Palavras de Despedida do Gen Villas Bôas
Excelentíssimo senhor Presidente
Bolsonaro e senhora Michelle, festejamos suas presenças, assim como a
Nação brasileira festeja os sentimentos coletivos que se desencadearam a
partir de sua eleição e assunção do cargo. O senhor traz a necessária
renovação e a liberação das amarras ideológicas que sequestraram o livre
pensar, embotaram o discernimento e induziram a um pensamento único,
nefasto como assinala o jornalista americano Walter Lippman, “quando
todos pensam da mesma maneira, é porque ninguém está pensando”.
2018 foi um ano rico em acontecimentos
desafiadores para as instituições e até mesmo para a identidade
nacional. Nele três personalidades destacaram-se para que o “Rio da
História” voltasse ao seu curso normal. O Brasil muito lhes deve.
Refiro-me ao próprio presidente Bolsonaro, que fez com que se
liberassem novas energias, um forte entusiasmo e um sentimento
patriótico há muito tempo adormecido. Ao ministro Sérgio Moro,
protagonista da cruzada contra a corrupção ora em curso e ao general
Braga Netto, pela forma exitosa com que conduziu a Intervenção Federal
no Rio de Janeiro. Todos demonstraram que nenhum problema no Brasil é
insolúvel.
Destaco a presença do ministro Dias
Toffoli, que, desde que assumiu a presidência do STF, vem fortalecendo o
judiciário, conectando-o com a sociedade brasileira e seus anseios.
Aqui inscrevem-se também os ministros Luiz Fux, Cármen Lúcia e Alexandre
de Moraes, a Procuradora Geral da República Raquel Dodge e a Advogada
Geral da União, ministra Grace Mendonça, o ministro do STJ Francisco
Cândido de Melo Falcão Neto, o desembargador Thompson Flores, presidente
do TRF4 e o Dr. Wilson, consultor jurídico do Exército. Igualmente, o Superior Tribunal Militar e
o Ministério Público Militar tiveram atuação determinante para a
manutenção da disciplina nas Forças, bem como nos proporcionaram a
segurança jurídica indispensável ao nosso êxito nas situações de
emprego.
Desde que assumi o comando, tive como
uma das principais preocupações a coesão do Exército e a identificação
com a sociedade de onde temos origem. Nesse sentido, prestaram grande
serviço os companheiros da reserva em todo o Brasil, incluindo-se aí os
oficiais R2 representados pelas associações (AORE) e 3C de São Paulo. A
todos sou muito agradecido pela aderência às nossas mensagens e
diretrizes e pelas manifestações de apoio e confiança que em nenhum
segundo me faltaram. Minha homenagem especial e agradecimento
às esposas de soldado, abnegadas mestras na arte de se readaptar a cada
nova guarnição e esteio indispensável ao exercício da profissão pelos
maridos. São essenciais ao êxito da estratégia da presença em locais
remotos e, por vezes, inóspitos, pois o coração do soldado reside onde
está sua família. Talvez por sua juventude, muitas vezes não têm noção
da grandeza do que realizam. Ali estão tão somente por amor aos
esposos, pelo dom de servir e por dedicação ao Brasil.
No mundo moderno, as Forças Armadas
incorporaram funções inéditas. Uma delas é a Indução do Desenvolvimento
econômico, científico, tecnológico e social. Para essa tarefa tornam-se
indispensáveis o esforço e a participação conjunta das indústrias de
defesa. Rendo minha homenagem e agradeço aos empresários que, com
resiliência, conseguiram superar os percalços decorrentes da incerteza e
descontinuidade dos repasses orçamentários que enfrentamos. Boas vindas aos integrantes da imprensa,
que, permanentemente vigilantes, produziram o efeito de induzir o nosso
aperfeiçoamento institucional. Nesses quatro anos, convivemos com
notáveis jornalistas, formadores de opinião da estatura de William
Waack, Alexandre Garcia, Tânia Monteiro, Natuza Nery, Heraldo Pereira,
Marco Antônio Villa, Merval Pereira, Pedro Bial, Júlio Mosquera, Thais
Oyama, Igor Gielow, Ana Dubuex, Délis Ortiz, Gerson Camaroti, Eliane
Cantanhêde, Fernando Gabeira e o empresário João Saad, entre outros.
