Diretor do sistema Penitenciário Federal diz que preocupação de autoridades com o PCC em Brasília se deve por falta de conhecimento. Imprensa visitou instalações do presídio de segurança máxima na manhã desta quarta-feira
O líder do Primeiro Comando da Capital (PCC), Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola, transferido para a Penitenciária Federal em Brasília há cinco dias cumpre
pena em Regime Disciplinar Diferenciado (RDD). Em razão de não poder
sair para tomar banho de sol diário de duas horas, ele está instalado em
uma cela de 14 metros quadrados com uma pequena fresta por onde o sol
entra. As demais têm 6m².
Durante
os 20 primeiros dias, Marcola fica em fase de inclusão, ou seja, em
isolamento total. Mas, quando desembarcou em Brasília, na última
sexta-feira (23/3), o preso perguntou porquê havia sido transferido. No
presídio, ele é classificado como um interno “doutrinado”. Obedece aos
comandos, cumpre as regras e não apresenta nenhuma resistência. Ele e
outros três integrantes do PCC se instalaram na última semana em
Brasília, após serem transferidos da penitenciária de segurança máxima
em Porto Velho (RO).
Desde fevereiro, outros três presos da facção já tinham chegado ao Distrito Federal, mas a unidade funciona desde 16 de outubro de 2018 e também pode abrigar delatores. Mas, por questão de segurança, não informam a quantidade de presos nem a facção ao qual pertencem.
Na
tentativa de acalmar os ânimos com o governador do Distrito Federal,
Ibaneis Rocha (MDB), o Ministério da Justiça e da Segurança Pública
abriu as portas da Penitenciária Federal em Brasília para a imprensa na
manhã desta quarta-feira (27/3). A penitenciária tem vaga para 208 presos, um em cada cela. Além desses espaços, há 12 celas de RDD. Uma delas abriga Marcola.
Banho de sol
Penitenciária Federal em Brasília
Diretor do sistema Penitenciário Federal, Marcelo Stona reforçou
que não há risco da presença de Marcola e outros presos de facções
criminosas no DF. Isso porque, segundo ele, não há qualquer tipo de
contato físico entre os visitantes e os presos.
Inclusive a visita de
advogados ocorre via parlatório e não há visita íntima. Além disso,
Stona frisou que todas as conversas são gravadas. Ele também alegou ser
um mito pensar na mudança de familiares e parentes de presos ao DF. “Essa
hipótese não se sustenta. Inclusive há presos do Rio Grande do Sul
custodiados em Rondônia. Nestes casos, os familiares vão até a
Defensoria Pública e pedem que o contato seja feito por uma
videoconferência que também é monitorada”, explicou.
As
visitas ocorrem semanalmente e têm duração de três horas. “Boa parte da
preocupação de algumas autoridades se mostra pelo efetivo
desconhecimento das regras que o sistema penitenciário atua”, alegou.
“Nao há motivo para preocupação, porque não existe contato físico, as
visitas são 100% monitoradas e nunca entrou nenhum celular durante os 13
anos de funcionamento do sistema”, acrescentou.
Stona
também frisou que há uma rede de contato de inteligência com as forças
policiais locais, o que minimiza qualquer possível articulação de
criminosos em liberdade para resgate de presos na Penitenciária Federal
em Brasília ou possíveis ações de ataques na cidade, como queima de
ônibus.
Quem
não está em RDD tem direito a duas horas por dia de banho de sol. A
inteligência da penitenciária faz uma separação dos presos que podem ou
não ficar juntos. É o único momento do dia que eles têm contato físico e
visual, mas o limite é de 13 pessoas.
Agentes
monitoram os presos em quatro torres de segurança com snipers
posicionados. Embora haja o limite de 13 presos em banho de sol, os
servidores só permitem a comunicação até em três presos. Esse é o único momento do dia que os presos saem da cela. Também têm a permissão de estudar e assistir aulas dentro do sistema.
A penitenciária inaugurada em outubro de 2018 tem quatro blocos. Em cada um deles, há quatro corredores com 13 celas. O objetivo é que cada preso fique recluso sozinho.
Correio Braziliense
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