Blog Prontidão Total NO TWITTER

Blog Prontidão Total NO  TWITTER
SIGA-NOS NO TWITTER
Mostrando postagens com marcador Decotelli. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Decotelli. Mostrar todas as postagens

terça-feira, 30 de junho de 2020

A crise continua - Eliane Cantanhêde

O Estado de S.Paulo

Bolsonaro mantém Decotelli em nome de seus 42 anos de vida pública, mas até quando?

A erosão do “robusto currículo” do professor Carlos Alberto Decotelli dá raiva, pena e, principalmente, medo da disputa reaberta no Planalto para fazer o novo ministro da Educação depois do inusitado Vélez Rodríguez, do inqualificável Abraham Weintraub e do constrangedor Decotelli. A ala militar, que indicou o doutor que não é doutor, está envergonhada. A ala ideológica, dos filhos do presidente, está esfregando as mãos, gulosa. E o Centrão, vai desperdiçar essa chance?

As chances de Decotelli permanecer ministro pareciam ter ruído junto com o seu currículo, já que a tese de mestrado na FGV é acusada de fraude, o título de doutor na Argentina não existe e o pós-doutorado na Alemanha foi uma um devaneio – não há pós-doutorado sem doutorado. O presidente Jair Bolsonaro, porém, decidiu prestigiar “o lastro acadêmico e sua experiência de gestor”, em detrimento de “problemas formais de currículo”. Por enquanto, Decotelli fica. Até quando?

O único item do currículo que fica em pé é o curso de Administração na Universidade Estadual do Rio (Uerj), o que poderia ser suficiente para a posse no MEC. O problema é inventar títulos e ser acusado de plágio, um vexame inominável para ele próprio e um constrangimento desnecessário para Bolsonaro, que, induzido ao erro, publicou nas redes sociais o currículo cheio de buracos. Assim como ele, a mídia também.

Bastaram os repórteres vasculharem daqui e dali para descobrir esses buracos. Por que a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) não fez o seu trabalho de filtro? Ou displicência, ou a checagem de nomes é só ideológica, ou a decisão foi tão rápida pelo presidente que não deu tempo de consultar o GSI/Abin. A terceira hipótese faz mais sentido. Bolsonaro tinha pressa para indicar um nome, porque a “ala ideológica” – leia-se: os filhos e assessores fascinados pelo tal guru da Virgínia – não queria perder a vaga. A “ala militar” agiu rápido e o presidente assinou a nomeação.

O fato é que Bolsonaro não dá a mínima para o ministério e para a própria Educação, fundamentais em qualquer lugar do mundo e ainda mais no Brasil, onde o problema maior, o problema-mãe, é a desigualdade social. Como criar uma grande nação com uma parcela tão grande da população excluída, sem chance de um lugar ao sol. Como salvar a Educação, garantir o futuro das crianças pobres? Com Vélez, Weintraub, Decotelli, ideologias fajutas, currículos fraudulentos? E esse drama não acabou. Pobre MEC, pobre Educação, pobres crianças pobres.

E por que a “pena”, ao lado de raiva e medo no primeiro parágrafo? Decotelli é um professor negro, respeitado no meio acadêmico, com perfil técnico, e foi muito bem recebido depois de dois traumas sucessivos no MEC. Num momento de mobilizações nos Estados Unidos e no mundo democrático pela igualdade racial, ele seria o primeiro negro num governo que tem na Fundação Palmares Sergio Camargo, um negro que nega o racismo no Brasil. Logo, Decotelli tinha tudo a ver. Mas não resiste aos fatos.

O professor deu estranhas versões ontem ao presidente e à mídia, dizendo que o plágio na tese de mestrado na FGV foi porque “leu demais” e que sua tese de mestrado foi reprovada por ser “muito profunda”, o que remete a uma comparação injusta, mas que acaba surgindo, com o mentiroso advogado Frederick Wassef. Haja cara de pau! O que fica é tristeza, desencanto, constrangimento, vergonha. Decotelli parecia uma grande referência e exemplo, mas foi virando uma grande decepção e constrangimento. O presidente anuncia que ele fica, mas, como tudo o que é ruim sempre pode piorar, não convém desprezar a hipótese de um terceiro “olavista” no nosso MEC.

