Blog Prontidão Total NO TWITTER

Blog Prontidão Total NO  TWITTER
SIGA-NOS NO TWITTER
Mostrando postagens com marcador Infraero. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Infraero. Mostrar todas as postagens

quinta-feira, 30 de janeiro de 2020

Bolsonaro engorda estatal da Marinha e gasto militar fica ainda maior - Vinicius Torres Freire

Folha de S. Paulo

Investimento em Defesa é o maior do governo

O investimento em obras e compras de equipamentos do governo federal aumentou no ano passado. Por fora, bela viola: foi surpresa grande, pois se esperava queda feia dessas despesas. Por dentro, pão bolorento: o investimento cresceu porque o governo aumentou em mais de R$ 10 bilhões o capital de três estatais: Emgepron, Infraero e Telebras. Em suma, porque os gastos militares cresceram bem. [o gasto militar precisa aumentar e de forma substancial, além de sua importância no mundo atual, o Brasil precisa compensar os tempos de estagnação especialmente durante o período lulopetista = organização criminosa perda total = pt = comandada pelo multicondenado Lula, provisoriamente, em liberdade.
Há urgência na reativação da indústria bélica nacional, reequipar o Exército, aumentando sua capacidade defensiva, sem descuidar da ofensiva, melhorando  a capacidade da nossa FAB - quando os Gripen forem entregues já estarão obsoletos - e não só lançar o submarino a propulsão nuclear e começar a pensar com seriedade e independência em evitar limitar a tecnologia nuclear apenas à propulsão.
Outro fato que anda meio desprezado é reduzir com a máxima rapidez possível nossa dependência de fornecedores não confiáveis - a Argentina perdeu feio e rápido a Guerra das Malvinas por confiar demais nos seus fornecedores estrangeiros, começando com os mísseis Exocet.]

A Emgepron é uma estatal da Marinha que, basicamente, faz navios. Em 2019, o governo colocou R$ 7,6 bilhões na empresa a fim de construir corvetas (navios de guerra) e um barco para uso na Antártida. No total, o gasto federal em investimento foi de R$ 57,3 bilhões no ano passado, 2,3% mais do que em 2018, já descontada a inflação. Desse total, o Ministério da Defesa ficou com 28,7% (R$ 16,5 bilhões, incluídas as “inversões financeiras” do aumento de capital da Emgepron), um aumento de 36% em relação a 2019. Em segundo lugar ficou o Ministério do Desenvolvimento Regional (R$ 10,5 bilhões), seguido pela Infraestrutura (R$ 9,2 bilhões).
Ressalte-se que se trata aqui do gasto em investimento, que equivale a apenas 3,9% do gasto federal total, que foi de R$ 1,47 trilhão (não inclui a despesa com juros, que desde 2014 nem é parcialmente paga, apenas rolada). Para onde vai o gasto militar? Para a Aeronáutica desenvolver e comprar aviões de caça Gripen (R$ 1,3 bilhão) e o cargueiro da Embraer (R$ 805 milhões). Para a Marinha construir submarinos (R$ 918 milhões) e seus estaleiros (R$ 380 milhões), por exemplo. Para um blindado sobre rodas do Exército, o Guarani (R$ 410 milhões). Para helicópteros (R$ 344 milhões). Etc.
O maior pacote de investimento federal é em manutenção de estradas, R$ 3,6 bilhões (em construção, quase nada). [por óbvio as estradas existentes precisam de manutenção, sendo conveniente reduzir a construção de estradas e voltar a construir ferrovias - reduzindo com urgência nossa prejudicial dependência ao transporte rodoviário.] Depois, em programas de construção e financiamento de casas, como o Minha Casa Minha Vida, R$ 3,4 bilhões.
Os gastos militares são pesados [porém necessários; não pode ser olvidado que chefes de Estado de países 'amigos' já soltam balões de ensaio para ocupar a a Amazônia.]quando se leva em conta que as três maiores obras individuais do país são a adutora que leva água da transposição do São Francisco para o interior de Pernambuco (R$ 578 milhões), a Ferrovia de Integração Oeste-Leste, trecho na Bahia (R$ 361 milhões), e a transposição do rio São Francisco para Pernambuco, Ceará, Paraíba e Rio Grande do Norte [obra inventada exclusivamente para ser mais uma fonte de roubo da turma lulopetista.] (R$ 251 milhões).
O valor é o das despesas empenhadas. O restante em geral é de coisas picadas, que dão volume quando juntas. Hospitais, clínicas e laboratórios: R$ 1,8 bilhão. Obras em creches, pré-escola e escolas fundamentais: R$ 1,6 bilhão. Habitação, saneamento, transporte: R$ 2,8 bilhões. Etc. O dinheiro para expansão, equipamentos e obras das universidades federais dá R$ 893 milhões. Para a melhoria de escolas (Programa Dinheiro Direto na Escola), R$ 529 milhões. Para Unidades Básicas de Saúde, R$ 578 milhões. Para comprar ônibus escolares, R$ 493 milhões.
Certas despesas são definidas por contratos (caças, por exemplo). Mas há muitas coisas erradas, neste e noutros governos, quando 28% do pífio dinheiro do investimento vai para gasto militar. Para que ter Forças Armadas sem armas? É uma questão. Mas faltam estrada, esgoto, água, mais energia limpa, cama de hospital, ultrassom, raios-X.
 
