O Brasil está com medo. Há um sentimento de angústia, de que o País
deve passar momentos de muita tensão e com resultados imprevistos. Isso
independentemente de quem vença a eleição. A frustração é evidente.
Imaginava-se que o processo eleitoral iria abrir caminho para a solução
da mais grave crise política do Brasil republicano. Ledo engano. O
processo eleitoral vai aprofundar a instabilidade. Nada indica, por
exemplo, que haverá alguma mudança no Congresso Nacional. Muito pelo
contrário.
A tendência é de que a Câmara dos Deputados mantenha os mesmos
interesses nada republicanos como sua prioridade, mesmo que haja — como é
habitual — uma renovação nominal, apenas nominal. E o Senado? A
“renovação” é a volta de Eduardo Suplicy, a presença da novata Dilma
Rousseff e o retorno de Jader Barbalho, Renan Calheiros et caterva.
Para a Presidência da República o quadro é ainda mais
desanimador. Isso porque a possibilidade de mudança, por ser uma eleição
majoritária, é mais viável. Contudo o quadro foi se agravando no
decorrer do processo de construção das candidaturas. Por incompetência
(ou conivência) da Justiça, Lula fez gato e sapato da sua condenação.
Não cumpriu em momento algum a sua pena. Transformou a sua “cela” — uma
suíte de 15 metros quadrados — na Polícia Federal em comitê de campanha.
Recebe emissários todos os dias. Fala com quem quer. Dá ordens. É
obedecido. E nada acontece. Tudo é visto como absolutamente natural.
A direita liberal mais uma vez não conseguiu apresentar um candidato
viável. Logo abandonou a raia e optou oportunisticamente pelo apoio à
extrema direita que nem programa tem, vive de arroubos vazios mas
apresenta bons resultados nas pesquisas de intenção de voto. Sinal não
tanto de concordância, mas produto da raiva popular, da profunda
irritação com o sistema político. O centro democrático ficou absolutamente paralisado. Com enorme
dificuldade para escolher um candidato adequado aos tempos atuais acabou
se definindo por um que nunca foi ativo militante de oposição efetiva
ao petismo. Hoje representa tudo o que os eleitores não querem.
E, pior, fez de tudo para sabotar uma candidatura de enfrentamento ao
petismo mas dentro dos marcos democráticos, que combinasse
combatividade com eficiência administrativa, respeito à coisa pública
com ousadia empresarial. Resta recordar Horácio: “Carpe diem, quan
minimum credula postero.”
Marco Antonio Villa, historiador, escritor e comentarista da Jovem Pan e TV Cultura.
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