Só a soberba explica antecipação de Marco Aurélio a uma decisão já marcada para o pleno do STF
O ministro Marco Aurélio Mello
tem um ego inflado, nutre gosto especial pela polêmica e exibe vocação
acentuada para o exercício do voto vencido. Nesta condição, mais de uma
vez se manifestou contra a decisão da maioria de seus pares de autorizar
a prisão de réus após condenação em segunda instância de Justiça.
Nesta quarta-feira (19/12) decidiu liminarmente que os presos naquela circunstância devem ser soltos.
Prerrogativa dele, em tese nada a reparar. A questão que muda um pouco
de figura a situação é que o presidente do Supremo Tribunal Federal,
Dias Toffoli, havia marcado votação sobre o tema no plenário do STF para o
dia 10 de abril, ambiente e ocasião em que o assunto será encerrado
definitivamente.
Não havia postergação e, portanto,
bastava Marco Aurélio aguardar a sessão colegiada para se manifestar e
integrar-se à maioria vencedora ou mais uma vez fazer parte da minoria
vencida. A decisão limitar pega o STF de toga curta, pois tomada já
praticamente no início do recesso do Judiciário. O magistrado em questão
terá um bom período pela frente em que valerá sua decisão pessoal.
Privilegiasse o coletivo, esperaria.
Preferiu ceder à tentação da egolatria.
Que não muda o que porventura vier a decidir o tribunal, mas sustenta a
soberba de quem se vê na condição de impor e fazer valer a própria
opinião. [desta vez Marco Aurélio foi vencido, em questão de horas, por voto proferido pelo ministro presidente do STF, autoridade superior a sua que pretendia ignorar.]
Dora Kramer - Veja
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