Vinicius Torres Freire, colunista - Folha de S. Paulo
 
 

quarta-feira, 13 de novembro de 2019

Valec e EPL, estatais e imortais - Elio Gaspari

Folha de S. Paulo - O Globo

Valec e EPL, estatais que resistem à extinção 

Fusão pode ter bom resultado ou ser troca de três pares por meia dúzia - Empresas sobreviverão ao primeiro ano do governo Bolsonaro 

O ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, anunciou que o governo estudará a fusão de três estatais: a Infraero, a Valec, e a ELP. Para quem recebe essa notícia, noves fora os padecimentos que já sofreu nos aeroportos, as duas outras siglas são sopa de letras. Olhando-se de perto, são uma aula. A Valec é uma estatal que cuida de ferrovias desde o século passado. Em 1987 o repórter Janio de Freitas denunciou vícios na sua concorrência para a Norte-Sul. (Ela ainda não está pronta, mas deixa pra lá.) No mandarinato petista a Valec ficou com o projeto do trem-bala que ligaria o Rio de Janeiro a São Paulo. Maluquice sem par, não tinha projeto nem empreiteiros querendo entrar no delírio.  Ficaria pronto para a Copa de 2014, ou, a mais tardar, para a Olimpíada de 2016. A concessão foi a leilão e não teve interessados. A estatal foi entregue ao ex-deputado José Francisco das Neves, mais conhecido como “Doutor Juquinha”. Essa pérola tinha mais funcionários no Rio do que em Brasília, onde ficava sua sede. 

[Presidente Bolsonaro! 
falavam e falam o diabo do Sarney - a maior parte do falatório com razão. 
Mas, uma coisa precisa ser dita: ele sabia, e ainda sabe,  respeitar a liturgia do cargo de presidente da República.
O senhor ainda deixa sua preferência por um bom debate, conspurcar a liturgia do cargo que o senhor exerce = é o Presidente da República, eleito pela vontade soberana de quase 60.000.000 de eleitores e, em termos humanos, o senhor só perde a reeleição em 2022 dependendo de sua própria vontade e conduta.
Discutir com criminoso condenado, em liberdade temporária, é algo que um presidente da República deve se autoproibir.

O senhor bateria boca com Marcola? com Elias Maluco? com Fernandinho Beira-mar?  Claro que não.
Da mesma forma que sentido tem o senhor bater boca com o condenado petista - momentaneamente, fora da cadeia?

Após essa longa entrada, vamos ao que interessa.
Tem briga da qual não se pode fugir. O senhor NÃO DEVE EVITAR a briga com a 'imortalidade' das estatais do título - tome como coisa pessoal, briga de foice no escuro, e extinga as três estatais.
Nada de fusão. Extinga as três e funda os 'restos mortais' na mesma cova.]


