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segunda-feira, 10 de julho de 2017

Como o “casamento gay” nos agride? Aqui está.


Os cristãos são freqüentemente perguntados por gayzistas quanto aos motivos de se oporem ao “casamento” homossexual. “Como nosso ‘casamento’ os agride?”, perguntam eles.


 Integrantes do Templo Satânico de Seattle na parada gay de 2016.
(Foto: https://thesatanictempleseattle.com/)

Bem, posso pensar em uma forma significativa de como isso nos agride: isso vai destruir a liberdade religiosa e os direitos de liberdade de expressão.  A pergunta está escrita num muro no Canadá, que legalizou o “casamento” do mesmo sexo em 2005, mudando completamente seu verdadeiro significado. Desde então, como Michael Coren observa na National Review Online, “houve entre 200 e 300 procedimentos … contra críticas e opositores do casamento do mesmo sexo.” É claro que ele quis se referir a procedimentos legais.

Por exemplo, em Saskatchewan, um homem homossexual chamou um comissário estadual de casamento, querendo “se casar” com seu parceiro. O comissário, um cristão evangélico, recusou-se a realizar a cerimônia por razões religiosas. Ele simplesmente encaminhou o homem para outro comissário. Mas isso não foi suficiente para o casal gay. Embora tenham recebido a cerimônia, eles queriam punir o cristão que havia recusado a conduzi-la. O caso acabou nos tribunais. E o resultado? Aqueles com objeções religiosas para realizar tais cerimônias agora enfrentam a perda de seus empregos.

As igrejas canadenses também estão sob ataque. Coren escreve que quando Fred Henry, o bispo católico romano de Calgary, Alberta, enviou uma carta às igrejas que explicam o ensino católico tradicional sobre o casamento, ele foi “acusado de violação dos direitos humanos” e “ameaçado de litígio”.

Igrejas com objeções teológicas para realizar cerimônias de “casamento” do mesmo sexo estão sendo ameaçadas com a perda do status de isentas de impostos. Na Colúmbia Britânica, os Knight of Columbus concordaram em alugar seu prédio para uma recepção de casamento antes de descobrir que se tratava de um casal de lésbicas. Quando descobriram, pediram desculpas às mulheres, concordaram em encontrar um local alternativo, e pagaram os custos da impressão de novos convites. Mas isso não foi bom o suficiente. As mulheres entraram como processo, e a Comissão de Direitos Humanos ordenou aos Knights of Columbus que pagassem uma multa.

É claro que as lésbicas sabiam perfeitamente o que a Igreja Católica ensina sobre o casamento, mas, ainda assim, buscaram um edifício de propriedade católica.  Como diz Michael Coren, “está se tornando óbvio que pessoas, líderes e organizações cristãs estão sob a mira, quase que certamente, para criar precedentes legais” – precedentes destinados a silenciar e punir qualquer um que se atreva a discordar do chamado “casamento” gay.

Se você acha que isso não poderia acontecer aqui, pense novamente. Em 2012 vimos o ObamaCare atacar a autonomia das igrejas católicas tentando forçá-las, em violação do ensino católico, a pagar por contraceptivos e abortivos para os funcionários da igreja. Logo em seguida, uma funcionário lésbica de um hospital católico em Nova York processou o hospital por negar seus benefícios de saúde conjugal. Isto é o que precisamos dizer aos nossos vizinhos quando nos perguntam: “Como o casamento gay” os faz mal?” Isso significa que aqueles hostis a nossas crenças tentarão nos dobrar a vontade deles para nos forçar a não apenas aceitar esse tipo de “casamento “, mas para desculpá-lo também.

É por isso que exorto você a se juntar ao meio milhão de cristãos que assinaram a Declaração de Manhattan.
Você e eu devemos demonstrar amor aos nossos vizinhos homossexuais, é claro, lembrando que estamos envolvidos, em última análise, numa guerra espiritual. Mas devemos defender-nos corajosamente quando os nossos direitos como cidadãos e as exigências da nossa consciência estão ameaçados.
Publicado na CNSNews.

Comentário de Olavo de Cavalho: Pura verdade. É IMPOSSÍVEL haver “casamento gay” sem perseguição religiosa.

quinta-feira, 29 de junho de 2017

O gigante enfim acordou

Pare com essa mania pequeno-burguesa de investigação. Um país moderno não pode ficar travado em burocracias 

O gigante enfim acordou. O grande dia demorou a chegar, mas valeu a pena. A criatura paquidérmica e modorrenta espreguiçou-se com estilo, lançou um olhar de sagacidade em direção ao nada e anunciou a descoberta da origem de todos os seus problemas: Michel Temer.

