Acusado teria negociado valores a pretexto de influenciar em decisões nos tribunais superiores que garantiriam a recondução de um prefeito então afastado ao cargo
O Ministério Público Federal no Distrito Federal
denunciou, nessa terça-feira (19/3), um advogado suspeito de exercer
tráfico de influência em decisões proferidas no Supremo Tribunal Federal
(STF) e no Superior Tribunal de Justiça (STJ). A ação penal é resultado
de investigações no âmbito da Operação Mercador de Fumaça, deflagrada
em 2017. Segundo
a MP, as investigações apontaram que o acusado havia negociado valores a
pretexto de influenciar em decisões nos tribunais superiores que
garantiriam a recondução de um prefeito então afastado ao cargo pela
Justiça estadual.
No documento, o MPF relata
que o advogado solicitou o pagamento de R$ 800 mil para garantir
provimento de recurso no STJ. A manobra seria realizada em favor de seu
pretenso cliente, o ex-prefeito de Ferraz de Vasconcelos (SP), Acir
Filló dos Santos. No entanto, o recurso apresentado pelo político foi
indeferido. Com a remessa do processo ao STF, desta vez, advogado chegou
a pedir R$ 2 milhões para assegurar que a decisão daquele tribunal
seria favorável à recondução do político.
As investigações revelaram, ainda, conversas sobre as negociações
via WhatsApp entre o advogado e o ex-prefeito. A peça reforça as
acusações apresentando 'prints' do aplicativo que foram entregues por
Acir dos Santos. Em um dos trechos o advogado diz: "O pessoal garantiu o
resultado, data...td certo (...)". A propriedade do número de telefone
citado foi comprovada pela Polícia Federal.
O
nome dado à operação – Mercador de Fumaça – faz alusão ao fato de que o
acusado "vendia fumaça", ou seja, uma influência não comprovada. A ação
destaca ainda que essa não é a primeira vez que o acusado é processado
por tráfico de influência, "reforçando a percepção de que o ora
denunciado é um contumaz praticante do crime de exploração de
prestígio". Em 2014, o advogado chegou a ser condenado pela prática
criminosa.
A reportagem procurou o advogado, mas as ligações não foram atendidas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário