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terça-feira, 11 de janeiro de 2022

Quem chama Sílvio Navarro de racista é muito esquisito - VOZES

Bruna Frascolla

Mano Brown

Uns anos atrás, antes de se falar em cultura do cancelamento, Eli Vieira cunhou a expressão “in dubio pro hell” para descrever a conduta dos ativistas. “Na dúvida, condene ao inferno”, em vez do dito latino “na dúvida, decida-se a favor do réu.”

Há situações dúbias em que não dá para saber se a fala de alguém foi motivada por algum preconceito injusto. Eis é um fato outrora elementar da vida humana que foi completamente apagado pelo ativismo dos canceladores: as mentes dos outros são privadas, e na verdade é raro sabermos ao certo o que passa na cabeça de outrem. Hoje é normal agir como se todo mundo soubesse exatamente o que o outro está pensando, e mais: todo mundo tem certeza das intenções mais diabólicas dos outros. Não há dúvida; há a certeza da maldade.

O rapper Mano Brown faz show no Rock in Rio 2019: o jornalista Silvio Navarro fez tuíte sobre o músico, mas depois apagou e pediu desculpas| Foto: EFE/ Marcelo Sayão

É sintomático que um dito latino do mundo jurídico sirva para pensar o assunto. Afinal, julgar o caráter alheio é algo que fazemos individualmente e na vida privada. Nesse âmbito, há convicções que não podemos provar em juízo, nem devemos precisar provar em juízo. No entanto, vivemos uma situação em que a suposta falha de caráter precisa caber num tipo penal e, enquanto o Supremo não der todas as canetadas suficientes para criar tantos tipos penais quanto queiramos, o juízo moral precisa ser feito na internet por uma coletividade uniforme.

Esse tribunal, à maneira do Sleeping Giants, serve para acabar com a fonte de renda das vítimas. E como a coisa evoluiu de uns anos para cá, nem podemos mais dizer “in dubio pro hell”. Não há dúvida. Existem predestinados ao inferno e cabe encontrar um indiciozinho qualquer para mandá-lo para o andar de baixo.

O mais novo caso                                                                                       O mais novo cancelado é Sílvio Navarro. Mano Brown comunica que exigirá passaporte sanitário para o seu show.                                         Sílvio Navarro tuíta que Mano Brown bem poderia exigir a certidão antecedentes criminais em vez disso. Pausa: se você está engajado na discussão do passaporte vacinal – e o público de Sílvio Navarro está –, você sabe que volta e meia alguém sugere uma exigência mais sensata do que o passaporte vacinal a fim de mostrar a irrazoabilidade do passaporte. Dada a alta reincidência dos criminosos brasileiros, faria mais sentido proteger o povo exigindo certidão de antecedentes criminais do que as famigeradas vacinas de covid.

Quem é Mano Brown? Quanto a mim, me lembro dele por causa daquele esculacho que ele deu na cúpula petista nas eleições de 2018, dizendo que o partido não falava mais com o povão. Ele falou isso, frise-se, enquanto apoiador insatisfeito com estratégia eleitoral. No mais, sabia ser do Racionais MC’s, um conjunto de rap que não me dizia nada, porque não gosto de rap. Sabia ainda que as músicas desse conjunto estavam na bibliografia da FUVEST, porque um amigo meu, um paulista doutor em geografia, solta fogo pelas ventas toda vez que fala da bibliografia da FUVEST por causa disso. Pelas convicções dele, que já foram muito comuns e são iguais às minhas, os alunos de todas as classes sociais devem estudar língua culta, em vez de ficar com essa coisa de os mano pra lá e os mano pra cá.

Mas voltemos a Sílvio Navarro. Para a minha sincera surpresa, o tuíte de Sílvio Navarro foi tido como um evidente racismo. Para minha surpresa e também revolta, já que sou nascida e criada na Bahia e, portanto, tudo quanto é cultura negra brasileira me toca. Se há algo que possa ser chamado de “cultura negra brasileira” neste país mestiço, é a cultura de Salvador (onde nasci) e do Recôncavo (onde moro). E eu não tenho nada a ver com “os mano”, que são coisa de paulista.