Eliane Cantanhêde, jornalista - O Estado de S. Paulo


domingo, 28 de junho de 2020

Decotelli poderá explicar o edital do FNDE - Elio Gaspari

Folha de S. Paulo - O Globo

Empossado, ministro poderá acabar com o silêncio oficial, desvendando o mistério

Licitação de R$ 3 bi para compra de computadores era um imenso jabuti 
[Saiba mais sobre o edital do FNDE, clicando aqui - primeira matéria daquele  Post (a posição do Prontidão Total permanece a daquela época) - ou aqui - relatório da CGU.
Leiam com atenção, especialmente relatório da CGU e concluam.]

Como ministro da Educação o doutor (?) Carlos Alberto Decotelli poderá contar como foi concebido o edital 13/2019, que licitava a compra de 1,3 milhão de computadores, laptops e notebooks para a rede pública de ensino, coisa de R$ 3 bilhões. Afinal, ele presidia o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação no dia 21 de agosto de 2019, quando o edital foi publicado. Tratava-se de um imenso e silencioso jabuti. O próprio FNDE havia anunciado no dia 8 de agosto que Decotelli deixaria o cargo. Ele saiu semanas depois, e o novo presidente suspendeu o edital.

A Controladoria-Geral da União havia estudado o jabuti e descobriu o seguinte:
- Armava-se uma despesa de R$ 3 bilhões sem que o Ministério da Economia tivesse sido ouvido.
Trezentos e cinquenta e cinco colégios receberiam mais de um laptop por aluno. A Escola Municipal Laura de Queiroz, de Minas Gerais, receberia 30.030 laptops para seus 255 estudantes. Na Chiquita Mendes, de Santa Bárbara do Tugúrio (MG), cada aluno ganharia cinco laptops.
- Duas das empresas que encaminharam orçamentos ao FNDE mandaram cartas com o mesmo erro de português: “Sem mais, para o momento, colocamo-nos à disposição para quaisquer esclarecimentos que se façam necessária”. Noutra coincidência, as duas empresas pertenciam à mesma família.
A CGU interpelou o FNDE e recebeu respostas pífias, até que em novembro ela emitiu um relatório de 66 páginas. Como o jabuti andava sem fazer barulho, o caso ficou no escurinho da burocracia e o edital foi cancelado. Em dezembro o repórter Aguirre Talento expôs o caso. Seria natural que viesse alguma explicação do governo. Passaram-se sete meses e nada. Abraham Weintraub, aquele que propôs botar os “vagabundos” do Supremo Tribunal na cadeia, trocou mais três vezes o presidente do FNDE, mas nunca tocou no assunto.

Decotelli tem uma peculiaridade no Ministério de Bolsonaro, ele ri. Empossado, poderá acabar com o silêncio oficial, desvendando o mistério do edital 13/2019. Um governo que se diz comprometido com o combate à corrupção deveria se orgulhar do que aconteceu, pois a CGU viu o jabuti, alertou a administração, detonou a compra e poupou a Viúva de uma facada. Falta responder a mais elementar das perguntas: Como esse edital foi montado? À época, Decotelli estava na presidência do Fundo. Fica combinado que é falta de educação perguntar por que o governo nunca tocou nesse assunto.

(.....)

Quitanda caótica
Se um general no comando de uma brigada fizesse as trapalhadas que o palácio do capitão faz com atos administrativos elementares, perderia o comando. 
A saber:

O ato de demissão do diretor da Polícia Federal tinha a assinatura do ministro Sergio Moro, mas ele não havia tocado no papel. 
[é praxe na administração pública que em qualquer ato presidencial, o nome do ministro, ou ministros - com vínculos com o assunto objeto do Decreto -  conste do decreto, mesmo sem o ministro ter assinado.
A PF é subordinado ao Ministério da Justiça.
Por óbvio, assinatura só consta se o ministro assinar do próprio punho - costume antigo - ou por assinatura eletrônica.]


