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domingo, 13 de maio de 2018

O PT esqueceu Dilma

Quem afundou o partido não foi ela sozinha 

Que a mídia, batizada pelo PT de golpista, esquecesse a deposição de Dilma para só lembrar-se dos dois anos de governo Temer completados ontem, até se compreenderia. Não por golpista, mas porque a mídia vive do que interessa ao distinto público. E Dilma já não interessa. Mas o PT… Logo o PT que desfrutou o que pode e o que não deveria ter desfrutado enquanto Dilma governou por quase seis anos… PT ingrato!
 (Antonio Lucena/VEJA)

Fosse verdade o que ele começou a dizer quando Dilma ainda não havia perdido o cargo, teria providenciado uma homenagem para ela, vítima de um “golpe” que sequer foi concluído com a prisão de Lula. Como golpe não houve e Dilma virou um estorvo, o PT preferiu esquecer a data.  À falta de José Dirceu e de Antônio Palocci cujas cabeças já haviam rolado, determinado a não abrir espaço a quem lhe fizesse sombra, Lula escolheu Dilma para sucedê-lo em 2010. Era mulher. Nenhuma até então, salvo a Princesa Isabel, havia governado o país. Tinha fama de boa gestora.

Mulher, boa gestora, nada disso importava de fato a Lula. Ele queria um presidente que obedecesse às suas ordens. Dilma serviria apenas de ponte para Lula atravessar os oito anos anteriores de governo em direção aos próximos oito. Deu errado porque Dilma quis ficar mais quatro anos Lula e o PT, por cegueira, oportunismo e falta de piedade, apontam Dilma como a principal culpada por suas desditas. Anteontem, Delúbio Soares, ex-tesoureiro do PT, que já cumpriu pena como mensaleiro, foi pranteado pelo PT porque em breve será preso outra vez. Ninguém pranteia Dilma.

Não foi ela sozinha que afundou o PT, embora tenha colaborado ativamente para isso. O PT afundou graças a Lula e aos seus ambiciosos companheiros que se embriagaram pelo poder e não queriam mais largá-lo. Preso em Curitiba, Lula tenta, hoje, arrastar o PT para sua cela.

 Blog do Noblat - Revista Veja


sexta-feira, 27 de outubro de 2017

Barroso e a leniência com crimes do colarinho vermelho. Por ele, Joesley estaria flanando em NY

Ministro faz ataque inaceitável a outro membro do tribunal, Gilmar Mendes. Então vamos lembrar a biografia do truculento desta quinta-feira

Os ministros Gilmar Mendes e Roberto Barroso protagonizaram nesta quinta um embate no Supremo ou, para adequar o nome ao evento, um bate-boca. Sim, Mendes estava certo. E não apenas porque costuma estar. Barroso estava errado. E não porque costuma estar. Nota antes que prossiga: a reação nas redes sociais comprova que a direita, com efeito, virou o último refúgio dos canalhas. E dos burros. Já explico tudo.

Ao votar sobre determinada matéria, nem entro em detalhe, Mendes lembrou o desastre que aquela corte havia patrocinado quando decidiu declarar inconstitucional a lei que regulava o pagamento de precatórios. O relator foi Luiz Fux, que deu um voto destrambelhado para agradar à OAB e foi seguido pela maioria. Lembrei o caso aqui nesta quarta. Mais: o ministro citou o caso do Estado do Rio como exemplo a não ser seguido. Por quê? Por ali, usavam-se depósitos judiciais para cobrir despesas correntes. E, por óbvio, o ministro observou que era um exemplo a NÃO SER SEGUIDO, embora, à época, alguns parvos achassem ser aquele um bom caminho.

Não é que Barroso resolveu se zangar? Tomou como um ataque a seu estado natal. Esqueceu que é ministro do Supremo e resolveu atuar como líder de torcida ou de facção. Fez então uma referência o estado natal de Gilmar, o Mato Grosso, em que há uma investigação em curso que atinge várias autoridades. O que o ministro tem a ver com isso, além de nada? Eu poderia lembrar a Barroso que ele e Marcinho VP nasceram na mesma unidade da federação. E ele poderia lembrar de Marcola, que é de São Paulo. E daí?