Foi bonito, mas não pensem que foi fácil. Na verdade, nem teria sido possível se não fosse a intervenção de um herói discreto, um humilde homem do povo disposto a tudo para salvar a sua gente: Joesley Batista. Desde o lendário Luiz Inácio da Silva – o filho do Brasil – não se via nesta terra alguém tão determinado a sacrificar-se pelo bem comum. Talvez até já se possa dizer que o Brasil tem dois filhos.

Ninguém ganhou tantas manchetes neste país em pouco mais de 30 dias quanto o companheiro Joesley. Nada mais justo. Está faltando um historiador corajoso o suficiente para constatar o óbvio: o Maio de 17 no Brasil foi mais revolucionário que o Maio de 68 na França. Daniel Cohen-Bendit, o heroico líder das passeatas estudantis na França conhecido como Dani Le Rouge, tende a sumir dos livros de história com a consagração de Joesley Batista, o Jo Free-Boy. Cohen-Bendit nem exilado foi. Já o nosso Free-Boy teve de se exilar em Manhattan, em plena primavera nova-iorquina, jogado como um indigente em seu apartamento na 5ª Avenida, cercado por todos os lados de grifes milionárias e opressoras.

Felizmente, Jo Free-Boy é um herói solitário, mas nem tanto. Alguns estudiosos progressistas e humanitários asseveram que ele não seria nada sem uma eminência parda também fadada a passar aos livros de história como ícone da revolução de Maio de 17 no Brasil: Rodrigo Janot, o Deixa-Que-Eu-Chuto. Graças aos chutes certeiros de Janot, em tabelinhas sensacionais com Joesley (jogam por música), o Brasil descobriu que a quadrilha de Michel Temer sequestrou e depenou o país por 13 anos – mantendo gente inocente como Lula, Dilma, Dirceu e todos aqueles tesoureiros simpáticos deles sob efeito de drogas pesadas, obrigados a fazer papéis sórdidos. 

Desumano.
Mas agora tudo se esclareceu. Quem roubou o BNDES e passou mais de década enfiando bilhões de reais na conta de Jo Free-Boy, na marra e sem dar a ele a mínima chance de defesa, foi Temer. Quem obrigou José Dirceu, por meio de tortura e choques elétricos, a reger na Petrobras o maior assalto da história do Ocidente foi Temer. Todo mundo sabe que o único parceiro de luta armada que tinha a chave da casa de Dirceu era Temer. Uma violência.

E vejam só a desfaçatez: no que Temer assume a Presidência da República, o que ele faz? Enxota todos os bandidos da Petrobras e de seu entorno, põe para dirigir a companhia um executivo de primeira linha, inclusive honesto, que vai lá e salva em tempo recorde a maior empresa nacional. É muita cara de pau. Na guerrilha, chamavam isso de “fazer fachada”.

Mas não engana ninguém. Agora todos já sabem, depois de tanta polêmica, que o tríplex do Guarujá é de Temer. O sítio de Atibaia também. Os pedalinhos pertencem a Michelzinho e aqueles nomes da família de Lula pintados ali eram disfarce. Os Silvas na verdade eram empregados do sítio, inclusive submetidos a trabalho escravo. 

Michelzinho ficou milionário à sombra do pai – que o apelidou de Ronaldinho dos negócios – quando todos sabem que talentoso mesmo para as finanças era Lulinha. Mas esse continuou pobre, porque a quadrilha de Temer sabotou todas as suas iniciativas. Antes de ser preso na Lava Jato, o pecuarista José Carlos Bumlai cuidou pessoalmente de asfixiar a promissora carreira empresarial do filho de Lula.

É tudo muito triste, mas Deus é brasileiro e agora estamos caminhando para o final feliz. A receita do sucesso é simples, Brasil: não deixe de apoiar, em hipótese alguma, os chutes da dupla Janot & Joesley. A bola costuma ir à arquibancada, mas isso não tem problema, porque o juiz Fachin sempre apitará gol. Entendeu? Pare com essa mania de investigação, processo e outras frescuras pequeno-burguesas. Um país moderno não pode ficar travado em burocracias.

Só falta erguer um monumento ao revolucionário desconhecido que tatuou seu lema na própria testa: “Eu sou ladrão, vacilão e safadão, mas estou livre porque tem um monte de otário pra acreditar em mim”.

>> Mais colunas de Guilherme Fiuza

Fonte: Revista Época

 

sexta-feira, 16 de junho de 2017

O Partido da Boiada Feliz

Janot é o novo herói dos iluminados. Olhando o quadro completo, você só pode constatar que a carne é fraca 

A semana começou tranquila no Brasil, com os irmãos Freeboys desejando a todos boas compras na 5a Avenida e muita diversão na Broadway. Como se sabe, o Papai Noel antecipado do companheiro Janot deu aos fenomenais donos da JBS o presente de suas vidas (Nova York é linda na primavera) – e olhem que o bom velhinho de São Bernardo já tinha dado uma lembrancinha bilionária aos meninos. Eles ainda tiveram a sorte (que garotos venturosos!) de encontrar pelo caminho o companheiro Edson Fachin, um homem bom, que não economiza seus poderes para ajudar a quem precisa.