Bolsonaro é inocente
Defensor da cloroquina e inimigo do isolamento, Jair Bolsonaro já tem o lugar assegurado na história da pandemia da “gripezinha”. Mesmo assim, ele nada tem a ver com os repiques da Covid que estão acontecendo em diversos estados. 
Eles são da responsabilidade de governadores e prefeitos oportunistas e fracos que cederam diante da impopularidade da medida e da pressão de comerciantes e empresários. [enfatizando sempre que a permissão para os prefeitos e governadores assumirem o comando absoluto das medidas de distanciamento e isolamento sociais, foi concedida pelo Supremo Tribunal Federal.
Bolsonaro, ficou tolhido, só lhe restando proferir comentários, alguns importunos e inadequados, mas que certamente não produziram nenhuma morte ou contaminação.
Felizmente, DEUS  permanece com o controle total, absoluto, de todos e de tudo.
BRASIL Acima de todos! DEUS Acima de tudo!]

Na semana passada o Ministério da Saúde admitiu que o tal “platô” de contágios não aconteceu e que a curva continua subindo. Em nove estados a rede pública tem 80% dos leitos de UTIs ocupados. Cidades que relaxaram a quarentena estão pagando o preço, em vidas.

Folha de S. Paulo e O Globo - Elio Gaspari, jornalista - MATÉRIA COMPLETA

sábado, 27 de junho de 2020

O professor que queria ser doutor e virou ministro de Bolsonaro - VEJA - Blog do Noblat

Ricardo Noblat

O currículo encolheu

O ex-oficial da Marinha e professor de finanças Carlos Alberto Decotelli foi escolhido para ministro da Educação porque, entre os candidatos ao cargo, ele era o que tinha o currículo mais longo, segundo o presidente Jair Bolsonaro. Não deve ter sido só por isso. Pesou o apoio dos militares a Decotelli. E também a sua cor. Será o primeiro ministro preto do governo. De todo modo, o currículo do ministro ficou mais curto menos de 24 horas depois do anúncio.

Constava na plataforma CNPq Lattes que Decotelli era doutor pela Faculdade de Ciências Econômicas e Estatística da respeitável Universidade Nacional de Rosário, na Argentina. Fraude! Ele concluiu o curso, mas não foi aprovado. Descoberto, o ministro admitiu que concluíra o curso, mas que não defendera tese, exigência essencial para que pudesse se apresentar como doutor. Fraude! Em entrevista ao Jornal Nacional, o reitor confirmou que ele defendeu tese, mas que ela obteve notas baixas.

Estava escrito no currículo de Decotelli que o orientador de sua tese fora o professor Antônio Freitas Júnior, da Fundação Getúlio Vargas, e presidente do Conselho Nacional de Educação. Fraude! Freitas nunca pertenceu aos quadros da universidade.Por lá, não há registro da passagem de Freitas Junior, nem como professor permanente ou visitante, nem como membro de banca examinadora. Provocado a se pronunciar a respeito do assunto, o professor preferiu manter-se calado.

Não está sendo um bom começo para Decotelli como ministro da Educação. Ele não é a primeira figura pública a falsificar parte do seu currículo. A ex-presidente Dilma Rousseff se dizia pós-graduada em Economia pela Universidade de Campinas. Fraude! A joia da coroa no currículo do governador Wilson Witzel, do Rio de Janeiro, era ter feito parte do seu doutorado na Universidade de Harvard, uma das mais importantes dos Estados Unidos. Fraude! Que Witzel preferiu chamar simplesmente de erro.