Mas quem conhece como Barroso foi feito ministro e como se fazem as salsichas entende o piti. Ele pertence à fina flor da elite carioca que via no Rio uma espécie de farol da humanidade. Luiz Fux é outro. Era o tempo em que o rei local se chamava Sérgio Cabral. Fux, o relator, diga-se, daquela barbaridade sobre precatórios, quando indicado para o STF, foi à casa de Cabral e beijou os pés de Adriana Ancelmo, então primeira-dama. No Jornal Nacional, Cabral aparecia ligeiramente abaixo do Cristo Redentor.

E, no entanto, exceção feita ao Tribunal de Justiça do Estado, onde estão amigos diletos de Barroso e Fux, o Rio está quebrado. Multiplamente quebrado. Ainda voltarei a esse particular.

O ministro do piti, aquele que, recentemente, referiu-se a Joaquim Barbosa como “um negro de primeira linha” — e depois caiu em prantos, sensível que é —, resolveu chutar a canela de Gilmar, acusando-o de ser leniente com crimes do colarinho branco e de soltar presos. Levou de volta a justa qualificação de “advogado de bandido internacional”. Ou Cesare Battisti é o quê?

Quanto a soltar presos, Mendes lembrou o papel decisivo de Barroso ao aliviar a pena de quatro petistas condenados no mensalão: José Dirceu, José Genoino, João Paulo Cunha e Delúbio Soares. Mais um piti do buliçoso ministro. Vamos à história.
Embargos infringentes
O Artigo 333 do Regimento Interno do Supremo prevê:
“Art. 333. Cabem embargos infringentes à decisão não unânime do Plenário ou da Turma:
(…)
Parágrafo único. O cabimento dos embargos, em decisão do Plenário, depende da existência, no mínimo, de quatro votos divergentes, salvo nos casos de julgamento criminal em sessão secreta.

O “embargo infringente” permite que se faça uma nova votação havendo os quatro votos divergentes. Ocorre, queridos, que a Lei 8.038, de 1990, que regula os processos perante o STF e o STJ não traz mais os ditos “embargos infringentes”. E, por óbvio, esse artigo do Regimento deveria ser declarado sem efeito. Tanto é assim que tal recurso já não existe mais no STJ.

Eis que, por 6 a 4, o STF decidiu, em setembro de 2013, que um artigo de regimento deveria valer mais do que a lei, e os embargos foram considerados válidos. Quem lutou bravamente por isso? Roberto Barroso. Além dele, declararam a sobrevivência do que a lei extinguiu os seguintes ministros: Teori Zavascki , Dias Toffoli, Rosa Weber, Ricardo Lewandowski e Celso de Mello.

Todos aqueles petistas tinham condenações com quatro votos contrários. E se fez uma nova votação. Fixo-me em Dirceu para que entendam a polêmica de ontem. O petista foi condenado por corrupção passiva e formação de quadrilha. Os quatro ministros que o absolveram desse segundo crime continuavam, então, na Corte — e, portanto, numa nova votação, manteriam, como mantiveram, sua decisão: Ricardo Lewandowski, Dias Toffoli, Rosa Weber e Cármen Lúcia. Dos seis que haviam condenado — e o tribunal estava com 10 membros à época —, restavam cinco, uma vez que Joaquim Barbosa já havia renunciado. Eram eles: Luiz Fux, Gilmar Mendes, Marco Aurélio e Celso de Mello.

Assim, a nova votação começou num cinco a quatro contra Dirceu. Mas a corte já estava com dois novos membros: Roberto Barroso e Teori Zavascki. E, sim, ambos votaram para inocentar Dirceu do crime de quadrilha. Sua pena foi reduzida em 2 anos e 11 meses, e o sr. Barroso esteve na vanguarda dessa luta. Mais: disse a quem quis ouvir que considerava as penas do mensalão “um ponto fora da curva” porque muito rigorosas. E isso apressou a saída de Dirceu da cadeia. Os demais petistas também foram beneficiados.