Minha jornada, como comandante, começou a
partir da indicação da presidente Dilma Roussef e do Ministro Jaques
Wagner. A ambos sou reconhecido. Posteriormente, fomos honrados com a
permanência no cargo pelo presidente Temer, que dedicou grande
deferência às Forças Armadas e manifestou enorme confiança, evidenciada
pela complexidade das missões que nos atribuiu. No Ministério da Defesa sucederam-se
três amigos, Aldo Rebelo, Raul Jungman e general Silva e Luna, que bem
souberam nos representar politicamente e pleitear os recursos
necessários à manutenção da prontidão das Forças e ao desenvolvimento
dos projetos de modernização.
Ao assumir o comando, de imediato
busquei inspiração em meus antecessores, generais Leônidas, Tinoco e
Zenildo, todos em memória, e os generais Gleuber, Albuquerque e Enzo,
cujas presenças agradeço. O momento especial vivido pelo Brasil deve-se
não somente aos protagonistas contemporâneos como nós, mas também a
ações remotas empreendidas por eles, com determinação, resiliência,
firme ação de comando e liderança. Lograram superar sucessivas
dificuldades orçamentárias, políticas e ideológicas, mantendo-nos
coesos, apegados a nossos valores e identificados com a Nação
brasileira. Nesses quatro anos, fui ainda um
expectador privilegiado da ação de comando sobre suas Forças por parte
do almirante Eduardo Bacelar Leal Ferreira e pelo brigadeiro Nivaldo
Luiz Rossato. Com esses novos velhos amigos, identificamo-nos e
alcançamos total integração. Quero ressaltar que diante de situações
delicadas, que exigiram tomadas de posição, fizemo-lo com respaldo
mútuo. Com ambos e as queridas Cris e Rosa, vivemos momentos
inesquecíveis de compartilhada alegria e intensa amizade, que tenho
certeza, enfeitará a nossa vida para sempre.
Igualmente, desfrutei da camaradagem
profissional do Almirantado e do Alto-Comando da Aeronáutica que, em
ligação com seus correspondentes do Exército, foram facilitadores da
integração das ações de interesses comuns. No MD, a atuação das Forças foi
potencializada pela capacidade de coordenação do almirante Ademir, bem
como dos Secretários Gerais, inicialmente o próprio general Silva e Luna
e, posteriormente, o brigadeiro Amaral. Deles dependeu o atendimento
das necessidades orçamentárias e administrativas das Forças. Volto ao meu Exército, onde ingressei há
52 anos, precisamente no dia 15 de março de 1967, inspirado em meu pai,
artilheiro de boa cepa, e estimulado por minha mãe, verdadeira mulher
de soldado.
(...)
Por fim, nesse momento, embora
emocionado, sinto-me extremamente feliz, pela circunstância de estar
passando o comando do Exército de Caxias a um profissional que elevará
os níveis de desempenho da Força Terrestre, tanto no que diz respeito à
parte anímica, quanto na eficiência operacional, ancorado na evolução
tecnológica que vigorosamente persegue, bem como na interação com a
sociedade, respaldado em sua evidente e renomada capacidade intelectual,
na cultura profissional, na sólida liderança estratégica e na vasta
experiência.
Amigo Leal Pujol,
Quando você olhar para trás, me verá em
forma, imóvel, coberto e alinhado a sua retaguarda, como só os infantes
sabem fazer, sob sua liderança, ansioso por contribuir para a grandeza
do nosso Exército, desejando, de coração, absoluto êxito em sua gestão e
muitas felicidades para você, Regina e sua família.
Que meu último ato como comandante seja
um abraço de gratidão em cada integrante do Exército de Caxias. Levo
como principal legado a saudade, porque, na minha alma, permanecerá esse
vínculo com todos aqueles que comigo ombrearam nesses 52 anos de
caserna, eternizado em cada sorriso e continência que me prestaram.
Em meu coração ecoam todos os brados que nos emulam:
Selva!
Força!
Comandos!
Precede!
Pantanal!
Montanha!
Aço!
Aviação!
Caatinga!
Aeromóvel!
Planalto!
Pátria!
Sertão!
Zum
zaravalho!
Brasil
acima de tudo!
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