O Fim da Beleza,
documentário recém-lançado da Brasil Paralelo, é o mais novo alvo das
milícias digitais travestidas de "censores do bem". Depois de um dia
inteiro de ataques nas redes sociais, sem querer a militância trouxe à
tona, de novo, a hipocrisia do discurso da esquerda, que acusa os outros
do que ela própria faz.
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Quem
é retrógrado e autoritário? Quem se propõe a valorizar o que é belo e
construir um pensamento crítico acerca da poluição visual das cidades,
por exemplo, ou da feiúra hoje tratada como arte? Ou quem sequer aceita o
debate e tenta até impedir que ele exista?
Ao
promover mais uma uma campanha de cancelamento contra quem pensa
diferente, a militância de extrema esquerda deixa claro que é ela quem
adora tirania e censura.
A vítima da vez foi uma
trilogia que propõe um novo olhar sobre o que estamos vendo e o que nos
está sendo empurrado como arte. Aparentemente a esquerda não quer
assistir, nem discutir o assunto, mas também não quer permitir que os
outros assistam ou discutam.
Prefere propor o
banimento do filme para que as pessoas fiquem presas à ideia de que
bonito é o só o que os ditos “progressistas” criam ou apreciam.
Brasil Paralelo e “O Fim da Beleza”
O Fim da Beleza é uma
série documental de três episódios, que estão
disponíveis de graça no YouTube da Brasil Paralelo, como todos os outros filmes da produtora, que surgiu em 2016 se propondo a ampliar o acesso à cultura e tratar de temas ignorados pela maior parte dos cineastas e produtores de filmes nacionais.
A linha condutora dos
roteiros é conservadora, pautada em valores que são os mesmos da maior
parte dos brasileiros, conforme já ficou provado em pesquisas. Não à toa
as dezenas de documentários já lançados nesses 5 anos de atuação da
empresa tiveram milhões de visualizações. O público
tem aprovado a qualidade do material produzido e provado que existe
demanda por conteúdo que fuja do massacre midiático imposto pela
esquerda.
Campanhas de cancelamento e censura
Desde que surgiu a Brasil Paralelo vem sendo alvo de críticas e campanhas de difamação promovidas pela militância de esquerda, que não aceita ver produções questionando o “politicamente correto”, levando o público a reflexões que não vinham sendo feitas nas últimas décadas, onde um pensamento único dominou o meio artístico e acadêmico.Nessa
trilogia, especificamente, a Brasil Paralelo convida o público a
questionar o lado estético da arte contemporânea e até a arquitetura das
cidades, levantando um debate sobre o que é belo, afinal, nesses tempos
em que museus exibem telas em branco ou com qualquer rabisco, sem
moldura ou assinatura.
A série de documentários
mostra obras de arte consagradas contrastando com a feiúra e o vazio
criativo explicitados em performances com gente nua, disponível até para
ser tocada pelo público (incluindo crianças), como se isso fosse uma
grande expressão artística.[RELEMBRE: 'queermuseu' é uma
aberração com apologia à pedofilia, à zoofilia, vilipendio à religião e
consiste de tudo mais que for reprovável, repugnante.]
É claro que os
“inteligentinhos”, como bem definiu o filósofo e escritor Luís Felipe
Pondé (um dos entrevistados, aliás, no documentário o Fim da Beleza),
não gostaram de ver a “arte” que eles tanto valorizam questionada. Partiram
para o ataque, chamando a Brasil Paralelo de "produtora de extrema
direita" e lançando uma campanha contra a exibição do documentário.
Acontece
que a triologia já estava lançada e fazendo muito sucesso. Somados, os
três episódios já tinham ultrapassado a marca de um milhão de
visualizações no YouTube quando a esquerda descobriu o filme. E
só descobriu, porque a produtora lançou um convite para estudantes
organizarem exibições do documentário nas universidades e, assim,
promoverem um debate saudável e necessário sobre um tema sobre o qual
professores não costumam se debruçar. Muitos, de fato, fizeram sessões
de cinema seguidas de discussões sobre arte e beleza.
Tentativa de censura na UFPRNa Universidade Federal do Paraná (UFPR),
um grupo de alunos ousou agendar a exibição do primeiro episódio do filme para uma sala da faculdade de Direito. Tão logo souberam do evento, professores e
alunos de esquerda começaram a pressionar a coordenação do curso de
Direito e até a reitoria, para tentar impedir que a sessão de cinema
ocorresse, alegando ser incompatível com um espaço de universidade
pública.Um perfil no Twitter, criado só para difamar
e lançar campanhas de ódio contra os fundadores da Brasil Paralelo, foi
pela mesma linha e propôs censura ao filme.