No fim das contas, como Sílvio Navarro trabalha para uma empresa que demitiu Constantino sem pestanejar, não ligando para o fato de que ele jamais defenderia o estupro da própria filha, ele apagou o tuíte e fez outro, esclarecendo o que não precisava ser esclarecido e pedindo desculpas: “O tweet anterior sobre o show do Mano Brown foi apagado. Não tem absolutamente nada a ver com racismo ou estilo musical – e sim, a letras sobre violência e crime. Como a mensagem não foi clara e muita gente se sentiu ofendida, peço desculpas.”

Graças a Deus que meu custo de vida é baixíssimo. Preferiria perder o meu emprego a escrever um negócio desses. Aí eu sigo os conselhos dos meus vizinhos e vou criar galinha.

O rol de pressupostos                                                                         Vamos arrolar os pressupostos que alguém precisa abraçar para chamar Sílvio Navarro de racista. O primeiro de todos é que Mano Brown é negro. Mano Brown é da cor de ACM Neto, que, quando se declarou pardo ao TSE, teve que voltar atrás por causa de chilique do movimento negro. Mano Brown é da cor de muita gente que se considera branca e está feliz, tacando pedra em Sílvio Navarro, se sentindo salvadora dos negros. Faço um pedido ao paladino defensor dos negros: vá ao espelho. A sua cor é assim tão diferente da de Mano Brown?                                                                                                       Então por que ele é negro e você é branco? Será que o racista aqui não é você, que precisa apontar uma terceira pessoa como “o negro”?

O outro pressuposto é o de que a música feita pelo “negro” Mano Brown é a música dos negros. Não o afoxé, não o samba de roda: o rap do Mano Brown. Daí vemos o pressuposto complexo de que existe uma música negra no Brasil, e essa música é feita por negros e para negros.Mano Brown – e não o Samba Chula de São Braz – faz música negra, seu público é negro. Por isso pedir antecedentes criminais é racismo, porque só negros vão ao show do negro Mano Brown.

Música com tema do tráfico
Já mencionei que escritores fazem muito bem em morar perto de cabaré, pois dá assunto. Na porta do cabaré da minha rua junta um pequeno tráfico, e além disso há uma jukebox que toca a música que os clientes pedem. Dá pra saber quanto o cliente é traficante por causa da música. Música de peão é Zé Vaqueiro, João Gomes, Gusttavo Lima. Música de traficante lá é Robyssão, baiano, e MC Poze do Rodo, carioca.

Espiar o estilo de vida dos pequenos traficantes foi frustrante. É tudo por mulher e roupa cara. A meta deles é juntar “muito” dinheiro (em Cachoeira mil reais é muito dinheiro) e se tornar o “rei das cachorras”, ostentando roupas caras (o xing-ling da Nike) e fornecendo acesso a drogas caras (a cafeína sintética que passa por cocaína).

As letras de música refletem isso. Robyssão canta:
Quer ganhar dinheiro fácil e andar todo arrumado?/ Vem balançar.” E o tal MC Poze eu demorei a identificar. Toda hora tocava um funk, mas eu não conseguia entender o que ele estava falando para botar no Google. Felizmente ouvi esse mesmo funk em São Paulo, passando na TV num bar em área nobre, e pude perguntar quem era o artista ao dono do bar. Tratava-se da música “A cara do crime”, de MC Poze. Vocês podem assistir aqui com legendas e prestar atenção à letra, que revela algo também do estado moral da classe média.

E se você não assistir, eu conto mesmo assim que o MC Poze, um mulato, se gaba de ser “pretinho”, ter cara de criminoso, ser sempre parado em blitz e deixar os policiais furiosos, porque não conseguem descobrir nenhuma irregularidade. Na letra o eu lírico deixa muito claro que é criminoso, traficante, anda cheio de dinheiro e as patricinhas correm atrás dele. Há alguns percalços, muitos querem tomar o seu lugar, os subordinados morrem na guerra, mas tudo vale a pena. A mensagem é essa.

