J. R. Guzzo
Cada vez mais, Lula fala com a arrogância de quem vive uma paixão incontrolável por si mesmo
O ex-presidente Lula armou em torno de
sua imagem internacional o que pode estar sendo o maior embuste da
história política deste País. Aqui dentro, onde a população tem a
oportunidade de saber melhor quem ele é, principalmente porque
experimentou na própria pele as consequências de suas passagens pelo
governo, sua vida não é tão fácil - entre outras coisas, no momento,
precisa ganhar uma eleição para presidente da República. Lá fora, porém,
vive em estado de graça. Graças à lavagem cerebral operada pela mídia
do Primeiro Mundo, as elites "globalistas" e a militância mundial de
esquerda, Lula se transformou numa pessoa que não existe.
Virou um
mártir das "causas progressistas", um resumo de tudo o que há de mais
sublime no ser humano - e, segundo a imprensa, "está de volta do
exílio", para reassumir o governo e livrar os 200 milhões de brasileiros
do "pesadelo" que estariam vivendo hoje.
Lula nunca esteve no exílio. Esteve na cadeia, pela
prática dos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro, condenado em
terceira e última instância por nove juízes diferentes.
É mentira,
também, que tenha sido absolvido e que a "Justiça brasileira" tenha
reconhecido "erros judiciais" ao condená-lo. Lula não foi inocentado de
nada.
O que houve foi uma decisão demente do STF, que anulou as quatro
ações penais existentes contra ele com uma justificativa
reconhecidamente fútil, sem dizer uma sílaba sobre culpa ou inocência.
Pior ainda é a ficção de que foi "absolvido pela ONU" - uma vigarice que
Lula está usando como prova mundial de sua inocência.
Um desses comitês
controlados pela esquerda e que aprova qualquer coisa declarou, há
pouco, que Lula foi "injustiçado" - mas e daí?
O comitê central do PT, a
CUT e a associação dos bispos também disseram.
Fazem de conta, aí, que
"a ONU" pode, de fato, absolver alguém; não pode, assim como não
poderiam a Fifa ou o júri do Miss Universo, porque não é um tribunal de
Justiça. A "absolvição da ONU", porém, está aí; é um dos
argumentos-chave do seu marketing internacional.
O curioso, nisso tudo, é que Lula parece acreditar,
realmente, que é a entidade sobrenatural criada na mídia estrangeira;
fala cada vez mais, aqui no Brasil, com a arrogância de quem vive uma
paixão incontrolável por si mesmo. Já disse que, por causa da inocência
que lhe foi conferida "pela ONU", o Brasil teria de anular as eleições
de 2018 e que ele, Lula, deveria ser nomeado presidente da República.
Recusa-se a revelar seu programa para a economia; diz que o eleitor tem
de votar nele sem saber disso. Garante que resolveria a guerra da
Ucrânia com "uma cerveja". Não dá sinais de que vá parar.
J. R. Guzzo, colunista - O Estado de S. Paulo
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