Quem visse o doutor falar ontem e quem o viu atuando na Primeira Turma contra Aécio Neves — naquele dia, abriu champanhe no gabinete — e depois no pleno poderiam julgar que ali se encontrava o mais rigoroso dos juízes. NÃO FOI O SEU COMPORTAMENTO COM OS PETISTAS DO MENSALÃO. Mas, segundo o valente, quem fica mudando de critério a depender de quem esteja sendo julgado é Gilmar Mendes.
Pois é… Lembro a obra do Doutor. E, como ele sabe, não temo os textos longos, explicando o “é da coisa”. Nem meus leitores temem.

Direita xucra
A direita xucra vibrava ontem nas redes sociais com o ataque que ele desfechou contra Gilmar Mendes. Ah, meu Deus! Poucos se lembram de novo: a Câmara havia decidido, conforme dispõe o Artigo 188 de seu Regimento, que a formação da Comissão do Impeachment se daria por voto secreto. O doutor determinou que fosse aberto — condição em que Dilma levaria vantagem. 


 O exato momento em que Barroso omite trecho do Regimento Interno da Câmara que desmoraliza a sua tese pró-Dilma. Uma vergonha!

E não é que ele foi capaz de ler o regimento omitindo justamente o trecho que permitia a votação secreta? Sim, ele já teve a ousadia de negar na cara de todo mundo o que estava escrito. Mas, claro!, quem atua segundo o regime de compadrio, diz ele, é Mendes.

O vídeo com o seu ato grotesco é este aqui:

Os que o aplaudiram ontem e não se alinham com a esquerda são apenas estúpidos. Ignoram que é ele a vanguarda vermelha no STF, pouco importa o tema. Esse é o ministro que aproveitou a simples concessão de uma habeas corpus para “legalizar” o aborto até o terceiro mês. Foi o advogado-lobista da permanência no Brasil do terrorista Cesare Battisti; concedeu uma liminar contra uma lei afinada com o Escola Sem Partido, em Alagoas, mas tentou proibir o ensino religioso VOLITIVO, NÃO OBRIGATÓRIO nas escolas; é um fervoroso defensor do ativismo do judicial e diz com todas as letras por aí que cabe, sim, ao STF o papel de vanguarda modernizadora das leis, junto com as minorias militantes.

Que a esquerda o aplauda é compreensível. Que supostos liberais e conservadores façam o mesmo, bem, aí é só coisa de gente xucra mesmo. Não que se deva aplaudir Mendes por decisão tomada no passado, uma vez que ele fez o que considerou que estava adequado às regras do jogo. Convenham: não tivesse ele dado aquela liminar contra a posse de Lula como ministro da Casa Civil de Dilma, e o petista teria tido tempo de arrumar o balcão em Brasília. E Dilma não teria sido impichada. Sei lá onde estaríamos hoje. Talvez travando uma luta com pedras e paus.

É realmente um espetáculo assistir à recente conversão de Barroso ao rigor penal. Esse não é o ministro que atuou no caso dos mensaleiros. Esse não é o defensor de um terrorista assassino, né? Mas acho que combina com ele: defender alguém como Battisti e afastar do seu mandato, impondo-lhe uma espécie de prisão domiciliar, quem ainda nem é réu.
Sua leniência, pelo visto, não vê mal nenhum em ser parceira dos criminosos do colarinho vermelho.
Aplausos, direita xucra!
Depois solte alguns zurros da mais pura satisfação intelectual.

