Blog Prontidão Total NO TWITTER

Blog Prontidão Total NO  TWITTER
SIGA-NOS NO TWITTER
Mostrando postagens com marcador Américas. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Américas. Mostrar todas as postagens

sábado, 7 de setembro de 2019

Comércio externo encolheu no país - Míriam Leitão

O comércio externo brasileiro terá impacto negativo no PIB este ano, porque estão em queda os preços das commodities, as exportações de produtos industriais e as importações. O agravamento da crise argentina, a volatilidade cambial decorrente das idas e vindas do conflito comercial entre Estados Unidos e China, e o ritmo mais fraco da recuperação são os fatores que explicam esse resultado. Nos EUA, os efeitos negativos da disputa com a China começam a aparecer em indicadores ligados à atividade. A boa notícia é que o nosso déficit com os americanos diminuiu, e eles têm comprado mais produtos do Brasil.
 
 
A disputa comercial entre as duas maiores economias do mundo teve momentos de trégua e por isso as bolsas subiram. O real foi a moeda que mais se valorizou em relação ao dólar, mas também havia se desvalorizado mais do que outras nos últimos dias. Só não ultrapassou a barreira de R$ 4,20 porque houve atuação do Banco Central brasileiro. Ontem fechou em R$ 4,07.

O economista espanhol Raimundo Diaz, presidente para as Américas do TMF Group, multinacional que atua em 80 países e é especializada na expansão de empresas nos mercados internacionais, explica que há consenso dentro dos EUA de que a China fere as regras do comércio internacional. Por isso, o partido Democrata tem dificuldade para se opor a Trump nesse assunto, enquanto os chineses têm uma visão de longo prazo e jogam com o tempo para tentar minar a estratégia do presidente americano. — O grande problema é a forma como Trump atua, que provoca muita volatilidade. Mas dentro dos Estados Unidos há consenso nessa visão contra o comércio chinês. Ele tira proveito disso. A China é outra cultura, negocia de outra forma, e sabe que se a economia americana desacelerar, Trump pode não se reeleger no ano que vem — explicou.

Para a indústria brasileira, essa instabilidade tem alguns riscos. Produtos chineses que não entram nos EUA por causa das barreiras comerciais podem se deslocar para outros países, entre eles o Brasil e outros da América do Sul, como a Argentina. A competição ficará mais acirrada. A desvalorização do peso argentino também tornará o país vizinho mais atraente para investidores internacionais, apesar da crise cambial, diz Diaz. — Se a China não vende para os EUA, certamente vai vender para outros mercados. A economia chinesa depende das exportações, ela cresce pelo comércio — pontuou.

Nos oito primeiro meses de 2019, as nossas exportações caíram 8,5% e as importações encolheram 13,3%. A corrente de comércio ficou menor em 10%. Quando a conta do PIB do ano for fechada, diz José Augusto de Castro, presidente da AEB (Associação de Comércio Exterior do Brasil), o comércio externo influenciará negativamente no resultado.  — Vamos ter três aspectos negativos. Vão cair as exportações, as importações e o próprio superávit, que deve ficar abaixo de US$ 50 bilhões. Para o PIB, a influência será negativa, porque as exportações vão cair mais do que as importações. É o chamado “superávit negativo” —explicou Augusto de Castro.

A intensidade da crise na Argentina não estava no radar dos especialistas em comércio externo no início do ano . De janeiro a agosto, nossas exportações para lá despencaram 40%. As vendas de automóveis recuaram 53%, e outros manufaturados caíram 25%. O governo diz que o Brasil não depende da Argentina, mas o fato é que o país é o principal comprador dos nossos itens de maior valor agregado. — A crise da Argentina pegou diretamente os industriais. E mesmo com a desvalorização do real, que favorece os nossos produtos, não estamos conseguindo abrir novos mercados. O acordo com a União Europeia ainda não foi ratificado e para muitos itens a redução de barreiras será gradual —explicou o ex-secretário de Comércio Exterior Welber Barral.

A forte alta do dólar significa aumento de custos para grande parte da indústria brasileira. A importação de insumos e de máquinas para os investimentos fica mais cara. O efeito é direto, explica Barral. Com a fraqueza do consumo, há dificuldade para repasse de preços, e a saída para muitas companhias é suspender as compras e retardar o plano de negócios.Esses imprevistos têm atingido a confiança do empresário e há pouco tempo para reverter essa conjuntura.

