Dois médicos cirurgiões e um investigador da Polícia Civil, que trabalha no IML de BH, explicam o fato
A ausência de sangue na faca que atingiu a barriga do deputado federal e candidato à Presidência da República, Jair Bolsonaro (PSL), na camisa e no pano branco que cobriu o ferimento criou dúvidas a respeito do atentado na cidade mineira de Juiz de Fora, na Zona da Mata nessa quinta-feira (6).
Médicos ouvidos pela reportagem do Estado de Minas, na manhã desta sexta-feira, asseguraram que essas observações só fazem sentido aos olhos do leigo. Por se tratar de um momento de ânimos acirrados da campanha eleitoral, os dois cirurgiões pediram para que suas identidades sejam mantidas em sigilo. O mesmo ocorreu com um investigador da Polícia Civil que trabalha no IML de Belo Horizonte.Um dos médicos ouvidos pela reportagem, cirurgião-geral há 38 anos, hoje lecionando em uma Faculdade de Medicina em Minas, disse que quanto mais rápida a estocada de um objeto cortante, a exemplo do que ocorreu com Adélio Bispo de Oliveira, menos suja a arma sairá do corpo da vítima. O cirurgião-geral explicou que, apesar de o corte em Bolsonaro ter sido profundo, provocando hemorragia interna, a arma pode ter sido sido limpa pela gordura que o corpo humano tem sob a pele. Além disso, ele explicou que as imagens veiculadas no momento em que o candidato é atingido não permitem garantir que não havia sangue na faca.
Outro cirurgião ouvido pela reportagem, que opera há mais de 10 anos em um hospital de Belo Horizonte, disse que a explicação para a falta de sangue na faca pode ser explicada pelo fato de o líquido peritoneal (contido na cavidade abdominal) ser de baixa viscosidade e, por isso, ter diluído o sangue. Além disso, o corte sofrido em uma veia abdominal, que levou o candidato a ter uma hermorragia interna, não se exterioriza de imediato, o que pode explicar também o pano branco não ter sido machado de sangue. O sangue fluiria para dentro e não para fora.
Perícia
O cirurgião-geral e professor destacou também que apenas o laudo da perícia técnica poderá afirmar se a faca apreendida pela Polícia Militar, cuja foto foi divulgada para a imprensa, é de fato a arma do crime.
Opinião compartilhada pelo investigador da Polícia Civil que trabalha no IML. Ele lembrou os recursos técnicos disponíveis hoje para detectar sangue ou qualquer outro fluido que fica em armas usadas em crimes, ainda que microscopicamente. Em meio à confusão que se seguiu ao atentado, destacou o investigador, não se sabe nas mãos de quantas pessoas essa faca passou.
Correio Braziliense
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