Presidenciável chegou a dormir com dois policiais federais dentro do quarto
Eram 22 horas da
sexta-feira (14) quando os seguranças que faziam a ronda noturna na
entrada da UTI do hospital Albert Einstein, em São Paulo, começaram a
discutir uma falha na guarda do quinto andar do bloco A, ala em que o
presidenciável Jair Bolsonaro (PSL) estava internado até então. Ele se recuperava de uma facada desferida durante um ato público em Juiz de Fora, no início deste mês.
Poucas horas antes, um amigo da família
aproveitou a passagem de policiais federais à paisana e ingressou na ala
em que estão os leitos dos pacientes na UTI sem se identificar. O
homem, flagrado pela PF enquanto circulava pelo local sem autorização,
acabou removido do corredor. Imediatamente, o segurança que permitiu a
entrada foi afastado e levou uma suspensão de três dias, com desconto no
salário.
O deslize deixou a PF em alerta. Até então,
três agentes com roupas de civil se revezavam 24 horas por dia em frente
ao quarto de Bolsonaro. No cômodo de aproximadamente quinze metros
quadrados, ficava permanentemente outro policial federal. Mas, diante da
falha em captar a entrada de um intruso, um novo agente foi escalado
para ficar ao lado do leito de Bolsonaro em tempo integral. Dividiram os
15 metros, portanto, Bolsonaro e dois policiais — até domingo (16), dia
em que foi transferido para a unidade de tratamento semi-intensivo.
O endurecimento na fiscalização era
perceptível desde que Bolsonaro ingressou no hospital. Seguranças haviam
sido deslocados para cada uma das entradas da UTI – uma de pacientes,
outra de funcionários e ainda a de visitantes. Os agentes de uma empresa
privada se revezavam de duas em duas horas em frente às portas que
davam acesso aos quartos dos pacientes em estado grave.
Todos os visitantes tinham de passar pela
recepção para se identificar. O procedimento era obrigatório até para os
filhos de Bolsonaro e incomodou pessoas próximas do deputado, como o
presidente em exercício do PSL, Gustavo Bebianno,
que chegou a discutir com um segurança que não o deixou passar sem que
fosse identificado. “Você sabe quem eu sou?”, esbravejou Bebianno para o
funcionário. [protesto imbecil o desse tal de Bebbiano; que obrigação tem um segurança de conhecer um presidente de partido político? ainda mais um presidente em exercício.
Qualquer segurança tem o DEVER de só permitir o ingresso em local sob sua guarda de pessoas devida e previamente identificadas.]
Bebianno tem passado longos períodos no
hospital. Foi no Albert Einstein que ele costurou uma trégua com os
filhos do presidenciável, que reclamavam da centralização exercida por
ele na campanha. O cessar-fogo teve como objetivo frear o protagonismo
do vice Hamilton Mourão, que vinha distribuindo declarações desastrosas
nos eventos que participou. A interlocutores, Bebianno afirmou que vive
“o melhor momento” com os herdeiros de Bolsonaro.
Naquela sexta à noite, o dirigente do PSL
entrou pela última vez no quarto de Bolsonaro às 19h30, acompanhado de
três pessoas. A acompanhante de uma paciente da UTI logo o reconheceu.
“Esse aí não sai daqui”, disse. Ele deixou o local no meio da entrevista que o principal adversário de Bolsonaro, o petista Fernando Haddad, concedida ao Jornal Nacional, da TV Globo. Noticiários da rede Globo dominam a
programação na TV do quarto de Bolsonaro no hospital. O filho Carlos é
quem mais tem ficado ao lado do pai. Ele dorme no local enquanto Eduardo
e Flávio fazem campanha para os cargos eletivos que disputam em São
Paulo e Rio de Janeiro, respectivamente.
A mulher do candidato, Michelle, também
visita o marido com frequência. Ela é descrita por familiares de outros
pacientes como uma pessoa elegante e que costuma cumprimentar quem
encontra pelos corredores. Em razão do estado fragilizado de Bolsonaro,
as conversas no quarto perderam o tom exaltado que era característico
de reuniões anteriores ao atendado. Pessoas que visitam o candidato
dizem que ele está emocionalmente abalado e impaciente com as restrições
impostas pelos médicos. O candidato deseja retomar as rédeas da
campanha o mais rápido possível, mas os filhos têm freado o ímpeto do
pai. O presidenciável nem sequer consegue se levantar sem o auxílio de
um enfermeiro.
Na UTI, cinco enfermeiros e três juntas
médicas, compostas por quatro especialistas cada, se revezavam de oito
em oito horas para cuidar de Bolsonaro. Quando o quadro do candidato era
considerado mais grave, e havia a necessidade de se fazer um exame, ele
circulava pelos corredores deitado em uma maca e com o corpo todo
coberto por um lençol – inclusive a cabeça, justamente para evitar ser
fotografado. As únicas imagens divulgadas na internet
foram feitas por correligionários. Certa vez, uma mulher que acompanhava
outro paciente na UTI tentou filmar o candidato clandestinamente. Foi
repreendida pelos seguranças e forçada a deixar o local.
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