Felizmente, o BNDES e o Tribunal de Contas travaram o trem-bala, mostrando que numa das pontas estavam espertalhões italianos. A essa altura, a papelada do trem já havia custado R$ 63 milhões. Em 2012 “Doutor Juquinha” foi para a cadeia. Solto, viu-se condenado a nove anos de prisão e foi novamente preso. Colecionou maracutaias. O trem-bala sumiu da propaganda por algum tempo mas, em 2012, seu projeto mudou-se para uma nova estatal que acabara de ser criada, a EPL ou Empresa de Planejamento de Logística. Ela comandaria R$ 133 bilhões em investimentos, inclusive para o trem. A EPL encarnaria uma revolução, e seu presidente prometia zerar os investimentos em infraestrutura em cinco anos. Como representava o início de um novo mundo, o trem seria privatizado, pois havia japoneses e coreanos interessados. Mais: ele poderia ir até Campinas e talvez, com menor velocidade, ligasse São Paulo a Belo Horizonte, Curitiba e Brasília.
Em 2015 o trem-bala foi para o arquivo, mas a EPL, como o Fantasma das Selvas, mostrou que era imortal. A essa altura o comissariado petista fumava a ideia da Ferrovia Transoceânica, que ligaria o Atlântico ao Pacífico, com dinheiro dos chineses. Foi uma fantasia vexaminosa. 

Em 2017 a EPL tinha 143 funcionários, uma mixaria diante da Valec, com 1.027.
Em fevereiro o ministro Tarcísio de Freitas anunciou a inexorável extinção da Valec, e seu colega Paulo Guedes defendeu o fechamento da EPL. Não rolou. Quanto à Infraero, seria desossada depois da privatização de 44 aeroportos. Também não rolou.

O ministro Tarcísio conhece as malhas da burocracia da Infraestrutura. Sua última ideia não tem a retumbância das promessas de início de governo. Uma coisa é certa: a Infraero, a EPL e a Valec sobreviverão ao primeiro ano do governo Bolsonaro, pois os estudos da fusão poderão se estender até o fim do primeiro semestre de 2020. A fusão dessas três estatais poderá produzir um bom resultado, poderá também ser uma troca de três pares por meia dúzia. Conhecendo-se o passado da trinca e, sobretudo da dupla Valec/EPL, fica o risco de se planejar um cruzamento de tatu com tartaruga e urubu.

Folha de S. Paulo e O Globo - Elio Gaspari, jornalista
 

segunda-feira, 18 de março de 2019

Excelente começo

O resultado do leilão de sexta-feira passada indica que o atual governo está no caminho certo

O governo do presidente Jair Bolsonaro iniciou na sexta-feira passada seu programa de concessões e privatizações. Não poderia ter começado melhor. O governo arrecadou R$ 2,377 bilhões na licitação para a concessão de 12 aeroportos situados nas Regiões Nordeste, Centro-Oeste e Sudeste. Juntos, os terminais representam 9,5% do mercado doméstico e recebem por ano, aproximadamente, 20 milhões de passageiros.  Do montante arrecadado, R$ 2,158 bilhões correspondem ao ágio pago pelos proponentes vencedores. O ágio médio foi de impressionantes 986%, de acordo com a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). 

A realização bem-sucedida de um leilão desse porte, por si só, já seria um grande feito do governo federal. O resultado do certame, realizado na B3, em São Paulo, só reforça o sucesso do pontapé inicial dado pelo governo de Jair Bolsonaro em seu programa de privatizações. Promessas de campanha, privatizar empresas estatais e vender outros ativos são consideradas medidas prioritárias pelo Palácio do Planalto e pelo Ministério da Economia para abater a dívida pública e reduzir despesas.
Ademais, é digna de nota a ausência da participação obrigatória da Infraero (Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária), o que em boa medida explica o sucesso do leilão. 

