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quarta-feira, 11 de dezembro de 2019

Avança investigação sobre Atibaia - Merval Pereira

O Globo

Sem esquecer


A operação Mapa da Mina, nome cuja explicação ainda está para ser dada, e representa a própria essência da nova fase da Lava Jato, é um recado para quem acha que já está livre das investigações. Há dois anos e dez meses a Operação Aletheia, que levou o ex-presidente Lula a depor coercitivamente à Polícia Federal no aeroporto de Congonhas, foi iniciada, mas só agora chega a seu fim.  Foram documentos apreendidos naquela ocasião que levaram a essa operação de ontem, e o nome dela é o título da apresentação financeira interna do grupo que foi investigado pela Aletheia. Ainda não se sabe o que significa, mas que o nome é sugestivo, isso é.

Entre os investigados estão os filhos de Lula, Fabio Luis, [vulgo Lulinha] que o ex-presidente dizia ser “o Ronaldinho dos negócios”, Marcos Claudio, Sandro Luis e Luis Claudio. A “coincidência” de que estavam envolvidos em negócios milionários com Jonas Suassuna e a família Bittar, proprietários no papel do sítio de Atibaia, reforça a suspeita de que o ex-presidente era, na verdade, o proprietário oculto do sítio, que seria um pagamento pelos favores feitos a seus negócios.

Os dois entraram em negócios que tinham o apoio financeiro da empresa de telefonia celular Oi, tudo indica, segundo o Ministério Público e a Polícia Federal, como recompensa a favores do governo. Há de tudo nesse processo, até a evidência de que o aparelhamento das estatais e das agências reguladoras propiciou a nomeação de diretores da Anatel para favorecer os interesses da Oi, inclusive na fusão com a Brasil Telecom que necessitou de uma mudança legal para ser concretizada.

Outra coincidência é que a juíza Gabriela Hardt, que ficou algum tempo como interina de Sergio Moro em Curitiba, recusou ontem a prisão preventiva de Lulinha, pedida pela Policia Federal. A juíza, que condenou Lula no caso do sitio de Atibaia, é constantemente citada pelos petistas como perseguidora de Lula. No caso em que Lula foi condenado pela juíza, o interessante é que a acusação contra Lula é de ter se aproveitado de obras de infraestrutura das construtoras OAS e Odebrecht no sítio que usava como sendo seu. Não houve acusação formal de que o sítio fosse de Lula, porque ainda não havia provas suficientes.

Desta vez, a acusação é justamente essa, unindo os pontos do caso, que parecia à maioria mais evidente do que o do triplex. Agora, parece que a investigação encontrou o mapa da mina, que leva a milhões de reais recebidos de diversas maneiras pelos parentes do presidente. Houve até um e-mail pedindo ao pessoal da empresa de Jonas Suassuna para limpar das mensagens todas as referencias ao governo. Ele ganhou também muitos negócios para sua empresa de produtos digitais, como a Nuvem de Livros, financiada por dinheiro governamental e que não apresentou resultados que justificassem esse aporte, segundo a acusação.

Várias outras empresas envolvidas há muito na Lava Jato aparecem também nessa investigação, confirmando que, conceitualmente, o trabalho de Curitiba ainda tem muito a revelar. Os bancos de dados das diversas operações levam a novas investigações, como já acontecera outras vezes. Acusações que aparentemente foram descartadas voltam à tona com o prosseguimento das investigações. Foi também uma demonstração de que o Procurador-Geral da República Augusto Aras fez bem em voltar atrás na ideia de reduzir o aparato mobilizado para a Operação Lava Jato.

Ainda há muito a fazer, como garantem os procuradores de Curitiba. A montagem do quebra-cabeças, como classificou o procurador Pozzobon, requer muita persistência, e por isso também os processos não devem ser distribuídos por diversos estados, como volta e meia tentam os advogados de defesa.  A tese de que é preciso centralizar as investigações para ter melhores resultados vai se confirmando à medida que as investigações prosseguem. Novos desdobramentos, como os de ontem, mostram à sociedade que a busca dos culpados nas diversas fases da operação Lava Jato não cessa. 

Merval Pereira, colunista - O Globo



sábado, 5 de março de 2016

Lula é conduzido coercitivamente, mas, faz comício em vez de dar explicações

Lula é conduzido coercitivamente a depor na Polícia Federal em São Paulo para esclarecer uma mínima parte de suas atribulações com a Justiça brasileira — mas já fez comício, em vez de dar explicações

Lula ama suas plateias. As plateias de Lula o amam. Mas isso não é suficiente para apagar as evidências de prática de crimes que levaram a Polícia Federal a escoltá-lo para depor, na sexta-­feira passada, em uma delegacia do órgão instalada no Aeroporto de Congonhas. Como todo populista, Lula é um defensor do igualitarismo, desde que ele seja sempre mais igual do que os outros. Um suspeito da autoria de crimes pelos quais ele é investigado, em especial o delito de ter enriquecido com repasses de dinheiro desviado de uma estatal que pertence ao povo brasileiro, é levado por policiais a depor coercitivamente. Basta que as autoridades decidam assim. Ponto. Mas Lula se acha acima da lei. Ele se sentiu no direito de debochar da Justiça e dos agentes policiais. 