A sorte de Decotelli é que ele substituirá as duas maiores nulidades que já ostentaram na história deste país o título de Ministro da Educação – Ricardo Vélez e Abraham Weintraub, que fugiu para os Estados Unidos com medo de ser preso. Difícil que Decotelli possa ser pior do que os dois. O risco que corre é de ser melhor do que supõe Bolsonaro e se tornar popular a ponto de incomodá-lo. Foi por isso, mas não só, que o médico Luiz Henrique Mandetta acabou demitido do Ministério da Saúde.

Blog do Noblat - Ricardo Noblat, jornalista - VEJA

O período de calmaria por que passa o presidente – Editorial - O Globo

A causa pode ser a prisão de Queiroz, mas importa é que ele saiba da inviabilidade do poder absoluto

[Conveniente que esta informação seja estendida a alguns ministros do Supremo - que se consideram detentores de um PODER ABSOLUTO.
Exemplo: o ministro Fux em seu discurso da vitória - eleito para exercer a presidência da Corte Suprema - prometeu elevar o poder do STF  acima das demais instituições, quando a CF diz que os poderes são independentes e harmônicos - o que impede que um se sobreponha aos outros.] 
Nas oscilações de humor político, o presidente Bolsonaro tem cumprido um período de rara calmaria, sem agredir e ameaçar as instituições e o jornalismo profissional, um exercício que ele vinha praticando com regularidade. Há quem encontre na prisão de Fabrício Queiroz — um amigo de longa data que ele aproximou dos filhos — a explicação desta mudança para melhor no seu comportamento.

O enquadramento de Bolsonaro em padrões condizentes com o cargo, coincidência ou não, tem se propagado no governo. O general Augusto Heleno, por exemplo, ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), prestou testemunho à Polícia Federal no inquérito sobre a saída do ministro Sergio Moro do governo e confirmou que o presidente não tinha qualquer dificuldade para fazer trocas em sua “segurança pessoal”, como disse na reunião ministerial de 22 de abril. Bolsonaro estava se referindo mesmo à sua intenção de interferir na PF para proteger a “família e amigos”. Heleno ajudou a desmontar de vez aquela versão inverossímil.

Em solenidade na quinta-feira no Planalto, na formalização de um acordo entre governo federal e Judiciário para integrar bases de dados sobre a Constituição, leis ordinárias e jurisprudências, Bolsonaro, na presença do presidente do STF, Dias Toffoli, enalteceu o “entendimento” entre ele, o ministro do Supremo e os presidentes da Câmara e do Senado, Rodrigo Maia e Davi Alcolumbre, como prenúncio de “dias melhores” para o país. Tem razão, mas ele não agia assim.

O sinal de que esta redução da voltagem presidencial tem causas mais profundas pode estar na saída enfim do militante de extrema direita Abraham Weintraub do cargo de ministro da Educação, posto que ocupava apenas para travar a “guerra cultural” contra a esquerda, e sua substituição pelo professor Carlos Alberto Decotelli da Silva, um técnico, indicado pelos militares da cúpula do governo. O próximo ministro diz “nem ter preparação para fazer discussão ideológica”. A derrota do chamado grupo ideológico no preenchimento da vaga de Weintraub, seu representante, está expressa nesta frase de Decotelli.

Outro sinal desses presumíveis bons tempos é a decisão de Luiz Eduardo Ramos, ministro da Secretaria de Governo, passar para a reserva. Na democracia, um general não faz rima com um cargo que trata de negociações políticas, por mais competente que ele seja. Além disso, especulava-se que Ramos poderia substituir Edson Pujol no comando do Exército. Seria uma péssima sinalização, algo que lembraria o chavismo na Venezuela. Ramos não apenas irá para a reserva como, em carta, registrou, acertadamente, que sua permanência na ativa perdera o sentido e tornara-se prejudicial ao Exército. A prisão de Queiroz pode ter ajudado Bolsonaro a entender que prejudica a si mesmo tentar governar como se tivesse um impossível poder absoluto. Causar danos à estabilidade institucional também o afeta.

Editorial -  O Globo