Agora segure a emoção para o final feliz: um grupo de artistas resolveu dar apoio político a essa conexão dourada de brasileiros que não desistem nunca (de ficar com o que é seu). A estratégia é a seguinte: fazer campanha pública – aquelas com camisetinhas, videozinhos, caras e bocas bem ensaiadas para inventar uma prorrogação do mandato de Rodrigo Janot na Procuradoria-Geral da República. Uma coisa natural, democrática, tipo o Sarney quando resolveu dar a si mesmo mais um ano na Presidência, ou seus antecessores de farda, que também resolveram dar uma prorrogada no governo deles, tipo assim, para sempre.

A ideia é muito boa – como todas as que vêm desse grupinho iluminado, que inventou o remake das “Diretas já” (na praia, que ninguém é de ferro) com o cuidado de não convidar para a festa o companheiro Maduro, amigo de fé e irmão camarada dos democratas de Copacabana. Foram esses mesmos visionários que marcharam corajosamente em defesa da quadrilha progressista e revolucionária de Dilma Rousseff. Como se vê, eles sabem o que fazem.

E agora querem Janot forever. Mais um lema matador. Como se sabe, um procurador que era braço direito do procurador-geral assessorou o grupo JBS no acordo providencial que salvou a pele dos irmãos Batista. É uma turma muito bem relacionada, que sabe cultivar as amizades certas. Havia outro procurador contratado pelos maiores contratantes do país para lhes vazar informações da Lava Jato, mas por um infortúnio este foi preso. Deve estar especialmente chateado, sabendo que não estava sozinho nos esforços da vazadoria-geral em prol dos pobres bilionários. A carne é fraca.

Janot é o novo herói desse grupinho de iluminados, e olhando o quadro completo você só pode constatar que a carne é, reiterada e conclusivamente, fraca. Claro que o mote é apoiar o “comandante da Lava Jato”. Temos de admitir que a importância de Rodrigo Janot para as conquistas éticas da Lava Jato só é comparável à de Dilma Rousseff para as conquistas intelectuais da mulher.

Pensando bem, o Brasil deveria se livrar dessa confusa profusão de partidos díspares e desconexos e consolidar o que é bom num partido único – o que tiver as maiores boiadas. Essa consolidação, inclusive, já foi feita pela alma mais honesta dos dois Hemisférios, num trabalho árduo de mais de década com o brilhantismo do BNDES e o suor do seu rosto, caro leitor. Janot, o herói dos artistas, sabe o que é bom para o país – e é por isso que os donos do partido único ganharam a chance de ir para Manhattan refletir sobre os destinos dos brasileiros.

É hora de tirar esse partido único da clandestinidade. Chega de intermediários, basta de amadorismo. Os artistas de passeata têm razão. O Brasil nunca mais vai precisar de reforma da Previdência, reforma trabalhista, orçamento equilibrado, juros, impostos, leis, nada. Basta dar o poder a quem realmente tem dinheiro, e aí não é nem mais o caso de perguntar de onde esse dinheiro veio – porque, como já vimos, ele será distribuído de graça entre aqueles que querem a revolução do bem e facilitam as coisas para os líderes dessa revolução não irem para o xadrez.

Você nem se lembra mais da delação-bomba de João Santana. Talvez se lembre de quem foi João Santana – e isto é bom você não esquecer: foi um dos mentores intelectuais da transformação do Brasil num vasto e pródigo pasto ideológico, onde tudo se resolve mediante um modesto pedágio ao rei. A literatura sobre a formação épica da república do pixuleco está toda na internet, a seu alcance. Releia uma hora destas, se quiser entender o que foi a Revolução de Maio de 2017.

Fonte: Revista Época - Guilherme Fiuza

 

terça-feira, 30 de maio de 2017

Não há heróis nessa farsa de horror

José Nêumanne: Não há heróis nessa farsa de horror

Para a plateia todos interpretam mocinhos, mas na vida real prevalecem mesquinhos interesses

Publicado no Blog do Nêumanne

Desarmado, inerme e calado diante do tumulto, o cidadão comum, que se esforça, sua e sofre, gostaria de saber por que Joesley Batista, de uma família de modestos açougueiros de Anápolis, no Goiás de Íris & Íris Rezende, Carlinhos Cachoeira, Demóstenes Torres e dos Caiados, tiraram a sorte grande desde o começo.  