As letras do Racionais MC’s são no mesmo estilo. Depois de ouvir “A cara do crime”, passe a “Eu sou 157”, do Racionais. Ambas retratam vida de bandido e ambas tentam dar um verniz de crítica social. No século XXI, a sociedade não se conforma em ver o pretinho se dando bem. No século XX, era a lenga-lenga contra o sistema. As mesmas recompensas já estavam em Racionais: “Hoje eu sou ladrão, artigo 157 / As cachorra me ama, os playboy se derrete.”; “Vagabundo assalta banco usando Gucci e Versace / Civil dá o bote usando caminhão da Light”.

Devo dizer que o MC Poze compunha música para o Comando Vermelho e foi proibido pela Secretaria de Segurança Pública da Bahia de fazer um show em Salvador. Uma facção local ameaçava cravá-lo de balas e a polícia não queria confusão.

Quem é racista mesmo?
Na minha terra há muitos negros
. Há negros médicos, negros juízes, negros garis, negros traficantes. Apenas uma parcela dos negros de minha terra aprecia músicas que, no mínimo, naturalizam o estilo de vida da bandidagem e reforçam os seus valores. Racista é quem acha que o negro brasileiro é o Mano Brown.

 Bruna Frascolla, colunista - VOZES - Gazeta do Povo


segunda-feira, 3 de dezembro de 2018

Haddad, caso perdido

Petista retorna como sonâmbulo ao aposento de sempre e recoloca máscara de Lula

"Vocês repararam que o PSDB perdeu a quinta eleição seguida e a mídia conservadora jamais lhe pediu autocrítica?". A indagação de Fernando Haddad, pelo Twitter, situa-se a meio caminho entre a alienação e a má-fé. A cobrança, que não se restringe à "mídia conservadora", relaciona-se às sucessivas vitórias eleitorais do PT, não à derrota recente.

A tão necessária revisão teria que incidir sobre a política econômica que elegeu Dilma duas vezes, às custas da maior recessão da nossa história, e à corrupção sistemática, que financiou três triunfos eleitorais. Mas, para fazê-la, seria preciso uma régua política estranha ao lulismo.

Haddad parecia a muitos, inclusive a mim, um potencial deflagrador da "refundação" do PT. Engano. Sua entrevista à Folha (26/11) prova que o discurso esboçado no segundo turno era teatro eleitoral. O candidato, que engoliu a narrativa do "golpe do impeachment" por exatas três semanas, retorna como sonâmbulo ao aposento de sempre, recoloca a máscara de Lula e se exibe como líder do PT de Gleisi, Lindbergh et caterva. Lula "teria ganhado a eleição", afirma o profeta Haddad, desafiando as evidências disponíveis. A operação de transferência de votos lulistas foi um sucesso, como atestam os resultados do primeiro turno.

Todos os indícios sugerem que, no segundo, o "moderado" Haddad obteve até mesmo os sufrágios de incontáveis eleitores refratários a votar em Lula. A profecia haddadiana não é um exercício de análise contrafactual, mas um truque retórico para a reinstalação da narrativa sectária. Na entrevista, quando acusa o Judiciário e o Ministério Público de operarem sob "viés antidemocrático", Haddad retorna à lenda da conspiração universal contra o PT.


Nela, quando sugere que nossa democracia deu lugar a um "modelo híbrido", Haddad curva-se ao dogma inventado no impeachment, descrevendo o triunfo de Bolsonaro como a conclusão de um "golpe das elites". O disco de vinil riscado repete, aborrecidamente, seu verso mais tedioso. Mano Brown compareceu ao comício de Haddad, na Lapa (RJ), para dizer que "o PT não está conseguindo falar a língua do povo". Naquela hora, Haddad deu "toda razão" ao Pera, antigo "companheiro de viagem" do lulismo. Mas, diante da Folha, esqueceu o episódio, atribuindo o triunfo de Bolsonaro à "elite econômica" que "abriu mão do verniz".

O círculo narrativo se fecha: a "elite", de "viés antidemocrático", impediu a vitória certa de Lula, concluindo o "golpe do impeachment" pela imposição de um "modelo híbrido". O PT, puro e galante, organizará uma frente de defesa dos direitos sociais (a "frente popular", na linguagem emprestada do stalinismo) e uma frente de defesa dos direitos civis (a "frente democrática", na mesma chave de linguagem). De Haddad, não sai nada. Recessão econômica? Corrupção nas estatais? Defesa do falido regime ditatorial venezuelano? O PT não tem nada a rever. "Depois de tudo que aconteceu, quase tivemos a quinta vitória consecutiva", comemora Haddad.