A espanhola Aena venceu o leilão pelo Bloco Nordeste ao ofertar um valor de contribuição inicial de R$ 1,9 bilhão, o que corresponde a um ágio de 1.010,69% em relação ao valor mínimo. Esse era o bloco mais atraente, na visão dos investidores, pela proximidade com a Europa. Dele fazem parte os aeroportos do Recife (PE), Maceió (AL), João Pessoa e Campina Grande (PB), Aracaju (SE) e Juazeiro do Norte (CE). O lance mínimo era de R$ 171 milhões, e os investimentos nos primeiros cinco anos de operação, de R$ 788 milhões. 

O Bloco Centro-Oeste, do qual fazem parte os aeroportos de Cuiabá, Sinop, Rondonópolis e Alta Floresta, em Mato Grosso, foi arrematado pelo consórcio Aeroeste, controlado pela Socicam (85%). 
A empresa é mais conhecida por administrar terminais de ônibus, como o do Tietê, em São Paulo, embora já administre outros terminais aéreos no País, como os aeroportos de Jericoacoara e Aracati, no Ceará, e o Aeroporto Presidente Itamar Franco, em Goianá (MG). Era o bloco com a menor outorga mínima – R$ 800 mil –, mas o Aeroeste fez o lance vencedor de R$ 40 milhões, com ágio de 4.739,38%, comprometendo-se a investir R$ 386 milhões nos terminais nos primeiros cinco anos de operação. 

Os aeroportos de Vitória (ES) e Macaé (RJ) passarão a ser administrados pela suíça Zurich, que arrematou o Bloco Sudeste por R$ 437 milhões, o que corresponde a um ágio de 830,15% em relação ao valor mínimo inicial estipulado para este bloco no edital (R$ 46,9 milhões). Era o menor bloco em leilão. Os dois aeroportos que o compõem devem receber 3,3 milhões de passageiros neste ano. A empresa pretende chegar a 8,2 milhões de passageiros por ano até o final da concessão, em 2049. 

O último leilão de concessão de aeroportos ocorreu há dois anos, em março de 2017. Dele fizeram parte os aeroportos de Porto Alegre, Florianópolis, Salvador e Fortaleza. À época, o governo federal arrecadou R$ 3,8 bilhões, um ágio de 23% em relação ao valor mínimo, bem abaixo do histórico das outras rodadas de concessão. O ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas, comemorou o resultado da quinta rodada do leilão dos aeroportos. “Fica muito clara a demonstração de confiança (dos investidores estrangeiros) no País. Mostra que estamos no caminho certo para conduzir a política econômica. O Brasil voltou para o jogo”, disse. 

A bem da verdade, em que pese o justificado entusiasmo do ministro, o País já havia "voltado para o jogo". Ao que parece, há um esquecimento deliberado neste governo do que representaram os dois anos e meio do governo de seu antecessor. A data da próxima rodada de concessões será anunciada na semana que vem. É esperado que até 2022 todos os aeroportos do País sejam concedidos à iniciativa privada. O resultado do leilão de sexta-feira passada indica que o atual governo, nesse aspecto, está no caminho certo.

Editorial - O Estado de S. Paulo 




 

quarta-feira, 8 de agosto de 2018

Farra nas estatais e PT um partido sem candidato



Editorial do Estadão: A viagem lisérgica

A oficialização da candidatura de Lula da Silva à Presidência, no sábado passado, torna o PT, na prática, um partido sem candidato

O Partido dos Trabalhadores (PT), dirigido da cadeia por seu chefão, tem e não tem candidato à Presidência. Ou melhor, tem dois candidatos ─ e uma candidata a vice-presidente que é sem ser. Se o leitor não entendeu, não se preocupe. Ninguém entendeu. É a “viagem lisérgica” de que falou o candidato Ciro Gomes a respeito da estratégia petista.
A oficialização da candidatura de Lula da Silva à Presidência, no sábado passado, torna o PT, na prática, um partido sem candidato, pois o demiurgo de Garanhuns é inelegível, de acordo com a Lei da Ficha Limpa. A ideia, claro, é desafiar a Justiça a impugnar a candidatura do messiânico líder petista ─ que, à moda dos velhos caudilhos de antanho, considera que somente a História e as urnas são capazes de julgá-lo, pois ele está acima dessa formalidade chamada “lei”.

