Partes do hino do Rio Grande do Sul incomodam a população negra. A principal queixa é com o trecho que diz que "povo que não tem virtude, acaba por ser escravo"
Proposta pelo deputado Rodrigo Lorenzoni (PL) e outros 19 parlamentares, a PEC visa impedir que se coloque em discussão as alterações dos trechos do hino. "A nossa tradição e a nossa história mostram que somos um só povo", defendeu Rodrigo, filho do ex-ministro Onix Lorenzoni. Enquanto discursava na tribuna, manifestantes se viraram de costas para ele, em protesto.
Em oposição, a deputada Luciana Genro (PSOL) argumentou que há um "racismo intrínseco" na estrofe do hino do estado. "Nós ocupamos um lugar de privilégio em uma sociedade onde as pessoas negras são as que detêm os menores salários, detêm as menores oportunidades, trabalham nos serviços mais duros e vivenciaram, ao longo da história desse país, a crueldade e o crime da escravidão", pontuou.
Desde 1838, o hino do Rio Grande do Sul já foi alterado três vezes para retirar trechos considerados polêmicos. "O Hino Rio-Grandense que hoje é cantado possui uma história bastante peculiar. A partir de sua criação, muitas controvérsias se apresentaram no caminho até o formato atual. Existe o registro de três letras para a composição, desde os tempos do Decênio Heróico (como também se conhece a Revolução Farroupilha) até agora. Num espaço de tempo de quase um século, as três letras diferentes foram utilizadas até que uma comissão abalizada definisse o formato final", informa o governo.
A letra do hino é de Francisco Pinto da Fontoura, a música é de Comendador Maestro Joaquim José Mendanha e a harmonização de Antônio Corte Real. Parlamentares da oposição defenderam que o povo negro seja mais ouvido pela Assembleia Legislativa. "Esse debate só acontece porque pela primeira vez na história chegou uma bancada negra nesta Casa", disse a deputada Bruna Rodrigues (PCdoB).
Política - Correio Braziliense
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