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quinta-feira, 27 de dezembro de 2018

Você compraria carro usado na mão do Queiroz?


[COMPRARIA. Algumas precauções que devem ser adotadas quando se compra um objeto usado podem tornar a operação um excelente negócio – para as duas partes]


A boa notícia é que Fabrício Queiroz está bem. A ótima notícia é que o 'faz-tudo' de Flávio Bolsonaro emergiu do seu álibi hospitalar para revelar ao país que não é o sujeito desonesto que muitos imaginavam. 


[URGENTE! QUEIROZ REVELA A VERDADE SOBRE FLÁVIO BOLSONARO - CONFIRA AQUI!]


Ao contrário, o amigo do clã Bolsonaro é um exemplo a ser seguido. Se você está desempregado ou recebe um salário abaixo das necessidades, seus problemas acabaram. Largue tudo o que não está fazendo. Reorganize-se como um Queiroz. E realize o sonho da movimentação bancária "atípica". Ele repousa sobre quatro rodas. E está ao alcance de todos. "Eu sou um cara de negócios, eu faço dinheiro", declarou Queiroz ao SBT. [imperioso lembrar que nem sempre movimentar um grande volume de recursos resulta em ganho diretamente proporcional aos valores movimentados.

À primeira impressão Queiroz terá que provar o recolhimento de tributos sobre os lucros que teve em sua atividade.

É público e notório que compra e venda de carros usados é uma forma de ganhar algum dinheiro - insistindo que nem sempre vender um carro usado por R$ 100.000,00, propicia um lucro de cinco mil reais.]


"Compro, revendo, compro, revendo. Compro carro, revendo carro, sempre fui assim. Gosto muito de comprar carro de seguradora. Na minha época lá atrás, comprava um carrinho, mandava arrumar, revendia. Tenho uma segurança." O resultado, como se sabe, foi estupendo. Entre janeiro de 2016 e janeiro de 2017, Queiroz movimentou R$ 1,2 milhão na sua conta bancária —média de R$ 100 mil por mês. Coisa incompatível com os cerca de R$ 23 mil que Queiroz recebia como motorista e segurança de Flávio Bolsonaro na Assembleia Legislativa do Rio e policial militar.


(...)


Não fosse pela indiscrição do Coaf, Queiroz poderia se abster de declarar "não sou laranja", pois ninguém suspeitaria que sua conta pudesse abrigar uma espécie de caixa dois com verbas da folha do gabinete de Flávio Bolsonaro. Queiroz tampouco precisaria justificar os R$ 24 mil repassados à futura primeira-dama Michelle Bolsonaro —"O nosso presidente já esclareceu. Eu tive um empréstimo de R$40 mil e eu passei dez cheques de R$ 4 mil." 
 [Elio Gaspari, de forma sábia e insuspeita, declarou em matéria publicada ontem na Folha e no O Globo:
  “... Um depósito de R$ 24 mil na conta da mulher de Jair Bolsonaro já foi explicado por ele como parte do pagamento de um empréstimo pessoal. O presidente eleito reconheceu que não informou a transação à Receita Federal, mas atire a primeira pedra quem já não fez isso com uma pessoa de suas relações.  ...”


(...)


Agora que já veio à luz a explicação "plausível" que Flávio Bolsonaro dissera ter escutado do seu ex-assessor há 20 dias, a plateia já pode tirar suas próprias conclusões. Descobriu-se que Queiroz atribui a movimentação bancária atípica de R$ 1,2 milhão à compra e revenda de carros. Não foi exibido um mísero documento.  [ consta que no Brasil impera o 'estado democrático de direito' - há dúvidas - e viver sob tal estado implica em que o ônus da prova,  que inclui apresentar documentos, é de quem acusa.
Quanto à questão dos tributos, cabe aos órgãos de fiscalização, utilizando métodos adequados, estimar valores eventualmente devidos, cabendo ao Queiroz, não concordando com os mesmos, refutá-los, devendo para tanto apresentar as provas do que alega.]



(...)



A certa altura, Queiroz resumiu numa frase o objetivo de sua aparição às vésperas da posse de Jair Bolsonaro. "Quero pedir desculpa à família Bolsonaro. Tira a imprensa deles. Vem em cima de mim. Eu sou o problema, não eles." Quem não quiser fazer papel de bobo deve iniciar a avaliação sobre o caso respondendo rapidamente uma indagação tão simples quanto embaraçosa: 
Você compraria um carro usado na mão do Queiroz?





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