"Fomos vítimas de uma campanha de terrorismo cultural", explica o esboço de resolução da direção nacional do partido. Por isso, "a defesa do PT exigirá um trabalho profissional de reconstrução da imagem". É coisa para as turmas do marketing, da cenografia e da maquiagem. A mistura fina de triunfalismo e vitimismo tem utilidade: serve para lacrar a direção lulista numa redoma higienizada, salvando-a da crítica de suas próprias bases.

Também tem consequências. O PT que não admite se reformar condena a esquerda brasileira a viver num gueto político e social, agarrada às reminiscências do lulismo.
Pior: a eternização de uma narrativa desmoralizada agrega nutrientes à lagoa fétida da extrema direita bolsonarista. O governo eleito tem tudo para dar errado. Mas, ao menos, tem no PT de Haddad a oposição de esquerda dos seus sonhos.

Demétrio Magnoli, sociólogo, autor de “Uma Gota de Sangue: História do Pensamento Racial”. É doutor em geografia humana pela USP.


quinta-feira, 25 de outubro de 2018

Mano Brown pôs o dedo na ferida do PT - Votar no PT, impossível! #PTNão #HaddadNunca

Mano Brown pôs o dedo na ferida do PT

Em ato pró-Haddad, o líder dos Racionais disse que o petismo ‘deixou de entender o povão’. O rapper cresceu no Capão Redondo, que já abandonou a sigla na eleição de 2016


Num palanque com Chico e Caetano, o centro das atenções foi Mano Brown. O rapper fez o discurso mais forte do ato dos artistas com Fernando Haddad. A fala surpreendeu o candidato e a plateia, que encheu a Lapa na noite de terça-feira.  O líder dos Racionais começou reclamando do clima de festa. “Não tá tendo motivo pra comemorar”, disse. Na contramão dos petistas que prometiam uma “virada”, ele admitiu que não acreditava em vitória no domingo. “Não estou pessimista. Sou realista”, justificou.

Brown criticou quem estigmatiza os eleitores de Jair Bolsonaro, que recebeu 49.276.990 milhões de votos no primeiro turno. “Não consigo acreditar que pessoas que me tratavam com tanto carinho se transformaram em monstros”, disse. Ele também detonou a comunicação da campanha do PT. “Se não tá conseguindo falar a língua do povo, vai perder mesmo”, sentenciou.

A militância começou a vaiar, mas o rapper não se intimidou. “Não vim aqui pra ganhar voto, porque eu acho que já tá decidido”, disse. Enquanto os políticos tentavam disfarçar o constrangimento, ele concluiu: “Deixou de entender o povão, já era. Se nós somos o Partido dos Trabalhadores, o partido do povo tem que entender o que o povo quer. Se não sabe, volta pra base e procura saber”.

O rapper cresceu no Capão Redondo, um dos bairros mais violentos de São Paulo. A região já foi reduto eleitoral do PT. Em 2016, abandonou a sigla e ajudou a eleger o tucano João Doria. No último dia 7, deu 36,6% dos votos para Bolsonaro e apenas 28,4% para Haddad.  Se quiser sobreviver, o petismo terá que seguir a receita de Brown.

No ano passado, a Fundação Perseu Abramo fez uma pesquisa em busca de respostas. O estudo afirma que o eleitor da periferia “passou a se identificar mais com a ideologia liberal”. Comprou a ideia de que o Estado atrapalha e abraçou o discurso que prega a meritocracia e a redução dos impostos. Na disputa presidencial, estas bandeiras foram empunhadas pelo candidato do PSL. Ontem Haddad deu razão ao rapper e começou a reconhecer o problema. “A periferia das grandes cidades não votou conosco no primeiro turno. Nós temos que reconectar com este povo”, disse.

Bernardo Mello Franco - O Globo

Mas, cá entre nós, quem conhece o PT, testemunhou seus erros e malfeitos (termo que alguns preferem para atenuar a ação da bandidagem que assaltou os cofres públicos), presenciou a arrogância de seus líderes e a tentativa de monopolizar o pensamento de esquerda (que acabou enxovalhando todo o campo democrático), não tem como, em sã consciência, votar no PT outra vez.