De marchantes dos ermos a reis do mundo da carne verde ou seca, trilharam um caminho que deu na Quinta Avenida, com direito a missa de domingo na Catedral de São Patrício. Enquanto isso, o tal cidadão, que pagou a conta, está desempregado ou, se ainda não perdeu o emprego, morre de medo de se juntar a quem mendiga seguro-desemprego ou, no mínimo, trabalha o dobro para ganhar um terço do salário que um dia já recebeu e, pelo visto, nunca mais será o mesmo.

Seria natural que ele tivesse um herói a quem se agarrar, não para suplicar um lugar ao sol de Manhattan, mas para pelo menos viver com um mínimo de dignidade, que agora lhe é negado. Qual o quê? Apenas lhe resta ser exemplo para si mesmo, pois nem aos próprios filhos pode vender seu modelo de honestidade, que esse tipo de virtude no Brasil de hoje só pode dar uma camiseta regata toda esburacada. No filme que vê diariamente nos telejornais do dia a dia só atuam vilões da pior espécie, dos quais não dá nem para comprar uma bicicleta usada e enferrujada recém-saída do ferro-velho, quanto mais votar e pôr, de novo, nas mãos da gangue de sempre toda a poupança nacional vilipendiada.

De claro mesmo só a evidência de que os irmãos Batista e seus executivos, sócios e empregados se saíram muito bem em sua trajetória de sanguessugas do esforço coletivo. Na hora de delatar só pensaram no prêmio que iam ganhar, com direito a ex-miss no tálamo e dupla sertaneja nas festas de papai e mamãe. O patrocinador dessa farra toda é padim Lula de Caetés, que os afilhados não hesitaram em delatar para desfrutar o bem-bom na Big Apple e o convívio com os filhotes, matriculados em boas escolas e com o futuro garantido por muitas gerações. Não precisaram, pelo menos até agora, nem contar a verdadeira história do acúmulo daquilo que o velho Marx, o barbudo a quem sempre recorrem os acólitos sabidos do ex-sindicalista, batizou de mais-valia. Até agora ninguém ficou sabendo como isso de fato aconteceu e esse é um relato para ser reproduzido na história do crime no capitalismo selvagem.

Os Batistas não caíram na armadilha de Marcelo Odebrecht, que demorou muito para delatar e terminou pegando cana dura e brava. Nem repetiram o garoto esperto Eike Batista, que resolveu dar uma de migué e entregar uns caraminguás sem contar com a astúcia de Chapolim Colorado dos agentes policiais, que não entraram em sua cantiguinha de cego. Resolveram contar tudo, sem esconder nada, antes de algemas e tornozeleiras. 

Para isso, sabiam que podiam contar com um agente da lei disposto a usar a própria expertise em malandragem para se dar bem. E, assim, assim contrataram para ajudar a preparar sua proposta de delação premiada justamente Marcelo Miller, o procurador que era tido como o braço direito do procurador-geral Janot. O ex-procurador saiu do Ministério Público Federal em março para trabalhar no escritório Trench, Rossi & Watanabe, do Rio de Janeiro, que, “por sorte”, não menos do que “por acaso”, presta serviços advocatícios ao grupo delator. Quanta coincidência!

Os irmãos Esley Safadões delataram outro procurador, que funcionava como um X 9 de dez dedos, Angelo Goulart Vilella, pela nada módica quantia de R$ 50 mil por mês. Mas, para a J&F, holding da JBS em que resultou o antigo açougue de Zé Mineiro, pai dos alcaguetes mais finórios do país da malandragem, Miller nunca teve nada que ver com a permanência dos milhões nos saldos bancários dos marchantes bilionários.

Acredite quem quiser. Mas o espetáculo precisa continuar. Sem faltarem oportunistas nesse conto de carochinha de horror. O Ministério Público Federal (MPF) foi tão camarada dos próprios colaboradores que nem se deu ao trabalho de periciar a gravação que o generoso informante lhes deu com a prova dos crimes do chefão do governo federal. 

 O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, endereçou ao relator da Operação Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Luiz Edson Fachin, o pedido de investigação do presidente Michel Temer, sem titubear. E Fachin pôs seu jamegão no papel, pois, afinal, o juiz, advertiu, só verifica a legalidade da delação, sem discutir o prêmio a ser dado ao delator. No meio da confusão, Jorge Bastos Moreno registrou no “Cantinho do Moreno”, do Globo, que o relator passeou pelo Senado na companhia de Ricardo Saud, um dos delatores da JBS, para conquistar a simpatia dos “varões de Plutarco” amigos dos barões da proteína. Jura que não sabia que a empresa era dada à delinquência. Talvez em 2015 só ele não soubesse, tão inocente, diria o Compadre Washington. Mas, já avisou Marco Antônio perante o cadáver de César, doutor Fachin “é um homem honrado”.

