Se o plano vai dar certo ou não, não se sabe. Mas o roteiro está traçado. Só não vê quem não quer
“Ufa! Que alívio, o comício golpista fracassou. Podemos respirar.”
Análise errada. Conclusão errada.
O comício de Bolsonaro não fracassou: ele foi exatamente do tamanho que o capitão determinou. No último 7 de setembro, Bolsonaro botou milhões nas ruas. Sua capacidade de mobilização não se reduziu de lá para cá. Muito pelo contrário: só na última semana, o bolsonarismo criou mais 300 mil robôs. Apenas no Twitter.
O capitão botou pouca gente na rua porque quis, para não quer queimar a largada. O método de Bolsonaro é conhecido: ele estica a corda, todo mundo se apavora, alguns protestam, ele afrouxa a corda — mas nunca recua para onde estava, sempre fica um pouco avançado em relação a antes.
Vai continuar na mesma toada até o próximo 7 de setembro, quando vai botar de novo milhões nas ruas para o que, espera, será grande arrancada em direção à vitória. A narrativa da fraude eleitoral estará cada vez mais na boca dos bolsonaristas.
No dia 2 de outubro, Bolsonaro vai declarar que venceu no primeiro turno, mas que a vitória foi roubada, e continuará elevando o tom até o dia 30. Se ganhar no segundo turno, vai declarar que sua vitória teria sido muito maior se não tivesse havido “fraude”. Se perder, vai botar a nação bolsonarista na rua para fazer arruaça, melar o resultado e exigir nova eleição com direito a apuração paralela e/ou outros mecanismos golpistas.
Se vai dar certo ou não, não se sabe. Mas o roteiro está traçado. Só não vê quem não quer. [A necessidade de cumprir pauta, obriga a narrar o que foi estabelecido.]
Ricardo Rangel, colunista - VEJA
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