A vassoura da Lava Jato passou pelo Legislativo, pelo Executivo e pelos
porões de construtoras e de "campeões nacionais". Poderosos
tornaram-se impotentes. Foram ao lixão as biografias de três ex-presidentes da
República. O mais popular deles, Lula, está preso há um ano.
Entretanto, frustraram-se todas as tentativas de levar a faxina aos salões do Judiciário.
Pois bem, Sergio Cabral se oferece à Procuradoria para abrir uma fenda capaz de
conduzir aos podres de uma Corte brasiliense, o Superior Tribunal de Justiça.
Chegou a hora de ouvir o que o larápio tem a dizer. Desde que se declarou
viciado em propinas, no final de fevereiro, Cabral vem jogando iscas na direção
dos procuradores. Nesta sexta-feira, inquirido novamente pelo juiz Marcelo
Bretas, responsável pela Lava Jato no Rio, o ex-governador começou a disparar
suas balas perdidas para o alto. Apresentou-se como um delator serial,
enfileirando alvos como o TCU, Lula, "a presidente" (pode me chamar
de Dilma), Aécio Neves… A essa altura, se os procuradores deixarem de ouvir o
que Cabral tem a dizer estarão flertando com a prevaricação.
Cabral
repetiu no depoimento que são mesmo seus os US$ 100 milhões em propinas que a
Lava Jato localizou no estrangeiro. Contou que, a partir de 2012, o dinheiro
sujo "passou a ser utilizado aqui." Houve inclusive a repatriação de
parte do butim "para ser usado na política". Nesse ponto, o candidato
a delator declarou: "Fui achacado por parlamentares federais, tive que
fazer tratos com ministros do TCU e do STJ." O depoente colocou-se "à
disposição do Ministério Público."
O juiz
Bretas indagou: "Teve que fazer tratos?" E Cabral: "Tive que
fazer. Deputados e senadores. Enfim, tive que atender a presidente da República
[absteve-se de mencionar o nome de Dilma], para beneficiar, aqui [no Rio],
pessoas." Não teve o mesmo comedimento com o padrinho de Dilma: "O
senador Crivella [hoje prefeito do Rio] foi fazer queixa ao presidente Lula de
eu não ter aproveitado ele no governo. E eu dei ciência ao presidente Lula. O
presidente Lula sabia que eu tinha pago propina. Disse a ele na sala do
Planalto".
Cabral referia-se a uma acusação que acabara de fazer no seu depoimento.
Contou que Marcelo Crivella, atual prefeito do Rio, vendeu seu prestígio
político na eleição municipal de 2008. Cabral disse ter providenciado com o
empresário Eike Batista US$ 1,5 milhão para comprar o apoio de Crivella à
candidatura de Eduardo Paes, que representou seu grupo político na disputa pela
prefeitura. Noutro trecho do depoimento, Cabral suou o dedo na direção do
Judiciário estadual. Afirmou que o "esquema criminoso" montado com as
empresas de ônibus do Rio "abarcava Ministério Público, Alerj, governo do
Estado. Marcelo Bretas interveio: Executivo, Legislativo, na Alerj…"
Cabral apressou-se em acrescentar: "E membros do Tribunal de
Justiça." Alguns dos acenos que Cabral faz à Procuradoria se parecem muito
com pés de cabra para forçar portas já arrombadas. Ao esmiuçar a caixinha dos
ônibus, ele empurra para dentro do caldeirão desafetos como Moreira Franco, o
casal Anthony e Rosinha Garotinho e até um morto: Leonel Brizola.
Na parte em que apontou seu dedo duro na direção de Brasília, mencionou
no atacado, sem citar nomes, os "achaques" de parlamentares. No
varejo, levou aos lábios o nome de Aécio Neves. Disse que mandou
"dar" R$ 3 milhões ao grã-tucano na campanha presidencial de 2014: R$
1,5 milhão proveniente de propinas da Fetranspor, a federação das empresas de
ônibus; e R$ 1,5 milhão da caixa clandestina da OAS. Larápio de mostruário,
Cabral acumula condenações que somam 198 anos de cadeia. Já deixou claro que
deseja tornar-se um colaborador da Justiça. Num primeiro depoimento, deu a
impressão de que desejava, na verdade, migrar da condição de colecionador de
sentenças para a de administrador de uma delação seletiva. Ignorado, o
presidiário exibe disposição para levar à mesa segredos úteis à Lava Jato. Não
resta aos investigadores senão ouvir o que Cabral tem a dizer.
Se o
ex-presidente da Alerj, ex-senador, e ex-governador por oito anos adicionar
carne no seu angu, pode-se oferecer ao prisioneiro algum conforto e à mulher
dele, Adriana Anselmo, um refresco. Se o lero-lero de Cabral vier
desacompanhado de provas ou de pistas que possam conduzir a elas, sua confissão
não valerá nada. Não há outra maneira de saber se o gatuno tem potencial para
virar um dos principais delatores da Lava Jato senão virando-o do avesso num
bom interrogatório.
LEIA TAMBÉM: De olhono retrovisor, capitão trombou com o país
[comentando e perguntando:
- que importa 57% dos brasileiros acharem que o Movimento Revolucionário de 31 de março de 1974, a Redentora, o Contragolpe deve ser desprezado?
NADA.
- qual a importância de 57% do brasileiros desprezarem o MOVIMENTO que livrou de vivermos em uma Cuba, Coreia do Norte ou Venezuela?
NENHUMA.
Além de NADA importar, NENHUMA importância ter e o valor ser ZERO - afinal as pesquisas recebem alguma importância quando as eleições estão próximas, o que não é o caso presente.
Outro detalhe é que a credibilidade das pesquisas a cada eleição cai mais um pouco - muitos lembram que as vésperas de Bolsonaro ser eleito em segundo turno com quase 60.000.000 de votos os institutos de pesquisa faziam malabarismos para tentar parecer que Bolsonaro estava na rabeira.
Em tal tarefa, não muito honrosa, os institutos tinham o apoio de grande parte dos comentaristas e especialistas.
Assim é simplesmente jogar dinheiro fora, realizar/efetivar tais pesquisas.]
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