“O
Fim da Beleza da BP [Brasil Paralelo] tem uma exibição marcada amanhã
[dia 3] na faculdade de direito (sic) da @UFPR. É inadmissível este tipo
de conteúdo sendo propagado em universidades PÚBLICAS. Conto com vocês
para compartilhar e pressionar para impedir essa exibição. Os perfis são
@DireitoUFPR e @UFPR”
Publicação do perfil Brasil para lerdos, no Twitter
A partir desse perfil, universitários e jornalistas militantes de esquerda fomentaram a campanha de censura,
sugerindo inclusive que todas as produções da Brasil Paralelo fossem
consideradas criminosas. Agiram, mais uma vez, como um verdadeiro
gabinete de ódio ou milícia digital, expressões que tanto usam para
adjetivar os outros.
Os adeptos da cultura do
“cancelamento” foram rápidos. Uma das primeiras respostas ao post
propondo censura sugeriu que marcassem o perfil do reitor da UFPR, para
aumentar a pressão. No comentário seguinte o reitor já estava sendo
marcado e cobrado. “É aceitável a propagação desse
tipo de conteúdo dentro da Universidade Pública, senhor reitor?”,
perguntou um militante, sem especificar o que há de errado com o filme.
Provavelmente
nem sabia. É típico da esquerda falar do que não sabe, atacar um
conteúdo só porque não gosta de quem produziu. Fingem que lutam contra a
censura e promovem campanhas de censura; fingem defender a liberdade e
tentam impedir a livre expressão do pensamento e o livre acesso a
produções culturais sempre que o viés for diferente daquelas ideologias
que defendem.
Este parece ser, aliás, o modus operandi da
esquerda. Por que não criticaram o conteúdo, apresentando falhas,
trazendo uma contra-argumentação? Quando não conseguem debater com
argumentos tentam desqualificar o interlocutor.
Tentativa de criminalizar a produção de conteúdo conservadorVários perfis, inclusive de jornalistas de esquerda, entraram na campanha de difamação do documentário, aparentemente sem sequer assistir.
Teve militante de redação, que se diz liberal, promovendo enquete no Twitter para tentar associar o trabalho da Brasil Paralelo a crime.
“Você
seria a favor da proibição legal de documentários da Brasil Paralelo? E
acha que produzi-los e veiculá-los deveria ser crime?”, perguntou o
militante sem a menor vergonha de revelar-se autoritário. Tomou uma
lavada! Quase 90% dos que responderam disseram NÃO.O
reitor da UFPR, Ricardo Marcelo Fonseca, também não se rendeu à
pressão. Ele defendeu a liberdade de expressão dos estudantes e o
direito de usarem as dependências da universidade para exibir o filme.
Tiro saiu pela culatra
O Fim da Beleza nada mais é do que uma retrospectiva de cem anos de manifestações artísticas, desde o fim da Primeira Guerra Mundial, quando as máquinas da revolução industrial começaram a inspirar até a arquiteura e as formas artísticas foram deixando de se inspirar no homem e na natureza para seguir o maquinário industrial.
Professores,
críticos de arte, arquitetos, filósofos e psicólogos entrevistados
defendem que a decadência estética interferiu negativamente na
sociedade, mudando nosso jeito de ver a beleza. É uma tese até que pode
ser contestada, mas por que precisaria ser abolida do debate? Este
não foi o primeiro documentário da Brasil Paralelo que sofreu campanha
de difamação por pessoas que claramente sequer conheciam o conteúdo.
A
turma que sempre exige empatia, respeito às diferenças, que se diz
contra a censura, mas ataca a liberdade de expressão dos outros, já
tinha promovido ataques de ódio e desinformação contra a produtora de
filmes na época do documentário de estreia - 1964, Brasil Entre Armas e
Livros. O filme aborda o período do regime militar no
Brasil, apresentando depoimentos e documentos inéditos levantados até
no exterior, que trazem novos elementos para entender aqueles anos da
história política brasileira.
Aqui vale um
parênteses: jornais que difamaram a empresa Brasil Paralelo e o filme
1964, antes mesmo do lançamento, foram condenados pela Justiça a se
retratar, abrindo espaço para direito de resposta. Tiveram que admitir
que tinham falado mal do filme sem sequer conhecer o conteúdo e que os
artigos publicados não condiziam com a realidade.
Liberdade de expressão
Não adianta quererem cancelar pessoas e produções só por serem conservadoras. Ser conservador não é crime. Ainda que na pandemia a gente tenha visto até as redes sociais entrarem na onda da censura, impedindo médicos, cientistas, parlamentares e jornalistas conservadores e questionadores de falar,
a liberdade de expressão está garantida na Constituição brasileira.Quase todos que tiveram
vídeo derrubado ou perfil bloqueado, e entraram na Justiça, conseguiram
resgatar o acesso a posts apagados e contas banidas. No caso específico
da tentativa de censura ao filme O Fim da Beleza, o feitiço virou contra
o feiticeiro, como diz o ditado popular.