Não falta quem discuta essa desculpa entre seus pares. Marco Aurélio Mello, interessado em melar delações premiadas em geral e as da Lava Jato em particular, logo avisou que quem sentencia é juiz, e procurador é parte. Na cola dele veio o loquaz Gilmar Mendes que, apesar de presidir o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), tem tempo para dar diariamente seus showzinhos de arrogância (“o Supremo somos nós”, à Luís XIV). Este engatou seu vagão retórico na locomotiva do primo de Collor e já aproveitou para deixar claro que quer pegar carona no deslize de Fachin para desautorizar a maioria do plenário, da qual até ele fez parte, para presentear os advogados de grã-finos do Brasil com a volta atrás na decisão da prisão de condenados após a segunda instância.

O colega Luís Roberto Barroso chiou. E com razão. Quem negará a razão de seus pronunciamentos ao UOL? O Judiciário não pode servir como “um instrumento para perseguir inimigos e proteger amigos”, disse Barroso, agora que a Lava Jato chegou a Michel Temer (PMDB) e Aécio Neves (PSDB). “A jurisprudência não pode ir mudando de acordo com o réu. (…) Você só muda a jurisprudência quando existe mudança na realidade ou na percepção social do direito. Não aconteceu nem uma coisa nem outra.” De fato, a realidade não se limita às opiniões dos líderes do mimo aos reis da segunda instância, Dias Toffoli, Ricardo Lewandowski e Marco Aurélio Mello. “É preciso mostrar às novas gerações que o crime não compensa e que o mal não vence no final. Será uma pena se o Brasil retroceder nisso.” Aí é que mora o busílis. Quem é cavalgado sabe que ele está certo e quer que sua opinião vença. Mas quem cavalga…

Não tenha ilusões de que exista alguém nessa briga que esteja realmente empenhado em defender a cidadania. O ministro Gilmar Mendes pretende somente facilitar a vida de dois amigos em dificuldades: Michel Temer, presidente da República, e Aécio Neves, ex-presidente nacional do PSDB. Nada tem que ver com inocentes que eventualmente percam seu direito de defesa prolongado às calendas pela eventual permissão de prisão apenas para condenados em terceira instância, como propugna Dias Toffoli. Assim, o presidente do TSE segue, confirmando uma parceria iniciada na Segunda Turma no plano comum de liberar acusados do PSDB, de cujo governo (Fernando Henrique) ele foi advogado-geral, e do PT, de cujo governo (Lula) Toffoli foi advogado-geral e a cujos filiados serviu de forma servil já como ministro do Supremo, no julgamento do mensalão.

Contra a delação de Joesley não são seus inimigos, mas os amigos de Temer, Aécio, Lula, Dilma e outras vítimas de sua bocarra. A favor dela é  quem quer ver esses figurões pagar pelos delitos de que são acusados, seja em que instância for. Quem conhece bem o Brasil sabe que não sai punição no andar de cima da Justiça. Só na primeira instância. De resto, de boas intenções, dizia minha avó, o inferno está cheio. No Brasil de hoje, reprodução bastante próxima do inferno visitado por Virgílio, o poeta romano e protagonista da Divina Comédia de Dante, só há agentes do Estado com as intenções mais personalistas que existem. São todas ótimas, mas só interessam a seus amigos, parentes, afilhados e apaniguados. O resto é mera lorota. Sob qualquer pálio ideológico.

Fonte: Coluna do Augusto Nunes  - VEJA

 

sexta-feira, 18 de novembro de 2016

Quem são e como vivem os Trump

Assim como nos negócios, também na política o magnata Donald Trump coloca a família acima de tudoe ter convocado o clã para a linha de frente da campanha à presidência pode ter feito a diferença nas urnas. Os filhos, genros e noras foram os maiores aliados do republicano. “Eu posso estar sozinho, mas tenho minha família”, repetiu Trump diversas vezes como resposta à constatação de que nenhuma estrela do porte de Madonna ou Bruce Springsteen estava a seu lado. 


Unida, a família Trump foi capaz de neutralizar o apoio de celebridades à democrata Hillary Clinton. “Todos os projetos que construímos, construímos como uma família”, orgulha-se Eric, 32 anos, um dos cinco filhos que o presidente eleito teve em seus três casamentos. Na Trump Organization, holding que atua em negócios do ramo imobiliário e hotéis, os três filhos de Donald com a ex-modelo Ivana Trump ocupam cargos de vice-presidente. Donald Jr., 38, Ivanka, 35, e Eric estão no coração da empresa. Eles foram a tropa de elite que ocupou posições de confiança na campanha, que engajou ainda Tiffany, 23, a filha do segundo casamento de Trump, com a atriz Marla Maples. Só o caçula Barron, 10, ficou de fora.

