Vereadores aceitaram proposta do Executivo, que prevê aumento da alíquota de contribuição dos funcionários públicos e criação de um sistema de previdência complementar para novos trabalhadores com salário superior a R$ 5,6 mil
A Câmara Municipal de São Paulo aprovou na madrugada deste sábado, 22, em primeiro turno, a reforma da Previdência
dos servidores municipais. Com 33 votos favoráveis e 16 contrários, os
vereadores aceitaram a proposta do Executivo, que prevê aumento
da alíquota de contribuição dos funcionários públicos de 11% para 14% e a
criação de um sistema de previdência complementar para novos
trabalhadores com remuneração superior a R$ 5,6 mil. Na prática, esses
funcionários teriam um teto de aposentadoria similar ao que existe no
sistema privado. A expectativa é de que o texto seja votado em segundo
turno no dia 26 para, então, ser encaminhado para sanção do prefeito Bruno Covas (PSDB).
O vereador Claudio Fonseca (PPS) criticou a forma como o projeto foi aprovado. "O governo quis aprovar na calada da noite um projeto que vai tirar 3% do salário dos servidores sem resolver o problema do déficit na Previdência". Já o vereador Fábio Riva (PSDB), líder do governo na Câmara, comemorou, argumentando que o projeto é essencial para o equilíbrio das finanças da cidade. "Não existe vencedor ou vencido. Quem ganha é a saúde financeira da cidade". Ele rebateu as acusações da oposição de que a base do governo deixou para aprovar o projeto às vésperas das festas de fim de ano, quando a capacidade de mobilização dos servidores é menor. "A sociedade estava aqui representada e esse projeto estava em discussão há meses", afirmou.
Toninho Vespoli, também do PSOL, reagiu para defender a colega e os dois trocaram empurrões. A situação ficou ainda mais tensa quando o presidente da Casa, Milton Leite (DEM), tentou iniciar a sessão de votação, sem que todos os inscritos a falar fossem ouvidos. Representantes dos servidores e vereadores contrários protestaram. O texto avaliado pelo legislativo estava diferente daquele que vinha sendo discutido desde o início do ano. De última hora, a gestão Covas enviou um substitutivo com duas alterações principais, o que fez com que a proposta precisasse passar novamente pelas comissões temáticas, o que ocorreu perto das 22 horas de sexta. Na sequência, o projeto foi discutido no plenário e, então, votado.
As mudanças no texto
A
primeira mudança feita no texto foi a autorização para usar a verba
arrecadada com privatizações e concessões para cobrir o déficit
previdenciário, o que contraria promessa do ex-prefeito João Doria
(PSDB) de que esses recursos seriam destinados apenas para investimentos
sociais em áreas como saúde e educação. A segunda alteração
foi o recuo na criação de fundos separados para servidores que entrarem
na rede a partir da aprovação da lei e os atuais, medida chamada de
segregação das massas. Hoje, o valor de contribuição dos funcionários da
ativa ajudam a pagar as aposentadorias e pensões dos servidores
inativos. A ideia era criar um sistema de capitalização para que a
previdência dos novos servidores fosse autosuficiente.Os dois pontos mais polêmicos da proposta original foram mantidos: o aumento da alíquota de contribuição dos trabalhadores de 11% para 14% e a criação de um sistema previdenciário complementar (a Sampaprev) para novos servidores com rendimentos acima de R$ 5,6 mil, o que criaria um teto de pagamento para as aposentadorias similar ao que existe no setor privado.
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