J. R. Guzzo
Petista é hoje o maior pregador do ódio, da violência e da discórdia em atuação no Brasil
O
Brasil está afundando, cada vez mais, num abismo em que a autoridade
pública incentiva abertamente o linchamento dos inimigos políticos – ou
de quem é considerado inimigo.
O último surto desse tipo de doença
degenerativa, presente no DNA de todas as ditaduras, se manifestou em
mais um dos crescentes disparos de ira do presidente da República.
Sem esperar qualquer decisão da Justiça, Lula chamou de “animal selvagem” um cidadão acusado de ofender o ministro Alexandre de Moraes
num bate-boca no aeroporto de Roma. Sustentou, mesmo, que não se trata
de “um ser humano”. Disse, em seguida, que eles devem ser “extirpados”. O
que significa isso?
A lei brasileira exige que todos, sem distinção,
sejam tratados como seres humanos e tenham direito à vida; não há
exceções.
A lei também estabelece que todo mundo é inocente até ser
provada a sua culpa, e no caso, ainda não se provou nada; talvez não se
prove nunca. Não está previsto em lugar nenhum, enfim, que uma pessoa
deva ser “extirpada” – apenas que seja punida segundo o processo legal.
O
que Lula fez não foi exigir a aplicação rigorosa da lei. Foi estimular a
desordem.
Qual
a surpresa, aí? Este tem sido, há muito tempo, o comportamento natural
do presidente – ele é hoje o maior pregador do ódio, da violência e da
discórdia em atuação no Brasil.
Há algum outro que diga em público as
coisas que ele vive dizendo?
O que há de realmente perturbador não é
isso. É a aceitação passiva de um regime político que obriga a sociedade
a engolir a mentira no lugar da verdade – e que ameaça com cadeia, e
outros tipos de repressão, quem aponta os fatos.
É uma ordem jurídica
que trocou a lei pela vingança, usa a polícia como o seu serviço
particular de segurança armada e substituiu a realidade pela propaganda
oficial. É, mais do que qualquer outra coisa, a continuação do vale-tudo
ideológico e moral que começou com o combate ao ex-presidente Jair
Bolsonaro e a tudo o que havia ao seu redor. Bolsonaro ia acabar com o
Brasil; nesse caso, era justo usar qualquer meio para acabar com ele
antes, como aplicar a censura “só até a eleição”, ou dizer que a
“sociedade está acima da lei”.
É a velha história: vamos matar mil para
salvar um milhão.
Houve a mesma coisa com a histeria descontrolada, por
parte da máquina estatal, de todas as elites e da mídia, no tratamento
da covid. O Brasil ia desaparecer; era preciso, para salvar o País,
eliminar as liberdades, os direitos individuais e a vigência das leis.
Bolsonaro já foi. A covid já foi. Ficou, e vai ficando cada vez mais, a ideia de que só há um Deus, o consórcio STF-Lula, e uma só verdade – a deles.
J. R.Guzzo, colunista - O Estado de S. Paulo
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