Brigas e vinhos
Na corrida eleitoral, quem mais se destacou foi Ivanka. Com 2,2 milhões de seguidores na rede social Twitter, ela foi a primeira a anunciar, ainda em junho de 2015, que Donald Trump concorreria à Casa Branca. Na reta final, ela chegou a reescrever os discursos do pai, além de usar sua expertise no mundo da moda para dar palpites no figurino que ele deveria usar. Assim como a mãe, Ivanka foi modelo e chegou a desfilar para campanhas da grife Tommy Hilfiger antes de lançar sua própria marca de roupas e sapatos. Ela é casada com o megainvestidor Jared Kushner, 35, famoso por ter feito a maior aquisição imobiliária da história dos EUA — o edifício 666 Fifth Avenue, comprado em 2007 por U$ 1,8 bilhão.

 Dono do semanário “New York Obsever”, o primeiro a endossar oficialmente a candidatura Trump, Kushner foi o grande arquiteto da campanha presidencial. Ele arregimentou uma equipe de talentos do Vale do Silício para o “Projeto Álamo”, equipe que gerenciou a estratégia de mídias digitais de Trump. Bem-sucedido na missão, assumiu efetivamente a gerência da campanha a partir de junho, depois de recomendar o afastamento de Corey Lewandowski. Após a vitória de Trump nas urnas, Kushner foi encarregado de estabelecer o plano para a equipe de transição na Casa Branca.

“Todos os projetos que construímos, construímos como uma família” Eric Trump, o filho do meio

Também no centro de comando da campanha atuou o primogênito Donald Trump Jr., graduado na prestigiada escola de gestão Wharton, da Universidade da Pensilvânia. Nos tempos de faculdade, era um típico playboy: frequentava clubes caros, bebia demais e acaba se envolvendo em pancadaria. A exemplo do pai, Donald Jr. se casou com uma ex-modelo, Vanessa Haydon, e também teve cinco filhos. Mas nem os negócios e nem a política o impedem de manter hábitos como a caça de veados ou o gosto por restaurantes estrelados pelo Guia Michelin. Durante a campanha, Donald Jr. cometeu uma gafe digna de seu pai ao comparar refugiados sírios a doces envenenados. Até o fabricante da marca citada emitiu uma nota de repúdio.

Um perfil bem diferente tem o irmão do meio, Eric, o filântropo da família. Formado em finanças pela Universidade de Georgetown, ele fundou em 2006 a Eric Trump Foundation, que angaria recursos para o hospital St. Jude Children’s. Apreciador de vinhos, ele também administra a vinícola Trump, no estado de Virginia.

Tiffany Ariana foi a única filha do casamento de Donald Trump com a atriz Marla Maples. Quando os pais se separaram, ela foi viver com a mãe, na Califórnia. Depois de ter sido estagiária da revista “Vogue” e de se arriscar como modelo em Nova York, Tiffany gravou em 2014 o disco “Like a Bird”. A carreira de cantora não decolou. Formada em sociologia, ela não tem cargo na Trump Organization nem fez parte da equipe de campanha. Ainda assim, usou sua influência em redes sociais para pedir votos e até discursou na segunda noite da Convenção Nacional Republicana, em julho deste ano, que referendou a chapa de Trump com Mike Pence como candidato a vice.

Nascida Melanija Knavs e hoje Melania Knauss-Trump, a ex-modelo eslovena de 46 anos se casou com Donald Trump em 2005. Durante a campanha, a atuação de Melania foi relegada a segundo depois da constatação de que seu primeiro discurso reproduzira parágrafos inteiros de um pronunciamento feito por Michelle Obama em 2008. Embora se diga arquiteta, o curso não existe na faculdade que ela afirma ter estudado. Mãe de Barron, o caçula do clã, a 47ª primeira-dama dos Estados Unidos irá trocar a opulência da cobertura em que vive na Trump Tower, em Nova York, pelo endereço mais cobiçado do planeta: a Casa Branca.

 Fotos: REUTERS/Rainier Ehrhardt; David Becker/Getty Images/AFP; Evan Agostini/Invision/AP; Sam Horine

A residência atual dos Trump, no topo do edifício número 725 da Quinta Avenida, no centro de Manhattan, tem uma vista privilegiada, que abrange o Central Park e as pontes que ligam a ilha aos bairros vizinhos e a Nova Jersey. Por dentro, a ostentação impera. Templo da extravagância de Trump, a cobertura foi decorada por Angelo Donghia (1935-1985) no início da década de 1980. Extrapolando o gosto da época, ele buscou referências no estilo rococó francês do século 18. Abusou de colunas palacianas em mármore e ornamentos dourados. 

