O Presidente Jair Bolsonaro
pretende fazer mudanças em alguns de seus 22 ministros só depois da aprovação
da reforma da Previdência. Por uma espécie de “intuição estratégica”, Bolsonaro
desistiu de mexer no time quando completasse 100 dias de governo. Ele deseja
pegar pesado na cobrança das metas propostas com as efetivamente realizadas.
Apenas quem não aguentar a pressão poderá pedir para sair antes, mas a tendência
é que tal pedido não aconteça, inclusive naqueles cujo desempenho deixa a
desejar.
Deixar o time do jeito que está
– mesmo quem não está agradando operacional e politicamente – tem o objetivo
básico de diminuir a pressão parlamentar por cargos no governo. Vários partidos
cobiçam ministérios, oferecendo, em troca, a promessa de votar a favor da
reforma da Previdência. Bolsonaro resolveu que não vai atender tais pedidos
agora. O Presidente prefere que a fidelidade seja demonstrada, primeiro, com a
aprovação do pacotão do Paulo Guedes. Por isso, nada de alteração ministerial
agora, a não ser por extrema emergência.
Bolsonaro avalia que seu
governo consegue suportar a pressão política por cargos. Tanto que já repetiu e
continuará insistindo que não fará toma-lá-dá-cá
da “Velha Política”, trocando posições ministeriais e grandes cargos por votos
na aprovação de medidas importantes no Congresso Nacional. O Presidente já
verificou que conta com outra “arma” para reduzir a volúpia parlamentar: a
liberdade de ação da Polícia Federal para investigar políticos até agora não
apanhados nas operações derivadas da Lava Jato. Os alvos estão na base aliada
ou na débil oposição. Bolsonaro se acha pronto para a resistência.
O Presidente da Câmara, Rodrigo
Maia, foi o primeiro que não passou no teste de Bolsonaro. O Bolinha, como é
carinhosamente conhecido o filho de César Maia, resolveu reagir contra o
governo e o Presidente, exatamente após a surpreendente prisão do ex-Presidente
Michel Temer, do “sogrofake” Moreira Franco e do Coronel Lima – que é a
memória-viva de todos os problemas do marido da bela Marcela. Rodrigo teme ser
alvo da nova rodada de delações premiadas que envolvem seu nome com esquemas de
corrupção. Rodrigo esperneou, e foi até São Paulo fazer queixa e conchavo com
tio João Dória... Que fofo...
Acontece que Bolinha não está
sozinho. Vários outros parlamentares alimentam o mesmo cagaço. Por isso, Bolsonaro aposta que a Lava Jato e variações vão
ajudá-lo a ocupar o tempo dos parlamentares, reduzindo o espaço dos “pedintes”,
principalmente os que se acham mais “poderosos”. A temporada de Limpeza
Política tende a se aprofundar, apesar da má vontade da cúpula do Judiciário –
que a cada instante fica mais impopular. Bolsonaro já descobriu o quanto vale
deixar a PF trabalhar livremente. Os bandidos no Congresso nacional tendem a
reclamar, ainda mais, do projeto Anti-Crime do ministro Sérgio Moro...
Os caríssimos advogados de
bandidos de fino-trato são outros que devem entrar na temporada de desespero.
Já aguarda designação de relator na Comissão de Constituição e Justiça da
Câmara dos Deputados o Projeto de Lei 442/19. O PL, que altera a lei sobre os
crimes de lavagem de dinheiro ou ocultação de bens, direitos e valores,
estabelece pena de três a dez anos de prisão, iniciado em regime fechado, mais
multa, para advogado que receber honorários advocatícios tendo conhecimento da
origem ilícita dos recursos de sua remuneração.
O texto é do deputado Rubens
Bueno. Na verdade, não é uma idéia original. Mas sim uma leve alteração do PL
4341/12 do ex-deputado Chico Alencar. A proposta acabou arquivada ao final da
legislatura passada. Agora, tem tudo para retornar em clima de altíssima
polêmica, principalmente porque a seção nacional da Ordem dos Advogados do
Brasil tem se posicionado, de maneira péssima, a favor dos “direitos humanos”
dos corruptos. Do jeito que a coisa desanda,
não demora para ganhar força a proposta de acabar com a contribuição
compulsória para a OAB e outras ordens de classe. Aliás, se acabou a contribuição
obrigatória para os sindicatos, o mesmo deveria ocorrer com as “representações
federais”. Vamos torcer para alguém com bom senso apresentar um Projeto de Lei
com a bem-vinda proposta.
Enquanto a limpeza
institucional acontece no ritmo possível, seria bom que os apoiadores de Jair
Bolsonaro contivessem a ansiedade. Alguns com menos fé já meteu o pau no Presidente
e em seu governo, nas redes sociais. Críticas alopradas ficam melhor na
boquinha da oposição sem-noção. Ainda é cedo para bater tanto... Impeachment do
Bolsonaro não tem a menor condição de acontecer, até porque os opositores
morrem de medo de uma eventual gestão do Antônio Hamilton Mourão... [comentando: apesar do esforço de grande parte da imprensa para atribuir crimes ao presidente Bolsonaro, até agora não conseguiram arrumar sequer um fiapo de indicio para acusar o capitão de 'crime de responsabilidade' ou qualquer outro delito.
Até aqui o capitão tem dado umas escorregadas - a mais grave a questão dos vistos para americanos sem a reciprocidade. mas, nada disso pode configurar nenhum tipo de crime, exceto a prática de açodamento, o que não é crime.
Quanto aos dois ex-presidentes presos se impõe um destaque:
- um deles, o petista, é réu em dezenas de processos, condenados em dois a mais de 24 anos de prisão, sendo que em um deles a sentença já confirmada duas vezes pelo TRF-4, sua prisão mantida várias vezes pelo STJ, STF e até a ONU desistiu de tentar soltar o condenado.
Já o segundo, Michel Temer, sequer foi denunciado.]
Assim, o negócio é deixar
Bolsonaro fazer seu teste político de resistência com a colaboração de uma
Polícia Federal tendo toda liberdade para investigar, pedindo ao Ministério
Público para punir quem merecer. Depois da aprovação da reforma da Previdência,
quem não se mostrar desonesto e parecer realmente fiel, poderá reivindicar,
legitimamente, um espaço político na administração federal, sem a troca
vergonhosa de cargos que já levou dois Presidentes da República para o
xilindró...
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