Míriam Leitão - Alvaro Gribel,  São Paulo

domingo, 28 de julho de 2019

Relação pessoal - Merval Pereira

O Globo

[Conselho de Segurança da ONU - o exemplo mais perfeito, completo da ditadura das minorias (espécie de 'democracia' para a qual o Brasil insiste em caminhar, com a política das cotas e outros absurdo);

a vontade de um único membro, um único voto, vale mais do que a dos quatro restantes.]


Nos últimos dias tivemos várias demonstrações do governo brasileiro de que não mede esforços para ter o apoio dos Estados Unidos. Desde o caso dos navios iranianos, que a Petrobras não queria abastecer com receio de sanções americanas, até a nomeação esdrúxula do filho de Bolsonaro para a embaixada dos Estados Unidos. A questão não é legal, é moral, é ética, de imagem do país. [CONFLUÊNCIA de idéias, interesses,  posições, valores, ÓTIMO;

Brasil e Estados Unidos podem se completar e mesmo se somar à Inglaterra de Boris Johnson e outros países conservadores;

mas, SUBSERVIÊNCIA, NUNCA, JAMAIS.]

Se havia alguma dúvida de que o presidente aposta na aproximação pessoal com Trump, através de seu filho Eduardo, o próprio Bolsonaro revelou candidamente o que está por trás da nomeação: pretende que empresas americanas venham explorar minérios nas reservas indígenas. Surpreendente para quem vive desconfiando de que a intenção das ONGs é roubar nossas riquezas, ou transformar a Amazônia em território internacional.   De qualquer modo, a história mostra que não existe essa “relação pessoal” na política externa dos países. A Academia Brasileira de Letras (ABL) encerrou na quinta-feira um ciclo de palestras sobre o legado do Barão do Rio Branco para a política externa brasileira, e é interessante entender como regredimos ao tempo de Rio Branco, quando o mundo era outro e o país necessitava mais do que nunca se tornar um aliado confiável dos Estados Unidos, que começava a tomar a dianteira como potência hegemônica.

O embaixador Gelson Fonseca fez um balanço da nossa política externa a partir dos parâmetros estabelecidos por Rio Branco. Àquela altura, os EUA queriam “organizar” as Américas, e uma das maneiras era estabelecer meios de resolver os problemas entre os países e seu bom comportamento financeiro, criando um órgão com sede em Washington que bem pode ser a origem do Fundo Monetário Internacional. Na Conferência de Haia, o tabuleiro é o das potências européias, que partem da ideia de que algumas Nações, por razões de poder, devem ter mais influência no processo decisório do que outras. Os EUA tinham a garantia de que entrariam neste mundo, sem problemas, ressaltou Gelson Fonseca. Nós tínhamos a ilusão de que podíamos entrar. Os dois momentos difíceis foram quando se discutiu a composição do Tribunal de Presas e a do Tribunal Arbitral. 


As propostas endossadas pelos EUA eram um tanto humilhantes para nós e, a despeito de que nenhum dos dois tribunais foi para a frente, fomos obrigados a sair do jogo. A mesma coisa aconteceu em 1945, como consequência da Segunda Guerra Mundial, quando da criação da Organização das Nações Unidas (ONU). O diplomata Eugênio Garcia escreveu um trabalho sobre como o Brasil quase fez parte do Conselho de Segurança da ONU, meta que tentamos alcançar até hoje, sem perspectivas de vitória. [o que atrapalhou e ainda atrapalha os planos brasileiros de integrar o Conselho de Segurança da ONU, foi a desastrosa presidência da Assembléia Geral da ONU, de Oswaldo Aranha.
Embora integrar o Conselho de Segurança da ONU seja validar a ditadura das minorias.]
 
O Presidente Franklin Roosevelt acalentava a ideia de implantar um sistema chamado por ele de “tutela dos poderosos”, a cargo dos Quatro Policiais:
Estados Unidos, Grã-Bretanha, União Soviética e China, aos quais depois se somou a França, para formarem o Conselho de Segurança da ONU.
Mesmo ausente de Dumbarton Oaks, o Brasil, devido ao apoio de Roosevelt, foi o único país a ser cogitado naquela Conferência como possível detentor de uma sexta cadeira permanente no Conselho. A Conferência de Yalta aconteceu quando a conjuntura já havia em parte mudado, inclusive, no processo de negociação, com a morte de Roosevelt. Ficara para trás a importância estratégica que o Brasil teve na luta contra o Eixo (bases aéreas no Nordeste) ou na contenção da Argentina “antiamericana”. 