Mano Brown fala na cara o que todo petista precisa escutar


Será que é de um lado só que está a semente do autoritarismo? Fake news, bravatas, ameaças à independência dos três poderes, ataques a juízes e instituições, defesa de corruptos, demagogia, hipocrisia, ideias para controlar e censurar a imprensa, fanatismo, violência, ódio, intolerância?  Vamos fechar os olhos agora para os erros do PT? Vamos eleger um presidente petista para endossar tudo o que vocês praticaram e pregaram nos últimos anos, como se estivesse tudo bem no Brasil?

Então, como apelar para o bom senso, a moral e a ética, ou mesmo para um espírito democrático ou os princípios republicanos e votar no Haddad? Impossível!
Curioso é como o PT ataca os eleitores de Bolsonaro, como se a maioria dos brasileiros que vota no adversário petista neste 2º turno fosse um bando de fascistas ou ignorantes. Ora, fiéis do lulismo do meu Brasil, o eleitorado que hoje vota neste candidato boçal da direita mais chucra é o mesmo que elegeu Lula presidente duas vezes e Dilma outras duas. [grande parte dos eleitores de Bolsonaro foram eleitores do PT e inclusive votaram nas duas coisas citadas;
mas que de tanto verem líderes aquele partido roubando,  produzindo desemprego, sendo incompetente optaram por Bolsonaro - mesmo que alguns, usando do livre direito de opinião, sejam desairosos quando se referem a JAIR MESSIAS BOLSONARO, futuro Presidente do Brasil, a partir do próximo dia 28.]
 
Mudou o eleitor ou mudou o PT, traindo a confiança e a esperança que os brasileiros depositaram quatro vezes na urna, democraticamente? A ausência dessa autocrítica é que estimula muito democrata, de saco cheio do PT e igualmente avesso ao salto no escuro com Bolsonaro, a optar pelo voto nulo neste 28 de outubro.

Portanto, não busquem fora a culpa pela derrota. Assumam seus erros e responsabilidades. E, por favor, dessa vez aprendam alguma coisa (Ah, detalhe: ouçam mais o Mano Brown, meus caros petistas. Em dois minutos, ele falou na cara o que vocês não ouviram em 20 anos). PT, saudações.

Mauricio Huertas - FAP

quarta-feira, 24 de outubro de 2018

Ao lado de Haddad, Mano Brown critica PT e diz que não espera virada

Evento foi organizado para demonstrar apoio da classe artística à candidatura de Fernando Haddad à Presidência da República

Em ato para demonstrar apoio da classe artística à candidatura de Fernando Haddad (PT) à Presidência da República, na noite desta terça (23), no Rio, o rapper Mano Brown criticou o clima de festa e culpou a falha de comunicação do partido com os eleitores das classes populares pela eventual eleição de Jair Bolsonaro (PSL), que considera definida.  “Falar bem do PT para a torcida do PT é fácil. Tem uma multidão que não está aqui que precisa ser conquistada”, disse o cantor e compositor no palco montado nos Arcos da Lapa, ponto turístico do bairro boêmio do Centro da cidade.

“Não tá tendo (sic) motivo para comemorar. Tem, sei lá, quase 30 milhões de votos para alcançar. Não temos nem expectativa nenhuma para alcançar, para diminuir essa margem. Não estou pessimista, estou realista”, disse ele. “Se em algum momento a comunicação do pessoal aqui falhou, vai pagar o preço. Porque a comunicação é a alma. Se não está conseguindo falar a língua do povo vai perder mesmo”, afirmou. “Se nós somos o Partido dos Trabalhadores, tem que entender o que o povo quer. Se não sabe, volta pra base.”
“Não vim aqui para ganhar voto, porque eu acho que já está decidido”, completou.
Presente no evento, o cantor e compositor Caetano Veloso, apoiou o colega: “Eu acho que a fala de Mano Brown é muito importante, porque traz a complexidade do nosso momento”. Além deles, Chico Buarque também estava no comício

