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terça-feira, 18 de julho de 2023
Os supersalários do funcionalismo público e a desigualdade que “some” quando o PT governa - J. R. Guzzo
Gazeta do Povo - VOZES
Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado
O
debate sobre concentração de renda, uma praga tão ruim para o Brasil
quanto a saúva, saiu de moda agora no governo Lula –sempre sai, porque
enquanto Lula é presidente não existe concentração de renda, nem na
propaganda oficial e nem na mídia de consórcio.
Segundo a doutrina
oficial e os apresentadores da Rede Globo, a população do Brasil foi
riquíssima de 2003 a 2016,quando Dilma Rousseff foi posta para fora da
presidência da República. Essa mesma população, assim que o PT deixou o
governo, ficou paupérrima de uma hora para outra – culpa, segundo Lula e
a maioria da mídia, do “golpista” Michel Temer e, ainda muito mais, do
“genocida” Jair Bolsonaro. Chegamos, segundo Lula e o PT, a ter “33
milhões” de pessoas “passando fome”.
Os números do Banco Mundial,sempre
sagrados para a esquerda nacional, mostram o oposto:
- a pobreza extrema
no Brasil, aquela que realmente dá fome, caiu para 1,9% da população em
2020, o que daria umas 4 milhões de pessoas. Foi a maior redução da
miséria em toda a América Latina, mas e daí? Número que o PT não gosta
não existe.
Agora, com Lula de novo na presidência, pobreza e
concentração de renda sumiram de novo – o salário-mínimo assinado por
Lula é de 1.320 reais por mês, com o aumento de 18 reais (sim, 18 reais)
que ele deu, mas não se fala mais em pobres.
A dificuldade é que eles
continuam existindo na vida real,e tudo o que a autoridade pública faz é
para que aumentem cada vez mais.
Uma demonstração indiscutível dessa degeneração está numa reportagem que acaba de sair em O Estado de S.Paulo,
de autoria da jornalista Bianca Lima,mostrando que 25.000 magnatas do
funcionalismo público ganham acima do teto de 41.600 reais fixado para
os servidores –o que é ilegal, e coloca nos bolsos dessa casta, todo os
anos, 4 bilhões de reais tirados do pagador de impostos.
Alguns chegam a
ganhar 300.000 por mês, com o arsenal de truques legais que foram
montando ao longo dos anos, e que não param nunca de aumentar. É um
desvario integral, mesmo dentro do funcionalismo.
Os marajás representam
0,1% dos 25 milhões de funcionários públicos, federais, estaduais e
municipais que existem hoje no Brasil; seu salário médio é de 5.600
reais por mês, oito vezes menos que o teto, ou 50 vezes menos do que
ganham os gatos mais gordos – a turma dos 300.000 mensais. Ou seja: não
há apenas uma desigualdade demente em relação à renda da população
brasileira, mas em relação aos próprios funcionários públicos.
Essa mesma população, assim que o PT deixou o governo, ficou paupérrima
de uma hora para outra – culpa, segundo Lula e a maioria da mídia, do
“golpista” Michel Temer e, ainda muito mais, do “genocida” Jair
Bolsonaro
Não existe forma mais
primitiva de concentração de renda do que este sistema de remuneração
para os barões do aparelho estatal. Lembram-se do “capitalismo
selvagem”, e da sua crueldade em relação aos pobres?
Pois eis ele aí à
toda, mais selvagem do que nunca, e disfarçado de “políticas públicas de
valorização do Estado”. O pobre que era oprimido pelos“ricos”agora é
oprimido cada vez mais pelos salários alucinados do serviço público.
Que
maneira mais eficaz de concentrar renda, para o Estado, do que tirar
dinheiro de todos - a começar pelos mais pobres, que pagam imposto a
cada real gasto na sua sobrevivência –e dar para uns pouquíssimos
privilegiados a serviço do próprio Estado?
É claro que os marajás não
são apenas os 25.000 que ganham de 40.000 reais por mês para cima.
Há
todos os que vêm imediatamente abaixo, e embolsam importâncias jamais
sonhadas pelos brasileiros que pagam os salários de cada um deles. Ainda
assim, continuam sendo a minoria da minoria da minoria. É o estatismo
selvagem.
A
esquerda, quando falava do assunto, dizia que a concentração de renda
era causada pelo “capitalismo” e pelos que “ganham muito” nas suas
atividades ou empresas.
E que diabo o capitalismo tem a ver com os
salários da casta suprema da máquina pública?
A remuneração dessa gente é
fabricada por eles próprios, sobretudo pelos militantes financeiros do
Poder Judiciário. Juízes, procuradores, desembargadores e ministros
pressionam o tempo todo o Legislativo para que aprovem leis aumentando
os ganhos do judiciário.
É um bazar: os deputados trocam seus votos pela
proteção do Ministério Público e da magistratura, sobretudo a mais
alta, nos rolos que tiverem na justiça.
Para completar: os próprios
juízes, depois, julgam as causas que envolvem a sua remuneração.
Nunca,
jamais, em tempo algum, deram uma sentença contra os interesses
materiais da “classe”.
Concentração sistêmica de renda é exatamente
isso.
O Estado brasileiro, hoje, é a maior fábrica de pobres deste país.
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