Fez um pronunciamento depois de depor durante três horas à Polícia Federal sobre as razões pelas quais recebeu 30 milhões de reais de empreiteiras pegas na Operação Lava-­Jato por usufruírem um esquema de corrupção na Petrobras. Lula nada explicou. Nada disse que ajudasse os brasileiros a entender por que recebeu milhões de reais de empresas condenadas por esquemas de propina na Petrobras e de lobistas traficantes de medidas provisórias no seu governo. Fez-se de vítima e encenou o número de sempre diante de sua plateia

Enalteceu as próprias qualidades e magnificou seus feitos nos oito anos em que presidiu o Brasil. Feitos, aliás, que ninguém discute. Lula foi um governante de imensa sorte, presidindo um país cuja economia recebeu mais de 200 bilhões de dólares de recursos extras produzidos por exportações de minerais e grãos que tiveram preços recordes no período. Se no lugar de Lula tivesse sido eleito um "poste", essa massa espetacular de recursos teria sido injetada na economia brasileira da mesma maneira. Mas ter sorte não é um elemento desprezível na vida privada nem na pública. O problema para Lula é que, no âmbito da Justiça e nas encrencas que claramente ele tem com a polícia, a sorte não conta muito.


Foi louvável a tentativa de Lula de politizar os eventos de sexta-feira passada. Politizar é o instinto básico do ex-­presidente. Mas, como a sorte, esse atributo não ajuda muito Lula em suas atuais atribulações. Carlos Fernando Lima, um dos procuradores da Lava-­Jato, explicou o objetivo e a abrangência da Operação Aletheia (verdade, em uma tradução livre do grego). Disse ele: "Não temos nenhuma motivação política. A única consideração do Ministério Público é o legal versus o ilegal. Esta é apenas mais uma etapa da Operação Lava-Jato". O procurador esclareceu que, ao levar Lula coercitivamente para depor - em vez de marcar uma hora para recebê-­lo na delegacia -, o MP quis evitar manifestações públicas de parte a parte. "Sabemos da polarização que existe no país e, para evitar maiores manifestações, procuramos fazer da maneira mais silenciosa possível."

Com Policarpo Junior, Rodrigo Rangel, Daniel Pereira, Robson Bonin e Hugo Marques

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“Me senti um prisioneiro” na PF, DIZ Lula após depoimento na PF – Lula você já é um condenado, um sentenciado, falta apenas trancar a fechadura



"A jararaca está mais viva do que nunca", afirma Lula após depoimento à PF
Ex-presidente concedeu entrevista coletiva na tarde desta sexta-feira (04); o petista afirmou ainda que "se sentiu um prisioneiro"
O ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva ironizou a operação que o conduziu de maneira coercitiva para prestar depoimentos na 24ª fase da Operação Lava-Jato. “Se queriam matar a jararaca tinham que bater na cabeça. Bateram no rabo e a jararaca está mais viva do que nunca”, afirmou.

A afirmação foi feita em entrevista coletiva realizada na tarde desta sexta-feira (04), na sede do Diretório Nacional do Partido dos Trabalhadores, em São Paulo. Ainda durante a coletiva, Lula disse que “se sentiu um prisioneiro” ao ser conduzido para o depoimento.

Nesta manhã, a Polícia Federal cumpriu um mandado de condução coercitiva contra o ex-presidente, na 24ª etapa da Operação Lava-Jato, intitulada “Aletheia”. Os procuradores da força-tarefa do caso no Ministério Público Federal do Paraná afirmam que Lula recebia propina de empreiteiras. Os procuradores listam ao menos R$ 4,67 milhões em repasses ao petista feitos pelas empreiteiras Odebrecht e OAS ao petista. E ainda lança suspeitas sobre quase metade dos recursos recebidos por empresas e pelo instituto de 2011 a 2014.

O Ministério Público Federal no Paraná informou que o petista foi “um dos principais beneficiários” do esquema de corrupção na Petrobras, “enriqueceu” e usou os desvios para financiar campanhas políticas de seus aliados.