Ao discursar, Haddad disse que entendia e respeitava as críticas de Brown. “O que ele disse é sério”, afirmou, defendendo que é preciso “dar razão” às pessoas que estão votando no rival não porque confiam nele, mas porque “estão desesperadas”. “Temos que, nesta semana, abraçar essas pessoas, que sempre estiveram conosco”, afirmou o petista.
Apesar da fala de Brown, Haddad deu um tom otimista para a reta final da campanha eleitoral. No encerramento do evento, o petista disse sentir, “desde ontem (segunda-feira)”, um clima de “virada” no ar, defendeu que se “abrace” o eleitor de baixa renda que sempre votou no PT.

A mais recente pesquisa Ibope, divulgada na noite desta terça, mostrou que diferença entre os dois presidenciáveis caiu quatro pontos porcentuais. [esclarecendo que foram quatro pontos que equivalem a soma da margem de erro dos dois candidatos = que é de 2%;
Mesmo assim, a diferença permanece superior a soma dos indecisos com os que pretendem anular o voto ou votar em branco.
Por óbvio, alguns desses podem mudar de opinião, nas, se distribuindo entre os dois candidatos.
O poste petista é que tem que retirar quase 20.000.000 de votos do Bolsonaro e torcer para que o capitão também não ganha alguns milhões de votos.]

 Além disso, a rejeição ao capitão da reserva subiu enquanto a convicção de votos diminuiu.  “Vamos ganhar a eleição. Não tenho dúvida”, afirmou o ex-prefeito de São Paulo. “Bolsonaro disse em discurso transmitido na Avenida Paulista no domingo que, depois das eleições, eu teria dois destinos: a prisão ou o exílio. Resolvi derrotar Jair Bolsonaro no domingo”, disse. [percebam o desprezo que Haddad demonstra pelos eleitores do PT = declara "resolvi" e com isso considera que os eleitores, tais quase cachorrinhos balançando rabo, vão todos para onde ele mandar.
Respeita os eleitores que tentam te prestigiar: mesmo votando errado, você não pode tratá-los como cachorrinho, são petistas, mas, ainda são seres humanos.]

O petista também criticou o adversário e sua recusa a participar de debates. Numa referência à entrevista com Bolsonaro transmitida nesta terça-feira pela afiliada do SBT no Piauí, em que o rival disse que era preciso acabar com o coitadismo das minorias, Haddad subiu o tom. “Jair, se olha no espelho. Coitado é você, que não passa de um soldadinho de araque que fala grosso porque tem gente armada em volta”, afirmou.

No fim do discurso, Haddad defendeu o direito à manifestação por parte dos movimentos sociais. Dirigindo-se ao candidato pelo PSOL derrotado no primeiro turno e líder do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), o candidato do PT disse que Guilherme Boulos tem que ter o direito de se manifestar sem ser ameaçado. “No nosso governo, vá para as ruas, Boulos”, exclamou Haddad. [dois tipos de apoios ao Haddad e que ajudam o Bolsonaro:
- manifestação de personalidades tipo aquelas que assinaram manifesto contra Bolsonaro às vésperas do primeiro turno e que geraram mais votos para o capitão; (são na realidade pessoas que já foram alguma coisa e tentam fugir do ostracismo)
- outro apoio importantíssimo é o do Boulos (que cobra aluguel dos imóveis invadidos por invasores que ele comanda) - Haddad estando com 32%, sem o apoio de Boulos, passará a 32,01% apoiado pelo chefe da gang dos invasores.] 

 Estadão Conteúdo

 

quarta-feira, 31 de maio de 2017

O golpismo das celebridades em Copacabana

Quando se trata de juntar gente para dizer que o povo comparece a seus eventos, a esquerda reúne companheiros de viagem, pilotos de vôo pelos ares da utopia, figurinhas carimbadas, cantores, atores, músicos e promovem grande espetáculo. Alguma conta no exterior paga os cachês ou o crédito fica gerado e certificado para futuros resgates.



O grosso da classe artística brasileira, mais uma vez, faz o jogo do que há de pior na política. Na foto, Marcelo Freixo e o ator Wagner Moura.