A sessão de cinema na Universidade Federal do Paraná foi mantida. O
documentário foi assistido por um grupo pequeno de estudantes, como
estava previsto, mas agora tem muito mais visibilidade, graças à
repercussão feita pelos militantes raivosos que queriam, porque queriam
censurar. A
Brasil Paralelo inclusive aproveitou que os fãs dos documentários da
produtora estavam contestando os difamadores nas redes sociais e
escancarou a hipocrisia. Primeiro compartilhou o post de
um seguidor que fez um apanhado de fotos de “performances artísticas”
bastante questionáveis, exibidas dentro de universidades federais.
“O
Fim da Beleza” nas universidades não pode, mas…”, diz a legenda para o
repost de fotos dos “artistas” nus se acariciando em público ou em poses
obscenas para causar constrangimento a quem assistia. No texto, junto
da publicação, o perfil da Brasil Paralelo publicou um resumo do ataque
que sofreu.
"Quando
criticados (nunca censurados) por suas "performances artísticas", alegam
que as universidades são território de livre expressão. Mesmo o corpo
humano é exposto e explorado publicamente. Nossa primeira produção de
2022 aborda um problema silencioso, pouco discutido no país, mas que
afeta todos nós."
Post da Brasil Paralelo no Instagram.
"Viajamos
pela Europa, EUA e Brasil para entrevistar grandes especialistas no
assunto. Para o documentário O Fim Da Beleza ganhar vida, não investimos
apenas dinheiro. Nossa equipe também investiu incontáveis horas de
trabalho para chegar no cerne da questão e explicá-lo de modo simples.
Debates, análises e investigações…"
"O
longo processo criativo resultou na trilogia disponibilizada
gratuitamente. Em poucos dias, a exibição voluntária de O Fim da Beleza
em escolas e universidades começou a ocorrer. Ao compreenderem a
profundidade da questão, alunos e professores enxergaram a necessidade
de discutir o conteúdo dos episódios."
"Mesmo
com todo esse esforço, há quem queira censurar o documentário. Não
querem o livre debate em universidades. Influenciadores se manifestaram
contra nossa liberdade de expressão. Universitários pediram boicote.
Parecem estar fazendo de tudo para que apenas um lado do debate seja
ouvido."
"Por que não nos deixam
introduzir novas ideias no debate público? Após anos batalhando pela
liberdade de expressão, não podemos aceitar a censura. O Fim da Beleza
precisa circular livremente. Ajude-nos assistindo e divulgando o documentário."
A produtora também compartilhou no Instagram uma
reportagem do jornal Folha de São Paulo que alimentava a polêmica. E
escreveu: “O Fim da Beleza, mais novo documentário da Brasil Paralelo,
segue incomodando quem estava acostumado a um discurso único,
hegemônico, nas universidades”.
"Bastou
confirmarmos a exibição do filme na Universidade Federal do Paraná e os
censores de Twitter já começaram a se mobilizar, ganhando mesmo
destaque na grande imprensa. Ironicamente, um filme que critica o
autoritarismo está sofrendo tentativa de censura. É um documentário com
a presença de acadêmicos nacionais e internacionais, de reputação
consolidada e com extensa bibliografia."
"Logicamente
estamos abertos a críticas, mas a universidade brasileira precisa
aprender a dialogar em vez de tentar proibir. Eles podem defender um
mictório como arte, crianças tocando em um homem nu como arte, mas não
podemos defender as obras de Florença, Veneza e Michelangelo?"
Post da Brasil Paralelo no Instagram.
Para
finalizar, vale dizer que o documentário O Fim da Beleza parte de uma
pergunta: “Se a beleza está nos olhos de quem vê, como estamos
enxergando o mundo”?
É uma boa provocação. Olhe ao
seu redor, pense nas pichações, chamadas por muitos de “arte urbana”.
Pense no que se vê nas bienais de arte e no que se produziu antes, por
gerações passadas, que deixaram um legado de muita beleza para a
humanidade.
Ao
me deparar com notícia a notícia de que estavam querendo calar uma
reflexão profunda como essa, sobre a morte do belo, lembrei da famosa
frase de um de nossos maiores poetas e compositores. Vinícius de Moraes
não foi cancelado ao dizer: “as feias que me perdoem, mas beleza é
fundamental”.
E como sua obra sobrevive até hoje,
acho que continua valendo o recado que, penso eu, ele quis passar: olhe e
aprecie o que é belo, porque a beleza é inspiradora.
Se ainda não tiver assistido, assista ao documentário O Fim da Beleza.
Não se deixe manipular. Comente só depois de assistir. Se não gostar do
que viu, argumente. Assim você não paga o mico de ficar dando uma de
rebelde sem causa, como esses que tentaram censurar o filme e acabaram
virando motivo de chacota.
Cristina Graeml, colunista - Gazeta do Povo - VOZES