Ah, sim: tivesse triunfado a sua tese, os benefícios da delação de Joesley e seu bando seguiriam intocados. Mesmo depois de todas as fraudes que vieram à luz na delação.  Para encerrar: eis um caso em que o doutor deveria se declarar suspeito: a mãe de Fernanda Tórtima, advogada da JBS que participou de boa parte dos “lances” de Joesley, é filha da ex-mulher do pai de Barroso. Durante um bom tempo, os dois foram irmãos, ainda que não de sangue.
Se seu voto tivesse triunfado, a esta altura, Joesley estaria flanando em Nova York. Nesse caso, de que cor é o colarinho do criminoso?

Fonte: Blog do Reinaldo Azevedo

 

sexta-feira, 7 de abril de 2017

Mais um ex-tesoureiro do PT, o terceiro do covil de Lula, prestes a ser condenado

MPF pede condenação de mais um ex-tesoureiro do covil do Lula. A propósito, quando o chefe da quadrilha será preso? 

Paulo Ferreira, sucessor de Delúbio Soares e antecessor de João Vaccari Neto, pode se tornar o terceiro caixa petista condenado pela Justiça

O Ministério Público Federal pediu a condenação do ex-tesoureiro do PT Paulo Ferreira pelos crimes de corrupção passiva qualificada e lavagem de dinheiro. O pedido foi feito nas 230 páginas das alegações finais apresentadas pelos procuradores na ação penal em que ele é réu por desvios de dinheiro nas obras do Centro de Pesquisas e Desenvolvimento da Petrobras, o Novo Cenpes, no Rio.

Paulo Ferreira assumiu a tesouraria do partido em 2005, quando estourou o mensalão. Entrou no lugar de Delúbio Soares, que anos depois viria ser condenado como um dos cabeças do esquema, e foi sucedido pelo também notório João Vaccari Neto, hoje preso em Curitiba sob a acusação de ter atuado como o caixa petista no petrolão.

Além da condenação de Paulo Ferreira por corrupção e lavagem, o MPF pediu ao juiz Sergio Moro que sejam restituídos aos cofres públicos 20 milhões de reais correspondentes aos desvios – além do ex-tesoureiro, outros cinco réus são apontados como os responsáveis pelos crimes. Os procuradores pedem ainda o pagamento de outros 41 milhões de reais, equivalentes ao dobro do valor total das vantagens indevidas pagas.

Ao todo, o MPF quer a condenação de 14 réus. Além de Paulo Ferreira, poderão ser condenados o ex-diretor da Petrobras Renato Duque, o ex-presidente da OAS Léo Pinheiro, e o empresário Adir Assad, acusado de atuar na lavagem do dinheiro distribuído como propina aos demais réus. A lista inclui ainda o advogado Alexandre Romano, o Chambinho, e o empreiteiro Roberto Capobianco.  Paulo Ferreira deixou a cadeia no final do ano passado, após pagar fiança de 1 milhão de reais. Na obra do Novo Cenpes foram pagos mais de 20 milhões de reais em propinas para funcionários do alto escalão da Petrobras e representantes do PT.

 

Fonte: Revista VEJA

 

 

segunda-feira, 24 de outubro de 2016

Um efeito manada

O PT depois do massacre eleitoral

Termo incluído no jargão do mercado financeiro para designar movimentos bruscos e rápidos de compradores e vendedores em momentos tensos de crise, “efeito manada” também pode dar ideia de união, agrupamento. Tem sido este o comportamento padrão do PT quando alvejado por críticas, mesmo baseadas em fatos concretos, comprovados, condenados na Justiça.

Quanto explodiu o mensalão, em 2005, parlamentares petistas se chocaram com a revelação de que o partido havia pagado a marqueteiros no exterior, por baixo do pano, em dólares. Alguns trocaram de legenda, mas, na essência, vigorou este efeito manada.  Mesmo quem propôs a “refundação do partido” ficou no rebanho. Isso apesar das evidências convertidas em provas de que houve uma associação criminosa de dirigentes petistas com um esperto detentor de tecnologia de lavagem de dinheiro, este bombeado ilegalmente dos cofres do Banco do Brasil, para a compra literal de apoio parlamentar ao primeiro governo Lula. 