Então, pequenas multidões são atraídas pela oportunidade de um show que seria totalmente grátis não fora o dever de escutar discursos políticos proferidos por pessoas cujo pouco conhecimento enche a paciência antes de encher uma xícara de cafezinho. Sem artistas e celebridades, vai-se o público. Cria-se, então, um insolúvel mistério: quem é que estava ali, mesmo? A permanência dessa dúvida nos eventos da esquerda é uma clamorosa denúncia do esvaziamento de suas pautas e de sua credibilidade.

A concentração ocorrida em Copacabana neste último domingo reuniu numa dessas aglomerações algo entre 10 mil e 30 mil pessoas. A turma do palanque queria diretas já. Ali estavam, pelo que li, Caetano Veloso, Criolo, Mano Brown, Maria Gadu, Milton Nascimento, Gregório Duvivier, Sophie Charlotte, Daniel Oliveira, Maria Casadeval, Antônio Pitanga, Bete Mendes e Zezé Motta. Não sei se alguém se deixa conduzir pelas posições políticas desse pessoal, mas o evento em si, misturando música, dança de rua e diretas já, como afirmei antes, tem o peso político de uma rolha.

Por outro lado, os oradores, ao apelarem para a ruptura com a ordem constitucional, alegam uma suposta ilegitimidade do Congresso para cumprir o preceito que determina eleição indireta se a vacância ocorrer depois da primeira metade do mandato presidencial. Ora, a legitimidade do Congresso só foi contestada pelo PT após o impeachment da presidente Dilma; e se ele é ilegítimo para cumprir o preceito constitucional e promover a eleição indireta, onde irá buscar legitimidade para alterar a Constituição e romper a periodicidade das eleições presidenciais?

Sublinhe-se: foi para evitar casuísmos golpistas, voltados a atender interesses de oportunistas como os que recheavam o palanque de Copacabana, que os constituintes de 1988 definiram a periodicidade das eleições como cláusula pétrea da Carta maior da República.
Mas não podemos querer que a turma daquele palanque entenda e se conforme com isso, não é mesmo?

Por: Percival Puggina -  http://puggina.org


terça-feira, 7 de abril de 2015

A “treta” performática do coroa Pedro Paulo, o tal “Mano Brown”, com a polícia. E, mais uma vez, Eduardo Suplicy, o pateta patético



Santo Deus! Que preguiça me dá! O sr. Pedro Paulo Soares Pereira, de 44 anos, foi preso nesta segunda pela PM por desobediência, desacato e resistência à prisão. O coroa Pedro Paulo é Mano Brown, o líder da tal banda Racionais MCs. Os policiais afirmam que ele tentou escapar de uma blitz, e ele diz que foi abordado de forma violenta. O que é fato? Sua Carteira Nacional de Habilitação está com o exame médico vencido, e o carro, em nome da mãe, está com o licenciamento atrasado.

Basta ler, como acabo de fazer, o que este coroa disfarçado de eterno adolescente rebelde pensa sobre a polícia em suas letras para constatar que é impossível demonstrar que os policiais tenham prevenção contra Pedro Paulo, mas que é muito fácil demonstrar que Pedro Paulo tem prevenção contra policiais. O episódio certamente servirá para ele voltar ao noticiário. Acho que isso garantirá shows mais lotados, mais venda de CDs e downloads na Internet. Arrumar “treta” com a polícia, no ramo de entretenimento em que ele atua, é um ativo. Nem por isso os policiais devem deixar de cumprir a sua função. 

Ele diz ter sido abordado com violência, e seu advogado alega ter um vídeo em que isso fica demonstrado. Os policiais negam. Que se apure tudo. Que carro e documentos estivessem irregulares, isso parece fora de dúvida. Pedro Paulo ganha a vida como Mano Brown, e isso é parte do seu show. Posso achar de mau gosto, mas fazer o quê? Ele que arque com as consequências de suas escolhas. Fiquei de estômago embrulhado não com ele, mas com o amostrado Eduardo Suplicy, o secretário de Direitos Humanos da Prefeitura, um ser patético, com ar de inimputável, mas nunca inocente.

