Presidente completou 120 dias no poder, mas, até agora, não se sabe o
destino da promessa de fazer uma reforma política e acabar com a
reeleição [ao que se sabe Bolsonaro não se comprometeu a apresentar proposta de reforma política e acabar com a reeleição;
o que foi dito, no calor da campanha, pelo nosso presidente é que ele não apoiaria nenhuma emenda mantendo a reeleição.
Além do mais, a turma contra Bolsonaro = adeptos do 'quanto pior melhor' - continua ainda tentando promover o terceiro turno.]
Aconteceu num sábado no Rio, ano passado, uma semana antes do segundo
turno eleitoral. O candidato Jair Bolsonaro anunciou uma de suas
“primeiras medidas”, promessa repetida desde o início da campanha: “O
que eu pretendo, tenho conversado com o Parlamento também, é fazer uma
excelente reforma política para acabar com o instituto da reeleição, que
no caso começa comigo, se eu for eleito.”
Oito dias depois, estava eleito. Perguntaram-lhe sobre a reeleição e ele
fez a primeira ressalva: “A possibilidade de não concorrer à reeleição é
se conseguir fazer um acordo para aprovar a reforma política. Não é
apenas ‘eu não vou concorrer à reeleição.’” Já completou 120 dias no poder mas, até agora, ninguém viu ou sabe o
destino da promessa, uma das “primeiras medidas” de governo. Por gestos e palavras, sugere ter se rendido à síndrome do Planalto —
transe no qual o presidente, já no primeiro dia, se incorpora num novo
mandato. Assim foi com Fernando Henrique, Lula e Dilma. Com Bolsonaro
não é diferente.
“A pressão está muito grande para, se eu estiver bem (de saúde), me
candidatar à reeleição”, ele contou dias atrás ao repórter Augusto
Nunes. Com três décadas na política, e tendo garantido a dinastia na
folha do Legislativo, Bolsonaro dissimula sobre a origem da “pressão”
para descumprir sua promessa — se íntima, familiar ou dos acólitos. Deixa escapar alguma culpa ao sugerir que vestígios da jura de candidato
ainda pairam na sua memória. Talvez aflito com a possibilidade de que
negligência o deprecie, continua a falar em “uma reforma política”, mas
salteia a reeleição. Projeta uma redução do tamanho da Câmara, do Senado
e, por consequência, das assembleias estaduais e câmaras municipais.
Arremata, como se falasse para si mesmo: “Se essa proposta me custar a
reeleição, eu assino.”
Contratos verbais não valem a tinta com que são assinados, ensinava o
lendário produtor hollywoodiano Samuel Goldwyn (nascido Schmuel Gelbfisz
em 1882). Não custa estimulá-lo: assina, Bolsonaro!
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