Quando Truman assume, não era mais imperativo cultivar a amizade de Vargas ou tolerar abusos de seu regime personalista. Quando mais o governo brasileiro ansiava pelo reconhecimento de sua lealdade, colhendo os frutos da relação especial que pensava manter, os EUA já não privilegiavam o Brasil como antes.  O embaixador Marcos Azambuja, outro palestrante no ciclo da ABL, ressaltou que o atual Governo adota uma conduta que nos afasta, de forma radical, do espírito mesmo das posições que expressamos ao longo de nossa história. Para Azambuja, não parecemos estar mais, como costumávamos, no âmago do grupo dos formadores do consenso internacional sobre as grandes questões da atualidade: meio ambiente, desarmamento, direitos humanos, problemática do Oriente Médio e várias outras.
Merval Pereira, colunista - O Globo


terça-feira, 9 de abril de 2019

Almas penadas

Assim como Vélez, há uma fila de embaixadores esperando o ‘bilhete azul’ que não vem


A demissão de Ricardo Vélez Rodríguez do MEC foi decidida antes da viagem a Israel, em 30 de março, e anunciada pelo presidente Jair Bolsonaro três dias antes de ser formalizada e finalmente publicada ontem no Twitter e no Diário Oficial. Se parece esquisito, não é caso único e não será o último. Bolsonaro também anunciou no dia 13 de março, antes da ida aos EUA, que iria trocar 15 embaixadores, inclusive Sérgio Amaral, de Washington. Deu um motivo para o “bilhete azul” num encontro com jornalistas: “Não está vendendo uma boa imagem do Brasil no exterior”. E para ser só na volta: ficaria muito ruim às vésperas de chegar ao país.
O presidente foi para os EUA no dia 17, voltou, foi ao Chile, voltou, foi a Israel, voltou. Mas os embaixadores continuam exatamente onde estavam, como almas penadas. O que mudou, nesse meio tempo, foi o número dos que estavam com os dias contados. Se Bolsonaro havia falado em 15, a lista que o chanceler Ernesto Araújo enviou para a Casa Civil continha três vezes mais nomes, em torno de 45 embaixadores que ocupam efetivamente embaixadas ou consulados e chefias de representações do Brasil em organismos internacionais nos diferentes continentes. Entre eles, seis estão se aposentando neste ano. Os demais entram na dança das cadeiras. Até agora, porém, praticamente um mês depois do anúncio feito pelo próprio presidente da República, ninguém veio, ninguém foi para posto nenhum. O próprio embaixador Sérgio Amaral, nomeado no governo Michel Temer, não só continua em Washington como participou ativamente da viagem de Bolsonaro e, agora, participa da visita do vice Hamilton Mourão.

O tempo vai passando e Amaral vai ficando. Ele já estava fazendo as malas, arrumando as gavetas, cuidando das conveniências da família, quando o Itamaraty deu uma contraordem, mandou parar tudo e aguardar novas orientações. Que ainda não chegaram, provavelmente porque alguém deve ter feito as contas: quanto custa a mudança de mais de 40 diplomatas? Sérgio Amaral não é Vélez Rodríguez nem causou tanta confusão, tanto rebuliço, tantas demissões e tantos recuos, mas sofre nesses três meses o mesmo processo que atingiu o agora ex-ministro da Educação: fica no limbo, sabendo de seu destino pela mídia.
Assim como ele, embaixadores brasileiros pelo mundo afora, na Europa, na Ásia, na África, nas Américas. E, claro, seus assessores diretos, sejam diplomatas, sejam funcionários. Em consequência, suas famílias. Se há insegurança entre os que saem, há também entre os que podem entrar. Para Washington, o vice Mourão queria o cientista político Murillo de Aragão, da consultoria Arko Advice, um frequentador assíduo da Vice-Presidência. Já a cúpula do Itamaraty preferia o embaixador de carreira Nestor Forster, do grupo de Ernesto Araújo. Os dois enfrentam resistências e obstáculos concretos para assumir o que é, nada mais, nada menos, a embaixada mais importante do Brasil. Aliás, de todos os países.
No MEC, sai Vélez, filósofo, e entra Abraham Weintraub, um homem das finanças, mas uma coisa é certa: a ideologia fica. Além de professores universitários, ambos são também arraigadamente de direita, conservadores nos costumes, simpatizantes das ideias do tal guru Olavo de Carvalho. Lembram-se daquela velha corrente que via comunistas em toda a parte, até debaixo das camas das famílias brasileiras? Agora, é acompanhar a montagem da equipe e identificar os impostos por Olavo de Carvalho, os indicados pelos militares e os simplesmente técnicos, que querem ver o ministério andar. Sim, porque a Educação está paralisada. Mas a guerra no ministério continua.

