações de que o capitão da reserva não tem compromisso com
a democracia e que a sua chegada ao Palácio do Planalto represente um
resquício de ditadura.
Neste domingo, 23, um grupo que inclui intelectuais, juristas,
artistas, esportistas, ativistas e empresários subscreveu um manifesto
contra o candidato do PSL, intitulado “Pela democracia, pelo Brasil” [mais informações]. Seguidores de Bolsonaro entendem que existem vários pontos que
precisam ser respondidos. O candidato quer mostrar que deseja a união do
País e responder que a acusação de racista não se sustenta porque ele
vem de uma instituição (o Exército) que é um extrato de toda a população
brasileira.
Bolsonaro quer somente responder aos ataques que
vem recebendo.
O momento da divulgação, porém, ainda não foi definido porque o
candidato teme eventuais efeitos negativos do manifesto a menos de 15
dias do primeiro turno. Apesar de não citar o ex-presidente Fernando
Henrique Cardoso (PSDB), aliados de Bolsonaro usam como exemplo as
críticas que o tucano recebeu ao divulgar no fim da semana passada uma
carta em que defendeu a necessidade de deter a “marcha da insensatez”. Pelo que ficou acertado até o momento, o candidato do PSL dirá que
está em franca recuperação no hospital e vai agradecer ao povo
brasileiro pelas orações. Ele também deverá tratar de economia,
destacando a importância do ajuste fiscal e rechaçando a tese de que é
estatizante. Pretende ainda reforçar que não tem divergência com seu
guru econômico, Paulo Guedes, mesmo após as polêmicas da semana passada
envolvendo a proposta de criação de tributos aos moldes da CPMF.
Estadão Conteúdo
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