Desfalque, roubo, em outras palavras. O escândalo foi convertido em processo no Supremo (STF) e dele saíram condenados à prisão petistas de alta patente, como José Dirceu, José Genoíno, Delúbio Soares e João Paulo Cunha. Mas a tropa continuou unida. No mensalão, o presidente Lula primeiro pediu desculpas — reconheceu, então, o crime —, depois voltou atrás e passou a negar o esquema. Garantiu até que ia provar a farsa montada contra o PT. Nada disso aconteceu, é claro, e viria a estourar o caso bilionário do petrolão, em que ficou evidente que a mesma “organização criminosa” do mensalão montara o assalto lulopetista à Petrobras e companhias do setor elétrico, um escândalo muito maior que o mensalão. Até Lula terminou enredado nas investigações da Lava-Jato e virou réu, até agora em três processos.

O PT, pelo menos na superfície, se mantém unido, pelo efeito manada. E a militância se agarra a palavras de ordem e explicações ardilosas destiladas na cúpula do partido: o impeachment de Dilma, por exemplo, foi “golpe”. E tudo não passa de uma furiosa perseguição das elites, da mídia e de quem mais for, ao partido e ao líder Lula, devido ao seu suposto amor ao povo.  Em artigo publicado por ele na “Folha de S.Paulo”, na semana passada, está exposta de forma translúcida a artimanha de se defender pela vitimização, arte desenvolvida há tempos por Lula e absorvida pelo partido.

Mas, diante da catástrofe eleitoral no primeiro turno dos pleitos municipais deste ano, aguarda-se para saber se a manada continuará unida. Foi um forte tranco: o partido perdeu mais da metade das 630 prefeituras que passara a controlar em 2012, ficando com 256 cidades, e assim caiu do terceiro para o décimo lugar na relação dos partidos que administram prefeituras Pode ser que o truque lulopetista da vitimização não funcione desta vez, e o partido tenha mesmo de se defrontar com um longo período de sincera autocrítica. Seria o melhor para ele.

Fonte: O Globo - Editorial


terça-feira, 5 de julho de 2016

Entenda por que os últimos três tesoureiros do PT estão na mira da Justiça

Responsáveis pelo caixa do partido nos últimos anos, alvos de operações de combate à corrupção, têm tido o mesmo destino: cadeia. Vaccari e Delúbio não falaram. Ferreira ainda é dúvida

Marcola foi convidado para assumir a tesouraria do PT - precisa apenas de autorização judicial

A 31ª fase da Operação Lava-Jato, batizada de “Abismo” tem como alvo principal o ex-tesoureiro do partido Paulo Ferreira — mais um na lista de tesoureiros petistas enrolados com a Justiça. Contra ele, foi emitido um mandato de prisão preventiva e outro de busca e apreensão. Mas ele já está detido por conta da Operação Custo Brasil, que investiga fraudes em empréstimos consignados elaborados pela empresa Consist, em parceria com o Ministério do Planejamento. O juiz Sérgio Moro determinou o bloqueio de R$ 5 milhões do ex-tesoureiro do PT.

A operação foi deflagrada ontem pela Polícia Federal para investigar contratos da Petrobras com o centro de pesquisas (Cenpes) que geraram novos repasses de recursos ao PT. A nova ação derruba qualquer esperança, inclusive no PT, de que Ferreira pudesse conseguir um habeas corpus para deixar a cadeia. Na semana passada, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Antônio Dias Toffoli mandou soltar o ex-ministro do Planejamento Paulo Bernardo e o empresário Dercio Guedes de Souza. A alegação era de que os motivos alegados para as prisões preventivas eram frágeis. Por isso, havia a expectativa de que Ferreira também fosse libertado.