Eliane Cantanhêde - O Estado de S. Paulo
 

quinta-feira, 26 de julho de 2018

Ideias? Ora, as ideias


Pelo andar das negociações, o vice de Geraldo Alckmin tanto pode ser o comunista Aldo Rebelo ex-PCdoB, hoje no Solidariedade — como o empresário Josué Gomes dono de 15 fábricas no Brasil, cinco nos EUA, uma na Argentina e outra no México, líder da confecção de cama, mesa e banho nas Américas. Pode parecer estranho, mas no meio político isso é dado como absolutamente normal. Tanto que o empresário também é cogitado como vice na chapa do petista Fernando Pimentel, governador candidato à reeleição em Minas.

O mesmo empresário também esteve em conversas para compor chapa com Ciro Gomes, cujo objetivo é fisgar os votos da esquerda, na ausência de Lula. E isso nem é novidade, pois o pai de Josué, José Alencar, fundador do império têxtil, foi vice de Lula, e os dois se deram muito bem.   Os partidos do centrão negociaram com Ciro e Bolsonaro, antes de fechar com Alckmin. Também cogitaram acertar com Henrique Meirelles. Aliás, o comunista Aldo Rebelo, como membro do Solidariedade, integra o centrão, um catado de populistas de direita ou de coisa nenhuma, com vários líderes envolvidos na Lava-Jato.O deputado Jair Bolsonaro, com um histórico de votos na linha estatizante e corporativa, chamou para seu economista o ultraliberal Paulo Guedes. Marina, que fez campanha mais pelo lado liberal na última eleição, dá uma guinada à esquerda, também de olho nos votos de Lula.

Se o Brasil estivesse em um momento muito favorável, com economia e política funcionando tudo certinho, essas incoerências poderiam até ser toleradas. Quer dizer, seriam negativas, mas se não houvesse nada de importante a resolver, qual o problema? Um comunista e um capitalista podem se entender sobre, digamos, os limites de velocidade nas estradas federais.  Mas o setor público está quebrado. Estão na pauta questões cruciais para o futuro próximo do país, entre as quais: a reforma da Previdência, a privatização (ou não) de estatais, a reforma tributária (quais setores da sociedade serão mais tributados?), a legislação trabalhista, a derrubada da taxa de juros, saúde mais estatal ou mais privada. São escolhas políticas de caráter ideológico, que exigem definições firmes.

A esquerda não quer privatizar a Eletrobras porque considera que integra um setor estratégico, a ser gerido pelo Estado. Pessoal do centrão é contra a privatização porque estatais são um paraíso para nomeações e obras. Por essa via transversa, PT e centrão se entenderam muito bem. Mas e se for eleito um presidente favorável à privatização, com o apoio do centrão ou de esquerdistas ou dos dois grupos ao mesmo tempo?  Candidatos, individualmente, podem até manifestar posições mais ou menos claras, mas o problema é como implementá-las no Congresso Nacional.

Tem mais. Todos os candidatos falam em alguma mudança na Constituição, o que exige o voto de 3/5 dos deputados (308) e senadores (49). Nessa geleia política, como formar essa maioria com alguma coerência?  Eis o cenário: o país precisa de muitas respostas para questões que apareceram justamente por falta de decisões firmes. Há quanto tempo estamos enrolando com a reforma da Previdência ou com privatizações? E estamos muito próximos de eleger governos — federal e estaduais — com um jeitão muito parecido com o que tivemos recentemente.
Mais leis?
Se faltam escolhas firmes, sobram leis no país.
A Constituição tem 250 artigos, 114 disposições transitórias e 99 emendas.
Estão em vigor 180 mil leis federais. Há 5,5 milhões de normas federais, estaduais e municipais. No Congresso, há 25 mil projetos de lei em andamento e nada menos que 1,1 mil propostas de emenda à Constituição.
Uma regra sagrada do Direito diz que ninguém pode alegar ignorância da lei. Por aqui, bem pode ser outra norma que não pegou.