Esse tem sido o comportamento de Lula desde que foi flagrado em debochado contubérnio com empreiteiros, à custa de bons contratos de obras públicas e outros benefícios. Condenado a mais de 12 anos de prisão por corrupção e lavagem de dinheiro ─ isso apenas no primeiro dos processos aos quais responde ─, Lula não se preocupa mais em se defender nos tribunais, posto que a presunção de inocência há muito deixou de existir, e passou a usar seu bom desempenho nas pesquisas de intenção de voto como argumento para qualificar a condenação como “perseguição política”. Conforme essa linha de “defesa”, todo o Judiciário, a imprensa, a CIA e os “grandes grupos estrangeiros” colocaram-no na cadeia “sem provas” somente para impedi-lo de voltar à Presidência.

Como fez ao longo de toda a sua trajetória política, Lula só está pensando em si mesmo. Usa a campanha presidencial e todo o aparato do PT com o objetivo de intimidar magistrados, provocar a desordem institucional e, assim, gerar um impasse no Judiciário a respeito de sua candidatura. Pouco importa se essa estratégia causa enorme confusão no País e se reduz o PT, outrora vistoso partido, à condição de mero leão de chácara de seu mandachuva.  Mas essa encenada valentia de Lula não passou em seu primeiro teste real. O ex-presidente pretendia escolher seu candidato a vice-presidente somente na véspera do registro da candidatura, no próximo dia 15, o que lhe daria tempo para mais articulações políticas. Por determinação da Justiça Eleitoral, no entanto, o nome do vice teve de ser indicado até o domingo passado, dia 5. Num primeiro momento, Lula tinha a intenção de dar uma banana para essa determinação, fazendo o PT anunciar a chapa somente com seu nome. Mas, alertado de que isso poderia acarretar a impugnação da chapa, Lula refugou — e, de sua cela em Curitiba, mandou colocar o ex-prefeito Fernando Haddad como seu vice. Com isso, antecipou aquilo que todos sabem que vai acontecer: Haddad será o candidato do PT à Presidência, porque Lula é inelegível.

Mas a “viagem lisérgica” do PT continuou. Sendo Haddad o candidato à Presidência, embora ainda não seja, era preciso encontrar um vice para a futura chapa do ex-prefeito. Em negociações frenéticas no domingo, tudo sob a condução de Lula, os petistas conseguiram convencer o PCdoB a retirar a candidatura presidencial de Manuela D’Ávila, que será vice de Haddad quando este se tornar o candidato a presidente. Nesse meio tempo, enquanto a farsa da candidatura de Lula persistir, Manuela D’Ávila fica numa espécie de limbo político.

O PT tentou explicar: “(Haddad) será o porta-voz de Lula até o trâmite final da homologação da candidatura Lula na Justiça Eleitoral. Concluída essa etapa, a ex-deputada Manuela D’Ávila assumirá a posição de vice na chapa”. Ou seja, a rocambolesca equação serviu somente para confirmar que até o PT já se conformou com o fato de que Lula está fora do páreo, e que a chapa presidencial do partido será formada por Fernando Haddad e Manuela D’Ávila.  Até que esse cenário se materialize, contudo, o País ainda conviverá mais alguns dias com a monomania do PT, transformado definitivamente numa seita religiosa, cujo credo se baseia na infalibilidade e na santidade de seu líder, o “padim” Lula da Silva.