As coisas mudam agora de figura. Com outro mandado de prisão emitido contra ele, em uma outra fase da Operação Lava-Jato, fica muito difícil para a defesa conseguir que o ex-tesoureiro do PT responda em liberdade às acusações que pesam contra ele. Além disso, existe um outro temor entre os correligionários de Ferreira: que ele não seja tão resiliente como outros petistas que exerceram a mesma função e acabe por ceder à pressão para negociar uma delação premiada. Ferreira tem dado sinais explícitos, nos últimos dias, de que está magoado com o partido, sentindo-se abandonado por seus pares.

 A situação é diferente, pelo menos por enquanto, em relação aos demais tesoureiros do PT que respondem à Justiça. João Vaccari Neto tem se mantido calado, impassível, apesar de duas condenações, até o momento, que somam quase 30 anos de detenção. O antecessor de Ferreira no posto, Delúbio Soares, já cumpriu, inclusive, pena de prisão após ser condenado no esquema do mensalão. Ambos ficaram calados e se recusaram a entregar possíveis operações escusas praticadas pela legenda. O que chama a atenção é que o novo mandado de prisão contra Paulo Ferreira reforça o modus operandi de captação irregular de recursos, com base em contratos fraudulentos e cobranças de propinas, praticados pelos tesoureiros do PT desde que a legenda chegou ao poder.

O primeiro
O primeiro deles foi Delúbio Soares, que comandava as finanças do partido quando estourou o escândalo do mensalão. Ele seria, segundo a acusação apreciada pelo STF, o elo entre o “núcleo político” e o “núcleo operacional”, formado pelo publicitário Marcos Valério, pelo Banco Rural e BMG. Delúbio foi condenado mas acabou tendo sua pena extinta pelo STF. Voltou ao foco na Operação batizada de Carbono 14, que investiga um empréstimo fraudulento de R$ 12 milhões obtido por José Carlos Bumlai no banco Schahin, em 2004. Vaccari é réu pelos crimes de organização criminosa, corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Tem penas que totalizam 26 anos e 4 meses de cadeia e ainda está para ser julgado em outras três ações criminais da Lava-Jato.

Embora não tenha sido tesoureiro do PT, mas da campanha presidencial de 2014, o ex-ministro da Secretaria de Comunicação Edinho Silva também é investigado pela Lava-Jato. Candidato a prefeito de Araraquara pelo PT, ele quer, inclusive, antecipar a própria defesa à Justiça. Ele é acusado de pressionar empreiteiras a contribuir com a campanha da petista em troca da manutenção de contratos com a Petrobras.

Fonte: Correio Braziliense

 

sexta-feira, 11 de março de 2016

Indultado por Dilma e perdoado pelo STF, Delúbio é a prova ambulante de que valeu a pena ser bandido no Brasil pré-Lava Jato



Em 10 de setembro de 2012, num post com o título LULA SABE DESDE 1995 QUE DELÚBIO SOARES É UM ESPECIALISTA EM DESVIO DE DINHEIRO, a coluna descreveu resumidamente a ascensão e queda do tesoureiro do PT e do Mensalão.
Confiram a trajetória do meliante que acaba de ser indultado por Dilma Rousseff e perdoado pelo Supremo Tribunal Federal. (AN)

César Benjamin filiou-se a um grupo clandestino de extrema-esquerda aos 15 anos, atravessou os dois seguintes metido na luta armada, foi preso aos 17, torturado durante meses e expulso do país aos 22. Voltou do exílio aos 24, ajudou a fundar o PT aos 26 e foi um dos coordenadores das duas primeiras campanhas presidenciais de Lula. Rompeu com o partido em 1995, mudou-se mais tarde para o PSOL e foi candidato a vice-presidente na chapa de Heloísa Helena.

A caminho dos 60 anos, o agora diretor da editora Contraponto não tem nada a ver com a elite golpista, com louros de olhos azuis ou paulistas de quatrocentos anos. Mas entre César Benjamin e a esquerda governista existe um fosso que começou a ser escavado em 1994 e assumiu dimensões amazônicas em 2005, quando revelou, num programa da TV Bandeirantes, que deixara o PT por ter testemunhado a gestação do escândalo do Mensalão ─ e fracassado na tentativa de abortar o monstrengo.

