O ministro da Saúde emite sinais de que permanecerá no cargo, deixando ao presidente da República o ônus de demiti-lo
Em entrevista que concedeu ontem à Rádio Jovem Pan, o presidente Jair Bolsonaro afirmou que ele e o ministro Luiz Henrique Mandetta estavam “se bicando”. Assinalou ainda, entre outras grosserias, que o ministro da Saúde deveria ouvi-lo.
Bolsonaro fez o contrário do que tem dito, desde os tempos da campanha eleitoral, sobre o ministro da Economia, Paulo Guedes. O então candidato dizia que não entendia de economia, mas contava com o “Posto Ipiranga” para aconselhá-lo no assunto. A frase foi repetida muitas vezes após assumir o cargo de presidente da República. Agora, invertendo o raciocínio, Bolsonaro diz que ele é a pessoa a ser consultada. Não consta que o presidente detenha conhecimentos científicos ou experiência médica para emitir orientação ao ministro da Saúde, que, além de médico, tem vasta experiência como administrador de hospitais e de um plano de saúde.
Em outras circunstâncias, a maneira com que Bolsonaro se referiu a
Mandetta seria motivo suficiente para o ministro pedir demissão. Tudo
indica, porém, que ele tomou a decisão de permanecer no governo,
sustentar sua posição de defesa do isolamento social completo, liderar
firmemente sua equipe, e articular-se com a comunidade médica e com
secretários de Saúde de estados e municípios. O ministro Mandetta tem demonstrado admirável equilíbrio e
competência no exercício do cargo em hora difícil para ele e o país. Ao
que tudo indica, diante do comportamento do presidente, deixou a ele a
decisão de demiti-lo, se assim o desejar. O ônus e as consequências
serão de inteira responsabilidade de Bolsonaro.
Blog do Mailson - Maílson da Nóbrega, ex-ministro e jornalista - VEJA
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