Farra nas estatais


O número descomunal de ausências não é fruto do acaso

O funcionalismo público desfruta de um rol de benefícios e privilégios inacessível à imensa maioria dos trabalhadores do setor privado. Um exemplo bem conhecido dessa realidade é a disparidade entre as regras do regime previdenciário dos funcionários públicos e as do regime geral aplicadas aos trabalhadores. Há também outras benesses menos conhecidas, restritas a alguns setores ou estatais, que são igualmente deploráveis. Recentemente, o Estado revelou uma série de privilégios encontrados na Empresa Brasileira de Comunicação (EBC), estatal criada no segundo governo Lula. A empresa tem 2.307 empregados, que, nos últimos seis meses, apresentaram 2.845 atestados médicos e pedidos de afastamento. Certamente, o departamento pessoal da estatal tem muito trabalho: são, em média, quase 16 solicitações por dia.

O número descomunal de ausências não é fruto do acaso. Na EBC vigora um peculiar acordo coletivo que permite aos funcionários faltarem até cinco dias por ano para acompanhar, em consultas ao médico ou ao dentista, o cônjuge, o companheiro, o pai, a mãe, o filho, o enteado ou dependente legal. Fica fácil encontrar motivo para faltar ao trabalho.  Outra generosidade da estatal da comunicação é que, se o período do afastamento for inferior a quatro meses, o empregado tem direito ao salário integral. Sendo assim, também não é de estranhar a quantidade de pedidos de afastamento.

A EBC também é generosa com os salários. Na sua folha de pagamento, constam ao menos 83 empregados que recebem mais de R$ 20 mil, além de outros benefícios. No setor de contabilidade, há uma funcionária concursada que recebe R$ 35,8 mil mensais. Conforme a Constituição estabelece, o teto salarial do funcionalismo é o salário de ministro do Supremo Tribunal Federal, que hoje é de R$ 33,7 mil.

Em maio, por exemplo, houve cinegrafistas que receberam R$ 25 mil da EBC. A iniciativa privada paga, em média, R$ 4 mil para a mesma função. Uma secretária recebeu R$ 27,8 mil, valor similar ao do salário inicial de um juiz. Em nota sobre os altos valores, a EBC informou que os vencimentos mais altos se referem a salários de empregados que “obtiveram progressão salarial em décadas de carreira” ou que “recorreram à Justiça para incorporar valores a sua remuneração”.
[Detalhe:
toda a produção de comunicação da EBC tem como principal objetivo atender às necessidade de uma TV - TV Brasil - que desde sua fundação apresenta audiência = um traço = zero;
Por óbvia a principal consumidora da produção dos cinegrafistas é a tal TV, sendo sua audiência ZERO a produção daqueles profissionais é dispensável, o que torna de forma automática e indisfarçável a presença deles no quadro de pessoal da estatal.] 

Além de lembrar as distorções salariais causadas pela submissão do Judiciário às pressões das corporações públicas, a explicação da EBC desmonta o discurso, sempre repetido por setores do funcionalismo público, a respeito do achatamento dos salários na área pública, que estariam sempre defasados. Como se vê, longe de ocasionar perdas salariais, o transcurso do tempo – a “progressão salarial em décadas de carreiras” – tem proporcionado a funcionários públicos pródigos salários, completamente fora da realidade do mercado de trabalho.

Outra estatal com uma folha de pagamento extravagante é a Infraero, segundo informações da Folha de S.Paulo. Com a concessão de vários aeroportos à iniciativa privada, a empresa reduziu suas atividades operacionais, mas não reduziu, na mesma proporção, o número de seus funcionários, havendo, agora, gente excedente. Como medida para alocar seus empregados, a Infraero chegou ao descalabro de inventar funções, até então desnecessárias, como a de vigia de refeitório.

Com uma folha de pagamento de R$ 2,1 bilhões, representando 68% das despesas operacionais, não há outra solução para a Infraero que a redução do número de funcionários. No entanto, na época das concessões, o governo federal, Dilma Rousseff à frente, assinou um acordo comprometendo-se a não demitir, sem justa causa, mais que sete trabalhadores por ano até 2018. Hoje, a empresa tem cerca de 10 mil funcionários. Como se não bastasse, o acerto foi prorrogado até 2020.

