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sexta-feira, 4 de outubro de 2019

O STF virou a matriz da “sensatez”, enquanto os sensatos estão todos errados Analista político

Adail Inglês

O Supremo Tribunal Federal se transformou na matriz de uma sensatez ideológica que agride e preocupa a sensatez, sem qualificativo. Impressiona a formação de uma maioria de sete entre onze ministros, tomando decisões que remetem para a insegurança jurídica e num agir autoritário que vai além das atribuições que a Constituição define ser missão da instituição a que esses senhores e senhora, da maioria dos sete, pertencem.

E decisões focadas para dificultar e anular decisões da mais vigorosa organização já formada no País para enfrentar e desbaratar as poderosas forças da corrupção e do crime organizado, que tomaram conta da administração pública, em seus três níveis de governo, com braços avançados na própria organização social da população, beirando mesmo a criação de uma cultura generalizada da desonestidade.

A Operação Lava Jato, que é aplaudida pela sociedade nacional, que resgatou a esperança das pessoas de bem, dos brasileiros sensatos, quanto a vantagem de ser honesto, investigando, denunciando, processando, condenando e prendendo figuras públicas e grandes empresários, tidos até então como poderosos e inatingíveis, virou alvo de ataque e de combate dos poderes da República, onde, justamente, deveria encontrar o maior apoio e incentivo em seu valoroso trabalho de restabelecimento da probidade administrativa. Ataque e combate que partem, à luz do dia, da Suprema Corte e do Poder Legislativo, tanto da Câmara dos Deputados, quanto do Senado da República.

A ''Casa dos horrores'' fez o Brasil Tremer


Da Suprema Corte, não há nenhum ministro denunciado e processado, pela simples razão de que eles não se permitem a serem investigados, não tendo o menor pudor em constranger membros do Senado da República, a cujo poder devem explicações, se solicitadas, para não avalizarem proposta de uma investigação, nos termos autorizados e permitidos pela Constituição Federal. Uma escandalosa quebra da independência dos Poderes da República, pela intervenção indevida e pela submissão do Legislativo ao Judiciário. Esse simples fato, confessado por próprios senadores, já deveria se constituir em razão suficiente para a formação e funcionamento de uma CPI, pela evidente demonstração da existência de malfeitos por parte de integrantes da Suprema Corte, que não se permitem a ser submetidos a uma investigação, com o que tornam claras suas ligações com o mundo da corrupção e do crime organizado. Dado o elevado respeito e crédito que o STF sempre mereceu da sociedade brasileira, ao menor indício de um desejo de investigação de um de seus membros, por parte da Casa do Congresso Nacional, que tem tal atribuição constitucional, deveria o próprio STF ser o primeiro a facilitar toda a investigação, de modo a assegurar o merecimento do respeito e crédito da sociedade brasileira. Como isso não aconteceu, esse respeito e crédito estão esvaziados, dando lugar a indignação e ao descrédito, banalizados, ao que parece, pela maioria dos sete, da formação de onze, diante das tomadas das últimas decisões.

Na Câmara dos Deputados, fez-se uma maioria, sob o comando do dirigente da própria Casa, que está a legislar em interesse próprio, eis que há muitos na Casa investigados por sérias suspeitas de cometimentos de atos impróprios de um parlamentar, que tem a obrigação de representar a população. E isso se estende ao Senado da República também, ainda que, de alguma forma, no Senado, esteja a surgir um rasgo de esperança, a partir do Grupo “Muda, Senado”, reunindo senadores sensatos, comprometidos com a verdadeira razão de ser da Câmara Alta.

Os brasileiros sensatos, bem formados, honestos estão a demonstrar tristeza, decepção e preocupação, pelo perigo da inversão dos valores, a partir de poderes da República, como o STF e o Legislativo. Os cidadãos sensatos, todos eles, estão achando que estão marchando com o pé errado… Hoje, pelo STF que aí está à mostra, os crimes do Mensalão não teriam sido considerados crimes. E José Dirceu se manteria como “herói do povo brasileiro”. Ao lado de Lula, claro.

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