Parte do mobiliário e alguns dos elementos decorativos são de fato banhados a ouro, caso da poltrona Luís XV favorita de Donald. Na residência que ele, Melania e Barrow irão ocupar a partir de 2017, em Washington, a decoração é bem mais discreta e a vista pode até ser menos impactante. Mas ali, como em nenhum outro lugar, a família Trump terá o mundo a seus pés.

Fonte: Reuters


terça-feira, 20 de setembro de 2016

História nos autos

Ex-líderes do PT e do PP relatam a devastação da maior empresa do país, a Petrobras. Em outubro, eles e mais dez envolvidos devem recontar a história para a Justiça dos EUA

Os óculos transitavam entre as mãos, cadenciando a fala diante da câmera. Já durava uma hora o interrogatório do ex-senador sobre a política no Brasil nos últimos 15 anos.  O senhor diz que o presidente Lula tinha conhecimento do ilícito que estava sendo praticado lá na Petrobras, “arrecadação” de propina, desde a formação do governo. É isso mesmo? — quis saber o procurador.
É isso. Então, doutor, no princípio era uma coisa mais restrita de menor monta, não atingiu a dimensão que veio depois.

O procurador queria detalhes sobre “a participação do Luiz Inácio Lula da Silva no esquema”. O ex-senador Delcídio Amaral demonstrava ansiedade em contar como foi o fatiamento do poder sobre o caixa da estatal de petróleo para financiar o PT, o PP e o PMDB, entre outros. Petista por década e meia, foi líder do governo Dilma até o início deste ano. Preso por obstruir a Justiça, resolveu fazer um acordo de colaboração, como outros 60 envolvidos (há mais duas dezenas de acusados na fila de negociações em Brasília e Curitiba).  — Sobre o processo “arrecadatório”, de propina, como é que se dava a relação do presidente da República com os diretores da Petrobras?
— Eram os partidos que executavam — explicou Delcídio. — Como ele conversava com os partidos, tinha um acompanhamento quase em tempo real de como cada partido estava agindo dentro dentro da Petrobras. Tinha ciência clara. Evidente que não entrava na execução, mas sabia o que estava acontecendo. Isso aí é inegável. E uma coisa é certa: se um diretor não “desempenhasse”, a reclamação era direta lá no Planalto.

— E ele (Lula) tinha conhecimento de quanto cada diretoria da Petrobras arrecadava?
— Do PT, ele tinha conhecimento claro. Dos outros partidos podia ter uma noção dos valores, pelo tamanho dos negócios. É inegável.

Setembro mal começara e o ex-líder do PT falou por mais uma hora sobre Lula, partidos e propinas em contratos da Petrobras. Na mesma época, em Curitiba, o antigo líder do PP na Câmara, Pedro Corrêa, relatou reuniões com Lula desde a nomeação de Paulo Roberto Costa na diretoria de Abastecimento da Petrobras, em 2004, para “arrecadação de propina”. Costa “atendia satisfatoriamente”, contou, mas o partido sempre queria mais.  — Em reunião do Conselho Político foi cobrado um ministério. Era eu, (os deputados) Janene, Pedro Henry e o (ministro) Dirceu. O Lula respondeu: Vocês têm uma diretoria muito importante, estão muito bem atendidos financeiramente, o Paulinho tem me dito”. 

No ano eleitoral de 2006, Corrêa e Janene voltaram ao Planalto: — Lula disse não. Nas palavras dele, “o Paulinho tinha deixado o partido muito bem abastecido, com dinheiro para fazer a eleição de todos os deputados”.  Delcídio e Corrêa continuam reconstituindo nos autos judiciais a devastação da maior empresa do país. Em outubro devem recontar a história para a Justiça dos EUA, na companhia de outros dez acusados. Jed Rakoff, juiz de Manhattan, pediu para ouvi-los no processo contra a Petrobras movido por investidores estrangeiros. Em Curitiba, Brasília e Nova York há certeza de que a Petrobras, fornecedores, executivos e políticos envolvidos não conseguirão escapar ilesos de indenizações e punições rigorosas no tribunal de Nova York.

Fonte: José Casado, jornalista - O Globo

sexta-feira, 10 de junho de 2016

50 anos de mudanças de sexo, transtornos mentais e suicídios aos montes



Trinta e três anos atrás passei por uma cirurgia de redesignação de sexo apenas para descobrir que era um alívio temporário, não uma solução para as comorbidades subjacentes.

Pioneiros nas cirurgias de mudança de sexo e estudos clínicos recentes concordam que a maioria do transexuais sofrem de distúrbios psicológicos simultaneamente, levando à tragédia de um elevado número de suicídios. A proibição da psicoterapia para pessoas transexuais pode ser politicamente correta, mas mostra um desrespeito imprudente pela vida humana.