Não é sem razão que boa parte do funcionalismo público vive num mundo à parte. Há um conjunto, aparentemente ininterrupto, de péssimas decisões a sustentar, com dinheiro do contribuinte, essa vida tão diferente da do mundo real. A farra tem de acabar. [temos que ter em conta que no Brasil um ex-presidente condenado a doze anos e um mês de prisão, encarcerado em dependências da Policia Federal em Curitiba, sem liberdade de locomoção - exceto em viaturas da PF e sob escolta de policiais federais - tem direito a quatro seguranças, dois motoristas e quatro assessores.] 

Editorial - O Estado de S. Paulo
 

terça-feira, 6 de fevereiro de 2018

Vale-tudo nas estatais



Estatais que dependem de socorro do Tesouro somaram prejuízos de R$ 62,5 bilhões. Mas pagaram bônus a diretores e empregados, como se fossem lucrativas

Uma empresa estatal acumulou mais de R$ 9 bilhões de prejuízos nos últimos cinco anos. Já recebeu um socorro de R$ 6,8 bilhões do Tesouro, mas continua perdendo R$ 5 milhões por dia. Significa uma drenagem de R$ 3,5 mil por minuto dos cofres públicos. 

Ela abriga dez mil pessoas na folha de pagamentos, e considera que quatro em cada dez são “excedentes” porque perdeu 50% da receita. Muitos nem têm mais o que fazer. Em Florianópolis, por exemplo, há uma centena à espera de demissão ou remoção desde meados do ano passado, quando o Aeroporto Hercílio Luz passou para a iniciativa privada.
Ainda assim, a Infraero começou fevereiro com a nomeação de 200 novos assessores “de confiança”. Essa estatal combalida é apenas uma das que foram entregues pelo governo Michel Temer ao Partido da República. 

O donatário, chefe do PR, é um ex-presidiário, condenado e perdoado no caso mensalão. Valdemar Costa Neto não tem mandato, função pública ou cargo partidário, mas desfruta de intimidade com o poder porque administra 37 votos no plenário da Câmara, reaberta ontem. Ele gerencia um caixa partidário que neste ano vai engordar 256%, apenas com transferências diretas do Tesouro. Valdemar já garantiu R$ 146 milhões para as eleições do PR. 

A influência do partido sobre os negócios e cargos-chave em estatais, ministérios e agência reguladoras, como a de Transportes, é parte do jogo para ampliar a bancada em outubro.  O caso do PR de Valdemar é exemplar do loteamento governamental intensificado nos governos Lula, Dilma e, agora, Temer. O resultado está visível nas contas federais e de empresas como Petrobras, Eletrobras, Caixa Econômica, Infraero, Correios e da maioria das outras 144 estatais na última década e meia. Mês passado, técnicos da Fazenda e do Planejamento analisaram o desempenho de 18 empresas públicas que dependem de repasses mensais do Tesouro Nacional para pagar sua existência — de salários a contas de água e luz. 

Essas estatais receberam R$ 49,1 bilhões em injeções de recursos entre 2012 e 2016. E somaram um prejuízo líquido de nada menos que R$ 62,5 bilhões nesses quatro anos — as perdas correspondem a 39% do rombo estimado nas contas federais deste ano (R$ 159 bilhões). O loteamento somado à incúria deixou empresas em situação pré-falimentar, como ocorre com a Infraero, Correios, Casa da Moeda, Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro), Empresa de Tecnologia e Informações da Previdência Social (Dataprev) e Empresa Gestora de Ativos (Emgea), entre outras. Em comum, elas têm as despesas crescentes com pessoal e uma contínua e significativa redução de receitas. 

A lógica nas decisões administrativas é a de que se a empresa é pública, ela é de ninguém. O regime de vale-tudo permite coisas como a alquimia da ineficiência em virtude.
O Ministério do Planejamento acaba de relatar ao Tribunal de Contas que, apesar das perdas acumuladas, mais de uma dezena de empresas estatais dependentes do Tesouro distribuíram gratificações a diretores e empregados sob a justificativa de participação nos resultados.
Socializaram o prejuízo e privatizaram um lucro que nunca existiu. Nem no papel.

José Casado, jornalista - O Globo