Esse rabeira de celebridade acompanhou o performático senhor à delegacia. Afinal, como esquecer aquele espetáculo no Senado em que ele interpreta uma das, digamos, “canções” de Brown? Suplicy deu a seguinte declaração: “Imagino que, se houvesse civilidade por parte da PM, não precisaria disso tudo”. Sobre os documentos irregulares, afirmou: “Isso é normal. Eu mesmo já dirigi com a carteira vencida. Eu me pergunto por que tanta brutalidade contra o rapper de maior audiência no Brasil”.  O sr. Fernando Haddad mantém como secretário dos Direitos Humanos um cara que não apenas confessa ter praticado uma ilegalidade como faz a apologia dela, afirmando ser isso muito “normal”.

Mais: sem nenhuma apuração, sem investigação, sem nada, comporta-se como juiz e decreta a culpa da polícia — como faz de hábito. Achando que isso é pouco, sugere que, por ser o rapper de maior audiência do Brasil, Mano Brown mereceria um tratamento diferenciado. Por quê? Se ninguém o conhecesse, a suposta brutalidade seria justificada?
Imaginem, meus caros, numa cidade do tamanho de São Paulo, quantas são as vezes em que os direitos humanos são agredidos. Suplicy não pode estar em todos os lugares. 

Mas encontra tempo para acompanhar Mano Brown. É bem verdade que ele já fez coisa pior: na última vez em que foi visto ao lado de uma celebridade, estava ao lado do assassino condenado Cesare Battisti. A propósito: o Ministério Público não vai fazer nada diante da confissão de Suplicy e do estímulo objetivo de uma autoridade à prática de ilegalidade? Mano Brown fez da cara de mau uma profissão. Suplicy transformou em profissão aquele seu ar meio aparvalhado, mas que pode ser, como a gente vê, moralmente doloso. Mano Brown precisaria ter, parodiando Antero de Quental, 25 anos a menos de idade ou 25 a mais de reflexão. Suplicy, nos dois casos, uns 50.  PS – E para que não reste a menor dúvida: se o caso é brincar de luta do oprimido contra o opressor, a gente precisa ser claro, né? Os únicos pobres e oprimidos da história são os policiais. 

Por: Reinaldo Azevedo – Blog da Revista Veja

segunda-feira, 6 de abril de 2015

Rapper vai em cana, merecidamente, e paga fiança ridícula para ser solto - tentou furar blitz é DEVER da polícia usar da força para segurar o marginal

Mano Brown é detido; mulher de rapper diz que ele foi agredido por PMs

Músico discutiu com policiais após ser abordado na Zona Sul de São Paulo

[felizmente, para as pessoas de bem, o fato ocorreu em São Paulo. Fosse no Rio os policiais estariam sendo acusados.

O cara já é reincidente em desacato de autoridade. Ele precisa aparecer e apronta. Fosse nos tempos que o Brasil tinha ORDEM e PROGRESSO, a PM teria parado o rapper a bala.]

O rapper Mano Brown, do grupo Racionais MC's, foi detido na Zona Sul de São Paulo, nesta segunda-feira, por desacato, desobediência e resistência a prisão.

De acordo com a Polícia Militar, Mano tentou furar uma blitz na avenida Carlos Caldeira Filho, na Vila Andrade. Ao parar o veículo, a PM constatou que os documentos do rapper estavam atrasados e teve início uma discussão.

Segundo Eliane Dias, mulher e empresária de Mano, o rapper foi agredido por cerca de dez policiais militares depois do bate-boca. A Polícia Militar informou que, até o momento, não tem conhecimento da agressão. — O Mano é perseguido pela polícia. Ele foi parado, começou a discussão e primeiro foi agredido por dois policiais. Eles não aguentaram e começou a chegar mais. Foram dez PMs agredindo, inclusive uma policial feminina — contou Eliane ao GLOBO enquanto se dirigia ao 37º Distrito Policial, no Campo Limpo, onde está sendo feita a ocorrência.

A Secretaria de Segurança Pública informou que ainda não tem detalhes sobre o caso. Policiais do 37º DP informaram que o Mano será liberado após o término do registro da ocorrência.  Em julho de 2004, Mano também foi preso por desacato à autoridade. Ele foi liberado um dia depois da ocorrência após pagar fiança de R$ 60.


Fonte: O Globo