Linha do tempo:
04 de outubro de 1966: A coluna de fofocas do New York Daily News informou que uma moça que estava circulando em clubes de Manhattan admitiu ser um homem em 1965. Ela tinha passado por  uma operação de mudança de sexo em Baltimore, na clínica Johns Hopkins. Em 1979, treze anos mais tarde, um grande número de cirurgias desse tipo haviam sido realizadas, sendo possível avaliar os resultados. Era hora para uma pesquisa com base em pacientes reais.

1970: Qual a eficiência da cirurgia de mudança? Quais foram os resultados para os transexuais?
O primeiro relatório vem do Dr. Harry Benjamin, um forte defensor de terapia hormonal com o sexo oposto e da cirurgia de "reatribuição de gênero", que era realizada num clínica privada para transexuais. De acordo com um artigo  no Journal of Gay & Lesbian Mental Health, "em 1972, Benjamin tinha diagnosticado, tratado e feito amizade com, pelo menos, mil dos dez mil americanos conhecidos por serem transexuais."

Um colega do Dr. Benjamin, o endocrinologista Charles Ihlenfeld, administrou a terapia hormonal para cerca de 500 pessoas "trans" ao longo de um período de seis anos na clínica de Benjamin – até que ficou preocupado com os resultados. "Há muito descontentamento entre as pessoas que fizeram a cirurgia", disse ele. "Muitos deles acabam como suicidas. 
80%  dos que querem mudar de sexo não devem fazê-lo." Mas, mesmo para os 20% que ele achava que poderiam ser bons candidatos para isso, a mudança de sexo não é de nenhuma maneira uma solução para os problemas da vida. Ele pensa nisso mais como uma espécie de alívio. "Compra-se talvez 10 ou 15 anos de uma vida mais feliz", disse ele, "e vale a pena por isso."

Mas o próprio Dr. Ihlenfeld nunca fez mudança de sexo. Eu fiz, e discordo dele nesse último ponto: o alívio não vale a pena. Eu tive um alívio de sete ou oito anos, e depois? Eu estava pior do que antes. Eu parecia uma mulher – meus documentos legais me identificavam como uma mulher – mas eu achei que no final do "alívio" eu queria ser um homem com a mesma intensidade com que eu tinha uma vez desejada ser uma mulher. A recuperação foi difícil.  

No entanto, com base em sua experiência no tratamento de 500 transgêneros, o Dr. Ihlenfeld concluiu que o desejo de mudar os sexos provavelmente resultava de fatores psicológicos poderosos. Ele disse em 'Transgender Subjectivities: A Clinicians Guide': "o que quer que a cirurgia tenha feito, ela não cumpriu um desejo básico de algo que é difícil de definir. Conclui-se que estamos tentando tratar superficialmente algo que é muito mais profundo".

O Dr. Ihlenfeld deixou a endocrinologia em 1975 para começar uma residência em psiquiatria.
Há cerca de três anos, ao escrever meu livro 'Paper Genders', fiquei curioso e chamei Dr. Ihlenfeld para perguntar se alguma coisa tinha mudado em suas idéias sobre os comentários que fez em 1979. Ihlenfeld foi educado comigo no telefone e rapidamente disse que não, nada tinha mudado. É interessante, na atmosfera de hoje do politicamente correto, que o Dr. Ihlenfeld, um homossexual, sustente a opinião que a cirurgia de "redesignação de gênero" não é a resposta para aliviar os fatores psicológicos que levam à compulsão para mudar de sexo. Eu aprecio sua honesta avaliação clínica, da evidência e recusa em dobrar os resultados médicos a um ponto de vista político particular.

Em seguida, vamos dar uma olhada na Clínica de Gênero da Universidade Johns Hopkins, onde a moça transgênero da fofoca no New York Daily News fez sua cirurgia. O Dr. Paul McHugh tornou-se diretor de Psiquiatria e Ciências Comportamentais em meados da década de 1970 e pediu ao Dr. Jon Meyer, diretor da clínica na época, a realização de um estudo aprofundado dos resultados de pessoas tratadas na clínica.

Notas de Heitor De Paola:
(1)  Comorbidades (Comorbidity) é a presença de uma ou mais doença ou síndrome que ocorre simultaneamente com uma condição clínica primária. O distúrbio secundário pode ser de ordem mental ou comportamental. 
(2) Axis I é um dos cinco eixos considerados pelo Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders  (DSM) para determinação diagnóstica. O diagnóstico das principais perturbações depressivas geralmente estão acompanhados de distúrbios no trabalho, problemas físicos como hipertensão, tristeza e desespero.  (Psychiatric Axis I Comorbidities among 

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Escrito por Walt Heyer
Publicado originalmente em The Public Discourse.
Tradução: William Uchoa
Divulgação: Papéis Avulsos - http://heitordepaola.com