Fonte: Correio Braziliense

sexta-feira, 4 de março de 2016

Ex-presidente é levado para Curitiba

Dilma e Lula falharam no esforço de intimidar a Polícia Federal; ex-presidente é levado para Curitiba


“Aletheia”, em grego, quer dizer “verdade”, mas no sentido de desvelamento, de revelação. 

Precisamente, a palavra quer dizer “não” (a) “esquecimento” (lethe). Ao todo, o juiz Sérgio Moro expediu 44 mandados, sendo 33 de busca e apreensão e 11 de condução coercitiva 

O PT, Lula e a presidente Dilma Rousseff resolveram pagar para ver e estão vendo. Neste momento, a Polícia Federal cumpre mandado de busca e apreensão em todos os endereços de Lula e no apartamento de Fábio Luiz da Silva, o Lulinha, em Moema. O ex-presidente também era alvo de um mandado de condução coercitiva. Foi levado para depor em Curitiba. O habeas corpus preventivo obtido por seus advogados valia apenas para São Paulo.

É a 24ª fase da Operação Lava Jato, batizada de “Aletheia”, que investiga crimes de corrupção e lavagem de dinheiro relacionados à Petrobras. Ao todo, estão em diligência 200 policiais federais e 30 agentes da Receita.  Aletheia”, em grego, quer dizer “verdade”, mas no sentido de desvelamento, de revelação. Precisamente, a palavra quer dizer “não” (a) “esquecimento” (lethe). Ao todo, o juiz Sergio Moro expediu 44 mandados, sendo 33 de busca e apreensão e 11 de condução coercitiva.

Agentes da PF estão no dúplex de Lula, em São Bernardo; no Instituto Lula; no sítio Santa Bárbara, em Atibaia, e no tríplex do Guarujá.  O chefão petista e seus sequazes não contavam com isso nem nos seus piores pesadelos. O ex-presidente e os milicianos do PT achavam que poderiam intimidar a força-tarefa com um “não toquem em Lula”. Não deu certo.

A operação ocorre um dia depois da posse do novo ministro inconstitucional da Justiça, Wellington César, escolhido a dedo por Jaques Wagner, ao arrepio da legalidade. José Eduardo Cardozo, hoje na Advocacia-Geral da União e antigo titular da pasta, admitiu que recebia pressão dos petistas. É claro que a troca de guarda no Ministério da Justiça soou aos policiais federais como a evidência de que eles estavam na mira. O governo fez um esforço enorme para que todos achassem isso.

Pois é… A PF está deixando claro que o tiro pode ter saído pela culatra. Não estou dizendo que se trata de uma retaliação — até porque essa “visita” deveria ter sido feita muito antes. Mas é evidente que se trata de uma prova de independência e de altanaria.
Na sua delação, não custa lembrar o que Delcídio falou de Lula: Lula mandou pagar Cerveró
O senador petista relatou que o ex-presidente Lula comandou o esquema do pagamento de uma mesada ao ex-diretor da Petrobras, Nestor Cerveró, para tentar evitar sua delação premiada. Lula não queria que o ex-diretor da estatal mencionasse o nome do pecuarista José Carlos Bumlai, seu amigão, na compra de sondas superfaturadas feitas pela petroleira.

Lula comprou o silêncio de Marcos Valério Segundo Delcídio, o ex-presidente autorizou o pagamento de R$ 220 milhões de reais a Marcos Valério para que o publicitário ficasse calado em seu depoimento à CPI dos Correios. O senador petista conta que ele próprio e Paulo Okamotto, presidente do Instituto Lula, ficaram responsáveis por tratar com Valério. Sem sucesso, quem assumiu as negociações foi Antonio Palocci, então ministro da Fazenda.

Exclusão de Lula e Lulinha da CPI dos Correios evitou o impeachment De acordo com Delcídio, que presidiu a comissão, Lula escapou do impeachment por uma manobra governista. Por meio de uma votação “duvidosa”, a CPI deixou de fora os nomes de Lula e de seu filho Fábio Lula da Silva (o Lulinha), do relatório final.

Lula pressiona CPI do Carf para proteger a família Delcídio contou também que, mais recentemente, a grande preocupação de Lula é a CPI do Carf, que, além de atingi-lo, pode levar à cadeia seu filho caçula, Luís Cláudio da Silva. Segundo o senador petista, “por várias vezes, Lula solicitou a ele que agisse para evitar a convocação do casal Mauro Marcondes e Cristina Mautoni para depor. O escritório de lobby da dupla pagou R$ 2,4 milhões à empresa de Luís Cláudio por um suposto projeto de marketing esportivo.

Encerro As milícias petistas prometeram reagir se tocassem em Lula. Pois é Além de nada — e de vociferar nas redes sociais —, vão fazer o quê?

Fonte: Blog do Reinaldo Azevedo