Em 1993, contou César, Lula se dispensara de consultas e conselhos para indicar o representante da CUT, braço sindical do PT, no Conselho do Fundo de Assistência ao Trabalhador. Só trocou sussurros com José Dirceu. Cabe a um conselheiro do FAT decidir onde, quando e como serão investidos os muitos milhões movimentados mensalmente pela entidade. 

O chefe resolveu transferir do semianonimato para um empregão o companheiro goiano que dava aulas de aritmética a crianças do curso primário e lições de greve a marmanjos inexperientesChamava-se Delúbio Soares. No início da campanha presidencial de 1994, César Benjamin descobriu que Delúbio, com espertezas ilegais, vinha desviando do FAT para o PT quantias com dígitos suficientes para deixar excitado até banqueiro de paraíso fiscal. Confiante na discurseira sobre valores éticos, relatou o que sabia aos mandarins do partido. Ao longo da narrativa, espantou-se com a expressão serena dos ouvintes. Ficou mais espantado ainda ao ouvir de Lula e José Dirceu a recomendação cafajeste: “em nome do partido”, deveria esquecer o assunto.

Ignorou a recomendação até render-se às evidências de que havia denunciado um criminoso aos mandantes do crime. Em 1995, César despediu-se de Lula com um aperto de mãos e uma advertência: “Isso aí é o ovo da serpente”. Era mesmo, soube-se dez anos mais tarde. A trama exposta por César nunca foi desmentida ou retocada pelos acusados. 

Todos submergiram no silêncio que consente, endossa ou autoriza. Na campanha presidencial de 2002, já promovido a tesoureiro do partido, Delúbio passou a acumular o cargo de diretor-financeiro da quadrilha do Mensalão. Em 2005, o escândalo explodiu.
O primeiro depoimento na CPI dos Correios tornou nacionalmente conhecida a figura a quem Lula se referia como “nosso Delúbio”. A voz pastosa de quem comeu arroz com Lexotan, o olhar sem luz que só boladas em dólares iluminam, o sorriso cínico dos que se acham condenados à perpétua impunidade ─ o discurso e a estampa compunham o retrato de um PT envilecido pela revogação dos valores morais. O depoente só abriu a boca para contar mentiras. Batizar a roubalheira imensa de “recursos não contabilizados”, por exemplo.

Em outubro de 2005, ao festejar o 50° aniversário numa fazenda em Goiás, o gerente financeiro do bando esbanjava tranquilidade. “Não é hora de falar, e sim de esperar o tempo passar”, disse ao repórter do Estadão. “E aí ficará provado que eu não errei”. Caprichando na pose de inocente, culpou a imprensa e os adversários. “O PT não usou dinheiro público, como fizeram os outros partidos, quando estavam no governo. Nós fizemos diferente do PFL e do PSDB. Usamos dinheiro de empréstimos privados de um empresário para fazer pagamentos de campanha e deu a confusão que deu”.  Fez duas previsões. Depois de admitir que o PT dificilmente deixaria de expulsá-lo, avisou que não demoraria a voltar sob os aplausos dos companheiros. Acertou. Depois de repetir que o Mensalão não existiu, fez a segunda aposta: “Nós seremos vitoriosos, não só na Justiça, mas no processo político. É só ter calma. Em três ou quatro anos, tudo será esclarecido e esquecido, e acabará virando piada de salão”. Errou feio. O que virou piada foi o palavrório forjado pelos delinquentes para escapar da cadeia.

No momento, é improvável que Delúbio Soares esteja pensando em comemorações. Se resolver festejar o aniversário, corre o risco de ouvir o Parabéns a Você entoado por meia dúzia de parentes. Nem os velhos comparsas vão querer apagar velinhas ao lado do companheiro que, em outubro, já será mais um corrupto condenado pelo Supremo.

Fonte: Coluna do Augusto Nunes